Um grupo com cerca de 20 venezuelanos foi deixado na madrugada desta terça-feira (16), na Rodoviária de Vitória, após ser trazido em um ônibus clandestino que teria saído da cidade de Teixeira de Freitas, no estado da Bahia.
De acordo com a Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb), o coletivo chegou ao local por volta das 3h.
"A vigilância da Rodoviária de Vitória informou que um ônibus clandestino, vindo de Teixeira de Freitas, na Bahia, desembarcou um grupo de cerca de 20 pessoas (venezuelanos) na rua lateral à rodoviária. A equipe fez a abordagem, permitindo que o grupo pernoitasse próximo ao ponto de táxi, uma vez que havia crianças e idosos no grupo de estrangeiros", informou a Ceturb.
Ainda de acordo com a Companhia, por volta das 5h15, o grupo se dispersou para fora das dependências da rodoviária, ao lado do estacionamento e foi atendido por equipes de abordagem social da Prefeitura de Vitória, que chegaram ao local por volta das 7h.
"Os responsáveis pela abordagem informaram aos agentes da Ceturb-ES que os venezuelanos teriam CPF e já residem no país há mais de um ano. O veículo que transportou o grupo também já teria sido identificado e as medidas cabíveis já estão sendo tomadas para esclarecer o fato", disse a Ceturb.
Um dos venezuelanos, o cacique Ruben Mata, de 37 anos, disse que eles foram embarcados no coletivo pela Prefeitura de Teixeira de Freitas.
"Em Teixeira de Freitas a assistente social e a Prefeitura pegaram os nomes de todo mundo e perguntou se queríamos vir para Vitória. Colocaram a gente no ônibus. Deixaram a gente aqui fora e o ônibus deixou a gente para trás. Ninguém falou nada. A assistente social e Prefeitura disse que Vitória seria melhor pra gente. Precisamos de trabalho", disse.
Até o momento, as autoridades policiais e a Prefeitura de Vitória não confirmaram quem seria responsável pelo ônibus e por que os indígenas foram deixados em Vitória.
Venezuelanos são indígenas, diz Ufes
A professora Brunela Vicenzi, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), acompanha o caso e disse que os venezuelanos que desembarcaram na rodoviária são indígenas e têm dificuldade para se comunicar em português.
"Eles são venezuelanos e indígenas, falando a sua própria língua que nós não conhecemos aqui. Estamos acompanhando o caso desde cedo e vamos oferecer curso de português na UFES para os que quiserem e iremos intermediar os contatos com as autoridades", informou.
A professora disse ainda que a preocupação neste momento é com o atendimento aos venezuelanos.
" O importante é que eles sejam atendidos corretamente pelas autoridades, com dignidade e abrigo. No ano passado, um grupo de 50 waraos [etnia venezuelana] esteve aqui e ficou perambulando nas ruas do estado. Tentamos à época que a Secretaria de Direitos Humanos do Estado oferecesse um lugar de abrigamento, mas sequer fomos atendidos pela Secretária. O nosso medo é que aconteça o mesmo dessa vez", disse a presidente da Comissão da Ufes.
As prefeituras de Vitória, Teixeira de Freitas e a Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDH) do estado foram procuradas para passarem mais detalhes sobre o acompanhamento do caso e não haviam retornado até a última atualização da reportagem./G1
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