O mexicano Jorge M. foi
visitar a namorada ao meio-dia, almoçou com ela e sua mãe. Infelizmente para
ele, a comida foi mais pesada do que estava habituado a comer. Pouco depois seu
corpo começou a fabricar gases, com vergonha de peidar em frente a namora e a
mãe dela, Jorge ficou prendendo os gases, por volta das 20 horas, Jorge, não
suportando mais as dores, caiu no chão segurando o estômago.
A namorada de Jorge chamou a
ambulância e levou-o para o hospital. Infelizmente, eles não podiam fazer nada
por ele e morreu uma hora depois.
A razão? Segundo o Dr. Jesus
Cazares, que recebeu Jorge na sala de emergência, o jovem tinha divertículos no
intestino grosso, que são causados por retenção de gases por longos períodos de
tempo, este por sua vez, causou uma peritonite, e, posteriormente, a morte.
Eliminar flatos, conhecido
popularmente como pum, é normal e acontece a todo mundo. Porém, em alguns
casos, o excesso de gases intestinais pode ser bastante incômodo,
principalmente se ele estiver associado a sintomas como dor abdominal,
distensão do abdômen, flatulência excessiva e com odor desagradável ou arrotos.
Em geral, o excesso de gases
intestinais costuma estar relacionado à dieta, mas ele pode ser um sinal de
alguma doença do trato gastrointestinal, como, por exemplo, a síndrome do
intestino irritável.
DE ONDE VÊM OS GASES?
Os gases intestinais são
basicamente produzidos pelas milhões de bactérias que vivem no nosso trato
digestivo e participam do processo de digestão. O gases intestinais são
produzidos principalmente após metabolização de carboidratos, gorduras e
proteínas ingeridas nos alimentos.
No caso dos gases no
estômago, a origem principal é o ar engolido durante as refeições. Nós não
reparamos, mas durante as refeições engolimos volumes enormes de ar. Também é
comum haver deglutição de ar quando se mastiga um chiclete ou se fuma um
cigarro. Outra fonte de gases estomacais são as bebidas gaseificadas.
Grande parte do gases
deglutidos são eliminados através das eructações, conhecidas popularmente como
arrotos. Porém, se o paciente tem o costume de deitar após as refeições, estes
gases apresentam mais facilidade em seguir o caminho em direção aos intestinos
do que retornar ao esôfago (já notou como é muito mais fácil arrotar quando se
está sentado ou em pé em vez de deitado?), aumentando a eliminação de flatos.
QUAIS ALIMENTOS CAUSAM MAIS
GASES INTESTINAIS?
Alguns tipos de carboidratos
são mais difíceis de serem digeridos no intestino delgado e, por isso, chegam
em grande quantidade ao cólon, onde são metabolizados pelas bactérias. Os
principais carboidratos mal digeridos são os oligossacarídeos.
Os alimentos que mais causam
gases intestinais são:
– Feijão.
– Ovos.
– Cerveja (escura).
– Leite.
– Batata.
– Milho.
– Farelo de trigo.
– Brócolis.
– Aspargos.
– Alho.
– Repolho.
– Bebidas gaseificadas.
– Couve-flor.
– Cebolas.
– Refrigerantes.
Falta de exercício físico,
constipação intestinal, intolerância à lactose e alterações da flora bacteriana
dos intestinos por uso de antibióticos também podem causar aumento da produção
de gases. Sexo anal passivo é outra causa.
O enxofre, que causa o odor
desagradável do pum, normalmente é produzido após ingestão de proteínas. A
carne de porco, por exemplo, costuma causar flatos com cheiro forte.
Ansiedade pode acelerar o
transito intestinal, levando mais alimentos mal digeridos ao cólon, fornecendo
mais substrato para as bactérias que produzem gases.
QUANDO O EXCESSO DE GASES
INTESTINAIS PREOCUPA?
Estudos mostram que a maioria
dos pacientes que se queixam de excesso de gases intestinais, na verdade
apresentam a mesma quantidade de gases que a média da população. Este paciente
têm é uma maior sensibilidade à presença de gases.
Eliminamos em média 500 a
1500 ml de gases através dos flatos. Por exemplo, um paciente pode se sentir
desconfortável se sua eliminação diária de gases for normal, mas próxima de
1300-1500 ml. Às vezes, uma dieta mais cuidadosa pode reduzir a produção de
gases para menos de 1000 ml por dia, fazendo com que o mal-estar passe.
Resumindo: não é preciso ter excesso de gases, para se sentir com excesso de
gases.
Pacientes com síndrome do
intestino irritável ou com dispepsia funcional costumam tolerar mal pequenos
aumentos na produção de gases intestinais.
Na grande maioria dos casos,
o excesso de gases intestinais não indica nenhuma doença, não importando se há
ou não odor forte. Os sinais de gravidade estão na presença de outros sintomas
associados, como perda de peso, diarreia crônica, anorexia, anemia,
sangramentos e dor abdominal Nestes casos, uma visita ao médico é indicada.
TRATAMENTO DO EXCESSO DE
GASES INTESTINAIS
O modo mais fácil de
controlar os gases intestinais é através de uma dieta cuidadosa. Evite
alimentos que sabidamente agravam seus sintomas. Estes podem incluir
lacticínios, algumas frutas e legumes, cereais integrais, adoçantes artificiais
e refrigerantes. Uma dica em relação ao feijão é deixá-lo de molho durante a
noite e trocar a água antes de cozinhá-lo.
Mantenha um registro de
alimentos e bebidas que você ingere para conseguir identificar quais as comidas
são mais incômodas. O que pode causar gases em mim, não necessariamente causará
em você e vice-versa.
Além de equilibrar a dieta,
também é importante praticar exercícios e reduzir o estresse.
Existem pastilhas de carvão
ativado, à venda em farmácias, que ajudam a neutralizar os gases intestinais.
Mas atenção: se você toma medicamentos regularmente, o carvão ativado pode
inativá-los, sendo contraindicado nesses casos. Um medicamento chamado Beano
ajuda a diminuir os gases intestinais. A famosa Simeticona (antiga Dimeticona)
não parece ser muito efetiva, não demonstrando bons resultados nos estudos
científicos. O salicilato de bismuto é uma opção para quem se queixa de flatos
com mau cheiro.
Já existem no mercado
brasileiro cuecas e calcinhas feitas com tecidos que absorvem o pum, diminuindo
a passagem do seu cheiro. Uma delas é chamada de Under-Ease. Algumas vêm
acolchoadas, reduzindo também o barulho dos flatos.
No caso dos arrotos
(eructações) a principal causa é o ar engolido durante as refeições. Quanto
mais rápido se come, maior é a quantidade de ar deglutido. Engolir saliva,
fumar, mastigar chicletes e falar enquanto come também causam deglutição de ar.
Obviamente bebidas gasosas aumentam as eructações.
Pessoas ansiosas apresentam
deglutição de grande quantidade de ar, chamado de aerofagia, que causa
desconforto abdominal por distensão do estômago, que por sua vez, leva a mais
ansiedade. O controle da ansiedade alivia os sintomas do excesso de gases.
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