O corpo de uma mulher foi
encontrado na manhã desta sexta-feira (28) em uma cerâmica desativada em
Canelinha, na Grande Florianópolis. Segundo a Polícia Civil, ela estava
grávida, foi morta a tijoladas e tinha cortes na barriga provocados por
estilete. A suspeita é que uma amiga da vítima tenha feito uma emboscada para
cometer o assassinato e ficar com a recém-nascida. Ferida, a bebê foi levada a
um hospital pela mulher e o marido da suspeita. Ambos foram presos.
O delegado Paulo Alexandre
Freisleben da Silva disse que a mulher confessou o crime e que ele foi
premeditado. Ele informou que não iria divulgar o nome da mulher e do marido
por causa da Lei de Abuso de Autoridade. Até as 16h, nenhum advogado havia se
apresentado para fazer a defesa dela.
A bebê foi internada no
Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. Segundo uma amiga da
vítima informou ao G1 SC, o nascimento da menina estava previsto para 22 de
setembro.
Polícia encontrou o corpo da
mulher em cerâmica desativada — Foto:
Lucas Eccel/Rádio Clube fm 88.5 Polícia encontrou o corpo da mulher em cerâmica
desativada — Foto: Lucas Eccel/Rádio Clube fm 88.5
Como aconteceu o crime
A vítima estava desaparecida
desde a tarde de quinta-feira (27). Segundo o delegado Paulo Freisleben da
Silva, ela teria sido levada até o local do crime por uma amiga.
"Ela [suspeita] disse
engravidou em outubro do ano passado e perdeu esse bebê em janeiro, mas não
comunicou aos familiares, inclusive nem teria falado para o marido, que estaria
muito empolgado com a gravidez dela. Ela manteve a alegação da gravidez e neste
período começou a cogitar o homicídio da vítima em razão da coincidências de
prazos da gestação. Ontem [quinta] ela disse pra vítima que iria fazer um chá
de bebê e convidou a vítima para participar", explicou Silva.
No entanto, a amiga acabou
levando a vítima até a cerâmica desativada, afirmando que seria um ponto de
encontro com outros convidados. No local, ela atingiu a vítima com tijoladas na
cabeça. "Depois, com um estilete fez o corte na barriga para tirar o bebê
do ventre da mãe. A ideia dela era matar a mulher e ficar com a criança",
disse o delegado.
O estilete foi encontrado no
local do crime. O corpo da vítima foi encaminhado para o Instituto Médico Legal
(IML) em Balneário Camboriú, no Litoral Norte. Ainda não há previsão do laudo
com as causas da morte, de acordo com o órgão.
"Ela [suspeita] é
extremamente fria, em momento algum ela demonstrou algum tipo de arrependimento
ou algum tipo de culpa em relação a toda a situação", afirmou o delegado.
Corpo de mulher grávida que
estava desaparecida foi localizado em Canelinha — Foto: Lucas Eccel/Rádio Clube
fm 88.5
Internações da suspeita e da
bebê
O delegado explica que depois
do crime, a suspeita teria enviado mensagens por volta das 17h de quinta para
profissionais da área da saúde simulando o próprio parto em via pública. Ela
também citou ao delegado que teria recebido ajuda de populares para conseguir
chegar até o condomínio onde reside.
Ainda de acordo delegado, a
suspeita junto com o marido foi ao Hospital e Maternidade Maria Sartori
Bastiani, em Canelinha, onde voltou a dizer que havia tido um parto e levou o
recém-nascido. Na unidade de saúde, a Polícia Militar foi acionada pela equipe
médica, por volta das 21h, por uma suspeita de lesão corporal contra uma
criança.
"Foi constatado o fato
que ela [recém-nascida] tinha cortes profundos provocados por um objeto
cortante. Diante da informação, não havendo outros indícios do cometimento de
um homicídio, apenas a lesão corporal, lavrou um boletim de ocorrência e seguiu
as atividades normais", disse o tenente-coronel da Polícia Militar Daniel
Nunes.
Nunes explica que chegou até
a suspeita após a PM receber a informação de que havia uma grávida desaparecida
e que a última pessoa que ela teve contato seria a amiga supostamente gestante,
que teria chegado até o hospital para ser atendida.
"Voltamos ao hospital e
fazendo todo o contato e uma nova entrevista com a suposta parturiente, a qual
confessou que tinha cometido o homicídio para subtrair a criança da vítima
[...] se trata de um crime premeditado para a subtração de um bebê",
disse.
O delegado explica que
durante o primeiro atendimento da mulher, a equipe identificou que ela não
tinha indícios "de ter feito um parto recente". A unidade de saúde
não informou mais detalhes do caso, mas disse que médicos e funcionários vão
prestar depoimentos durante esta tarde em Tijucas.
A criança foi encaminhada
para o Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. O delegado afirmou
que foi o marido da suspeita foi preso quando foi retirada a criança. A
Secretaria de Saúde Estadual informou que recebeu a paciente e não está
autorizada a divulgar outras informações.
Ainda de acordo com o
delegado, o casal foi autuado em flagrante por homicídio triplamente
qualificado, ocultação de cadáver e lesão corporal gravíssima na criança.
Nos próximos dias, a Polícia
Civil vai fazer diligências complementares para verificar se houve participação
de outras pessoas no crime.
Desaparecimento
A vítima estava grávida de 38
semanas e era diabética, informou a Prefeitura de Canelinha. Ela é pedagoga e
já trabalhou como professora temporária. Neste ano, ela estava trabalhando em
uma loja. Por estar no grupo de risco do coronavírus, estava afastada do
trabalho presencial.
Na quinta-feira (27), ela
saiu de casa a pé para ir em a chá de bebê surpresa, segundo Jeisiane
Benevenute, amiga da vítima desde a infância e escolhida para ser madrinha da
bebê junto com outro casal.
Sem ter notícias da amiga até
a noite de quinta, Jeisiane e a família fizeram postagens em redes sociais
informando o desaparecimento. Pela manhã, amigos e familiares souberam que o
corpo foi encontrado.
Cerâmica desativada em Canelinha onde foi encontrado o corpo de mulher grávida — Foto: Polícia Civil/ Divulgação
"A família viu ela
morta. Agora me acalmei, mas hoje de manhã quando eu soube da morte,
desabei", disse./bahiaextremosul
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