O Parangolé surgiu em 1997, no bairro da Federação, mais precisamente no bar de dona Maria. Todas as tardes Adriano Nenel e Nailton se reuniam para jogar baralho e sempre ao fim das partidas, faziam um pagode. O som agradava aos que passavam pelo local, e o movimento foi se espalhando pela cidade. Com o tempo, só se ouvia o comentário: 'Que parangolé é esse que está rolando na Federação?' E assim deu-se o nome ao grupo Parangolé, que na Bahia quer dizer, festa, diversão, etc.
O cantor Tony Salles já é veterano no pagode. Mas no final de 2013 surgiu o convite para assumir a banda Parangolé, o que vai mudar, e muito, sua vida. Conte como foi o convite pra assumir o Parangolé.
Tony Salles: Foi através do empresário Marcelo Brito, no final do ano passado, com quem eu já tinha certa ligação. Aliás, por várias vezes eu tentei colocar o Raghatony na Salvador Produções. Enfim, ele me chamou pra conversar e começaram a aparecer os boatos. Ele fez enquetes, procurou saber do público, sondou artistas e radialistas, pessoas do meio, e daí eles chegaram ao meu nome. Diante disso, conversamos com firmeza e acertamos.
Quando tempo de contrato com o Parangolé?
TS: Se eu não me engano são quatro anos. Dá pra fazer uma historiazinha na banda (risos).
Não é novidade para você assumir uma banda grande, pois você já foi vocalista do É o Tchan. Qual a diferença da época em que você assumiu o Tchan para agora, que você está assumindo o Parangolé?
TS: Acho que a experiência faz toda a diferença. Na época em que eu assumi o Tchan eu estava com 21 anos, então eu era muito novo. Foi uma fase de descobertas, onde estava aprendendo muitas coisas. Até tirei muito proveito dessa fase. Hoje já me sinto uma pessoa mais madura, bem melhor em minha carreira.
O que você pretende trazer de sua trajetória na música, e principalmente do Raghatony, para o Parangolé?
Haverá mesmo o resgate do cavaquinho?
TS: O cavaquinho era uma referência do próprio Parangolé no início da banda. Temos, sim, essa idéia de trazer a originalidade da banda. Vamos colocar isso em prática. E, logicamente, vamos criar algo diferente, porque o momento pede isso. As pessoas não querem ouvir só o retrô, elas querem algo que alguém nunca tenha feito. A gente fez uma mesclagem com esse disco mais novo. Teremos regravações do Parangolé. Selecionamos algumas das grandes músicas e colocamos no disco. Teremos, claro, as inéditas, além de algumas músicas do Raghatony que eu não poderia deixar de colocar, pois conta a história mais recente de minha carreira.
Passou por sua cabeça não aceitar o convite dos empresários Marcelo Brito e Wilsinho Kraychete, da Salvador Produções?
TS: Rapaz, eu juro que no começo eu fiquei balançado, porque o Raghatony era uma banda minha. Porém, quando coloquei na balança o trabalho que se tem pra cuidar de uma banda, a responsabilidade e tal, eu aceitei. Em projeto próprio, a gente tem que se dedicar muito, pois tem o lado artístico e o lado empresarial. E eu que sou arranjador, compositor e ainda tenho que me virar para ser pai de família (risos), aí embola o meio de campo. Aí eu decidi que era melhor voltar a ser só cantor e deixar essa história de ser empresário pra lá. Engraçado é que Cal Adan, empresário do Tchan, sempre me falou que no dia que eu virasse empresário eu veria a dificuldade do outro lado. Na época eu era muito novo e não entendia muito, não tinha essa malícia. Depois eu vim sentir na pele.
Como foi que Scheila Carvalho recebeu essa notícia?
TS: Muito bem. Ela já tinha uma grande admiração pela banda. Parangolé é uma das bandas que ela gosta muito, além do Harmonia. Também, com Xanddy e Carla, né? (risos). Gosta do Psirico também. Então, quando ela recebeu a notícia ficou muito feliz.
A gente sabe que Léo Santana saiu da banda, mas continua na mesma produtora e é parceiro de vocês. Mas há uma preocupação artística em uma ruptura do que era o Parangolé com Léo e o que será o Parangolé com Tony?
TS: Então, acho que desde quando Nenel se juntou com Marcelo Brito e Wilsinho e vieram as sugestões, eles já tinham essa idéia de fazer um novo Parangolé. Lógico que tem muita coisa que eu faço e que Léo também faz, até porque somos cantores do pagode. Mas de certa forma, sim, meu interesse e da banda é esse, ter uma nova história. Por isso fiz questão de colocar algumas coisas do Raghatony, para que seja identificado que sou eu, que tenha um pouco de minha história. No show você vai perceber que vou resgatar algumas coisas do Cafuné, do Tchan, bem lá de trás. Acho que minha identidade está em cima disso e eu tenho uma história pra contar. Vou colocar isso em prática no Parangolé e naturalmente vai distinguir uma coisa da outra.
Fale mais do novo CD do Parangolé. TS: O nosso CD se chama “Baianidade Total”. A gente percebeu que a história da banda foi calcada em gíria, uma conotação grande com a linguagem baiana, e isso tem muito a ver com o CD. Se você escutar, vai perceber que essa baianidade está presente nele. A gente tem 12 inéditas e estamos trabalhando a música “Tchuco no Tchaco”, que lançamos em todas as rádios. Agora começa o trabalho pesado. Ainda não pensamos em DVD, mas temos a previsão de um clipe.
