Um grupo de pescadores de Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, capturou, nesta quinta-feira (28), um tubarão-tigre. Pescado de madrugada em alto mar, o animal foi levado pelos três pescadores até a beira da praia por volta das 9h. Vídeos e fotos divulgados nas redes sociais mostram os homens arrastando o tubarão, de vários metros de comprimento, na beira do mar e o levando até o local onde foi cortado em vários pedaços, para ter sua carne e barbatanas consumidas.
“Eles pescaram em alto mar, com rede e espinhel, e mataram o tubarão a pauladas. Chegando na praia, levaram para fazer os cortes para consumo e venda”, disse o secretário de Meio Ambiente de Santa Cruz Cabrália, Fernando Ricaldi. Ele afirmou que será aberto um procedimento para apurar o fato e, se for o caso, punir os envolvidos.
Segundo Ricaldi, embora o tubarão-tigre não seja uma espécie em extinção, os pescadores podem responder por crime ambiental devido à forma como capturaram o animal. Conforme a Lei de Crimes Ambientais, abusar, maltratar ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, é considerado crime ambiental (artigo 32). A pena pode chegar a um ano de detenção, além de multa.
UMA DAS MAIORES ESPÉCIES DE TUBARÃO – Predadores como o tubarão-tigre são essenciais para a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas oceânicos, já que são eles que controlam as populações de outros animais. Apesar de ainda não ter entrado em extinção, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) considera o tubarão-tigre uma espécie quase ameaçada.
O biólogo e professor da UFSB Leonardo Evangelista Moraes disse que, pelas imagens, tudo leva a crer que se trata de um adulto, por ter mais de dois metros de comprimento, mas não foi possível identificar se era macho ou fêmea.
POTENCIAL DE RISCO PARA BANHISTAS – Segundo ele, tanto essa espécie, como o tubarão-branco, também comum no Nordeste, tem um potencial de risco para os banhistas, pois são carnívoros e bem curiosos. “Muitas vezes, eles podem fazer uma primeira investida para conhecer a presa, mas, considerando que estamos falando de um animal de mais de dois metros, uma mordida de curiosidade pode já fazer um acidente importante com um ser humano”, explicou.
Moraes destacou, porém, que, até pelo tamanho do animal, é extremamente raro ele se aproximar tanto da praia a ponto de representar uma ameaça aos banhistas. “Numa praia rasa, no local onde os banhistas estão, além de não ter alimentos que sustentem esses bichos, a profundidade muito rasa pode deixá-los vulneráveis ao encalhe”, observou.
O biólogo enfatizou que os
tubarões só representam uma ameaça real quando o banhista está em uma praia que
tenha um canal mais profundo próximo, ou em áreas de desequilíbrio ecológico,
em que os animais estão sem acesso as suas presas mais comuns. “Esses dois
casos acontecem, por exemplo, na cidade do Recife, de onde temos sempre relatos
desse tipo de encontro infeliz. Não é o caso, pelo menos até o momento, da
região de Porto Seguro e Cabrália”, comentou.
Moraes afirmou que, apesar de os tubarões serem comuns na Costa do Descobrimento, em oito anos que ele mora na região, nunca ouviu relato de acidentes envolvendo esses animais./Radar64
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