O ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Jaques Wagner, disse hoje (29) que pelo Palácio do Planalto recebeu com naturalidade a notícia do rompimento do PMDB com o governo. Para o ministro, o anúncio chega em "boa hora" e abre a oportunidade de "repactuar" o governo com outras forças políticas. Segundo ele, ao mesmo tempo em que perde um "parceiro importante", a presidenta Dilma Rousseff já promove conversas no sentido de abrir espaço para novos aliados.
"O governo recebe com naturalidade a decisão interna do PMDB, agradece todo esse tempo de colaboração que tivemos ao longo desses cinco anos e meses com o governo da presidenta Dilma", disse Jaques Wagner.
Nesta terça-feira (29), o Diretório Nacional do PMDB decidiu deixar a base aliada do governo da presidenta Dilma Rousseff e anunciou que os ministros do partido deverão deixar os cargos. Ontem (28), Henrique Eduardo Alves, que ocupava uma das sete pastas do partido no governo, deixou o comando do Ministério do Turismo.
Jaques Wagner informou que a presidenta terá uma reunião nesta noite com o núcleo duro do seu governo, da qual poderá participar o ex-presidente da República e indicado para chefiar a Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva, e que até sexta-feira (1º) deve haver novidades sobre o que chamou de repactuação.
Segundo Wagner, a agenda do governo nesta nova fase será conquistar votos para conseguir barrar o processo de impeachment que tramita no Congresso Nacional contra Dilma, classificado por ele de golpe. "Impeachment sem causa é golpe", disse. Sobre quais ministros da legenda devem permanecer no governo, Jaques Wagner disse que não sabe ainda, e que a presidenta não conversou com ele após a decisão do PMDB.
"Depende dos ministros e depende da presidenta. Ela está analisando a decisão. O que para nós interessa é que se abriu espaço para uma repactuação do governo. Alguns já falam até internamente em uma nova fase do governo, em que sai um aliado de longa data, [e] mantêm-se outros aliados. Acho que foi bom que [o PMDB] tomasse [a decisão] antes da votação [do processo de impeachment] porque dá oportunidade para a presidenta Dilma repactuar o governo, não apenas para a votação que aproxima, mas repactuar seus dois anos e nove meses que lhe restam", afirmou.
Agenda positiva
O ministro disse estar "confiante" de que essa será uma oportunidade para uma "boa caminhada" de Dilma, e citou alguns eventos que vão constar na agenda do governo para superar a crise, como o lançamento da terceira etapa do Programa Minha Casa, Minha Vida, uma "pauta extremamente positiva" para a indústria e a construção civil.
De acordo com ele, a presidenta também poderá receber representantes de artistas e intelectuais que têm programado manifestações contrárias ao impeachment para os próximos dias. "Hoje há um grande ponto de unidade de segmentos cada dia mais numerosos no Brasil, que é luta pela democracia e a manutenção do nosso roteiro de constitucionalidade. Na nossa opinião, esta é a bandeira maior: a luta pela democracia", afirmou.
Na semana passada, a presidenta Dilma recebeu dezenas de juristas no Palácio do Planalto, e fez um dos seus discursos mais inflamados, classificando o processo de impeachment de golpe e dizendo que jamais renunciará.
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