Onde será gravado e quando será lançado o clipe?
TS: O clipe vem por causa da nossa música de trabalho. Ainda não posso adiantar muitos detalhes, mas vai ser completamente diferente do que a gente está acostumado a ver no pagode baiano. Vai ser mistura de estúdio com rua. A gente percebeu que os clipes daqui estão muito repetitivos, são praticamente os mesmos lugares e as idéias se cruzam sempre. Por isso, vamos fazer algo diferente do que tá rolando.
Você não tem receio de assumir os vocais de uma banda renomada e o projeto não dar certo com você?
TS: Eu não penso nisso. Na verdade, tudo que eu faço na minha vida eu penso sempre no lado positivo. Se você for olhar o lado negativo você nem faz, nem começa. Eu sempre enxerguei o lado positivo da banda, o lado positivo de eu sair do Raghatony. Até você já disse aqui que o Parangolé tem uma projeção completamente diferente da que o Raghatony tinha. No Raghatony, eu levaria um bom tempo fazendo o trabalho com músicas, com mídia, com investimento, o que é um problema, para daí chegar ao nível do Parangolé.
E como foi a receptividade dos fãs?
TS: Foi muito positiva. A galera apoiou, até porque tenho um histórico de sair de uma banda e ir pra outra desde cedo. Pra você ter uma idéia, comecei a cantar aos dez anos de idade. De lá para cá eu já passei por muitas bandas. Eu acabei de crer que minha vida foi sempre assim, sair daqui e ir pra ali, e sempre numa crescente. E os fãs entendem isso e dizem que estão comigo aonde quer que eu vá. Isso é muito bacana e faz parte de um trabalho consolidado.
Você já falou de CD, clipe e disse que DVD não passa pela cabeça de você por enquanto. Mas a agenda de shows já está em andamento?
TS: Ah, sim. Temos shows esse final de semana em Minas e no próximo fazemos em Alagoinhas. A gente está considerando esses shows como grandes ensaios ao vivo, pois dia 17 de maio vamos fazer nosso primeiro show em Salvador na Super Chopada. Então, estamos numa expectativa muito grande pra esse dia. Não sei agora, mas há uma semana a gente tinha oito shows fechados para maio, e olhe que estamos começando a fazer a mídia e divulgar agora. O negócio vai começar a esquentar agora.
O que você promete pra essa estréia em Salvador?
TS: O que a gente não consegue mostrar no CD por conta do espaço, a gente acaba mostrando ao vivo. Então, vamos fazer um show muito especial com músicas nossas, com regravações e músicas de outras bandas.
Ainda bate o tal friozinho na barriga?
TS: Bate, sim. Não tem como ser diferente, é inevitável, pois cada show é uma emoção. No dia que não bater eu tô morto (risos).
Você falou que pretende incluir canções de outros artistas no repertório. A quem você vai recorrer pra preencher seu repertório?
TS: Ah, praticamente todo mundo. Tem Ivete, Claudinha, Filhos de Jorge, Banda Eva, Saulo, Cheiro com Vina, que tá muito bem, Carlinhos Brown, Chiclete, Timbalada, etc.
Isso tudo já vem sendo preparado nos ensaios?
TS: Sim. Até porque temos duas preocupações. Uma é com o show em palco, que dura no máximo duas horas, e outra maior é com apresentação em trio elétrico, porque você tem que ter muita garganta e perna pra dançar.
Queria que você explicasse essa polêmica do Instagram, onde você foi acuado de homofobia.
TS: (Risos) se eu fosse homofóbico eu ia começar a excluir um bocado de gente de minha família. Eu tenho parente gay, primos, etc. Não teria sentido nenhum isso, até porque a maioria dos meus fãs é homossexual. Tem gays de todos os tipos entre os meus fãs, então isso não tem nada a ver. Foi uma coisa que aconteceu, ele me pegou em um momento errado e eu dei a resposta. Porque tem aquele lance de que quem fala o que quer ouve o que não quer. Foi só isso, mas é besteira.
Mas teve repercussão nacional. Isso te incomodou?
TS: É porque notícia ruim voa, né? Se fosse uma notícia boa a gente não tava nem falando aqui agora (risos).
Mas o CD não é coisa boa?
TS: Mas só isso.
Vamos falar do clipe, projetos, shows. Aliás, fique à vontade pra falar de tudo o que for bom (risos).
TS: Tá bem. Enfim, isso não me incomodou. Eu já estou até acostumado. Ele só fez se aproveitar da situação. Já passou e não surtiu o efeito que ele queria. Ficar rendendo isso é besteira.
Ainda nos temas polêmicos, como anda o processo movido contra Kamila Simionni?
TS: Aí eu nem sei falar mais nada, pois os advogados que estão cuidando disso (risos). Eu acho que tá rolando. Eu vou ficar procurando saber disso nada.
Vocês pretendem dar continuidade aos tradicionais ensaios do Parangolé?
TS: Sim, sim. É de interesse da Salvador Produções dar continuidade, pois o Parangolé já tem esse histórico dos ensaios. Não sei se vai manter o dia e o formato, mas o ensaio vai.
Já tem novidades pra o Carnaval 2015 ou está muito cedo pra falar?
Tá cedo, mas posso adiantar que estaremos muito em Salvador. Precisamos fazer isso por causa desse recomeço.
Lembrando que essa foi uma entrevista que o vocalista “Tony Salles” concedeu ao site Bahia Notícias.
Fotos: Cláudia Cardozo/ Bahia Notícias
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