Os parlamentares discutem
adiar o primeiro turno das eleições municipais para 15 de novembro ou 6 de
dezembro, com um prazo mais curto para o segundo turno para que o processo seja
concluído neste ano, afirmou nesta quinta-feira (21) o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Pelo calendário eleitoral,
que segue as diretrizes estabelecidas pela Constituição, o primeiro turno das
eleições ocorreria em 4 de outubro, e o segundo turno, onde houver, no dia 25
do mesmo mês.
Na terça (19), o deputado
anunciou a criação de uma comissão mista, formada por deputados e senadores,
para debater o adiamento da eleição. A ideia é que não haja prorrogação de
mandato.
Maia afirmou que pretende
conversar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), até o fim de
semana para estudar o melhor modelo de participação de todos os parlamentares.
Segundo ele, pela alta
demanda, pode ser necessário um modelo de reunião do colégio de líderes
partidários das duas casas, para que se construa uma maioria em relação à
decisão de adiar ou não a eleição, e, em caso afirmativo, para quando.
"Tem aí dois períodos
que estão sendo discutidos, 15 de novembro ou o primeiro domingo de dezembro
(6) para o primeiro turno", disse. "E o segundo turno um pouco menor
para dar tempo de fazer a transição, da prestação de contas."
Eventual mudança nas datas
das eleições deve exigir a aprovação de uma PEC (proposta de emenda à
Constituição), que exige apoio de pelo menos três quintos dos deputados e dos
senadores, em dois turnos de votação na Câmara e no Senado.
Alterações eleitorais devem
ocorrer com o mínimo de um ano de antecedência, mas há uma defesa de que essa
exigência deve ser flexibilizada em situações de calamidade pública, como a
atual.
Maia afirmou ainda ser
radicalmente contra prorrogação dos mandatos. "Não vejo na Constituição
brasileira espaço para você prorrogar um dia de mandato", afirmou.
"É muito sensível do
ponto de vista institucional você abrir essa janela, porque no futuro, daqui a
dois, três, quatro mandatos, alguém pode se sentir muito forte, ter muito apoio
no Parlamento, criar uma crise e prorrogar seu próprio mandato."
O presidente da Câmara
comentou ainda os entraves para a votação do projeto de regularização fundiária
derivado da MP 910, que caducou na terça-feira.
A MP, que foi chamada por
ambientalistas de MP da grilagem, foi cercada de controvérsias. Na semana
passada, a votação foi adiada após manobra de partidos do centro que se
contrapõem ao centrão-raiz –partidos como PP, PL e Republicanos, que migraram
para a base do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Maia propôs, então, votar o
texto do projeto de lei na última quarta-feira (20). Sem acordo, no entanto, a
votação foi adiada e ainda não tem data para ser retomada.
Segundo ele, apesar de
desfeito o acordo que havia para votar a MP, seria "muito ruim para a
Câmara dos Deputados" mudar o texto do relator, deputado Zé Silva
[Solidariedade-MG], e dar uma sinalização de que estava sendo flexibilizada a
ocupação de terra no Brasil e, sobretudo, na região amazônica.
"Nós não deixaríamos ter
nenhum tipo de anistia de invadir depois", afirmou, defendendo a limitação
da regularização a até seis módulos fiscais.
"Além disso, seria dar
uma sinalização de que, de fato, nós estávamos estimulando a invasão de grandes
terras", disse. "E isso para um país que tem como seu grande
patrimônio o meio ambiente, que vai ter um valor ainda maior depois dessa pandemia
para nossa recuperação, é uma sinalização muito ruim."/bnews
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