Em evidência no noticiário
político nos últimos dias devido à tatuagem que fez com o nome do presidente
Michel Temer, o deputado federal Wladimir Costa (SD-PA) afirmou à reportagem
que irá “sepultar a carreira política” caso seja condenado pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) pelo crime de peculato.
O deputado é réu no STF desde
2010, junto com Wlaudecir Antônio da Costa Rabelo, irmão dele, sob a acusação
de ter ficado com dinheiro que teria como destino inicial servidores fantasmas.
Na sexta-feira passada, 28, a Procuradoria-Geral da República enviou ao STF as
alegações finais na ação penal e reiterou o entendimento de que Costa cometeu o
crime.
O relator atual do caso é o
ministro Edson Fachin, que deverá agora abrir prazo para a última manifestação
da defesa antes do julgamento. “O que eu tenho de falar é que eu renuncio o meu
mandato, sepulto a minha carreira política, se o MPF, se a PGR, os peritos da
PF provarem que realmente houve depósitos de origem delituosa ou escusa”,
afirmou o deputado ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do
Grupo Estado.
Segundo o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, os elementos colhidos no curso da instrução da ação
penal “formam um consistente mosaico probatório que revela o esquema criminoso
capitaneado por Wladimir Costa, com o auxílio de seu irmão Wlaudecir Antonio da
Costa Rabelo, para desviar, em proveito próprio, recursos públicos da Câmara
dos Deputados no período de 25/02/2003 a 30/03/2005”.
“Na execução dos delitos,
Wladimir Costa contou com a ajuda de seu irmão Wlaudecir Costa, que, embora não
ocupasse cargo ou função na Câmara dos Deputados, exercia papel de fundamental
importância na engrenagem criminosa, incumbindo-lhe arrecadar os salários
indevidamente recebidos pelos servidores fantasmas arregimentados na equipe da
Banda Wlad e TV RBA”, disse Janot.
Janot relembrou que a
denúncia tem relação com uma reclamação trabalhista de autoria de Fabio Lopes
Maria contra o deputado. Fabio Lopes Maria dissera que, em janeiro de 2003,
“assumiu” como “laranja” a atividade de assessor parlamentar de Wladimir Costa.
Ele disse que nunca pisou em
Brasília e que repassava o dinheiro ao deputado por meio do irmão, Wlaudecir. O
deputado Wladimir Costa, em defesa própria, salienta que Fabio Lopes Maria
mudou de versão.
“Foi um único assessor que já
declarou lá no Pará que foi orientado pelo advogado para falar aquilo junto à
justiça do trabalho somente para eles ganharem uma causa trabalhista. Eu entrei
na justiça, e ele pediu para se retratar na justiça. E, no depoimento, ele
falou que foi induzido pelo advogado”, disse o deputado.
Sobre a mudança da versão
pelo assessor parlamentar, Janot afirma que “a decisão de recebimento da
denúncia bem anotou que não se pode descartar a hipótese de ter o declarante
ficado intimidado diante da ameaça de sofrer uma sanção penal, em razão da
queixa crime que o Deputado denunciado moveu contra ele”.
O procurador-geral também diz
que não se pode descartar que “a proposta de acordo apresentado pelo
parlamentar ao ex-assessor na esfera trabalhista exigia também a desistência da
queixa crime ajuizada pelo deputado Wladimir Costa”.
Depósitos
Janot destaca que, nas
investigações, verificou-se que “o deputado Wladimir Costa recebeu reiterados
depósitos em espécie que totalizaram a quantia de R$ 265 mil, entre abril/2003
a março/2005, enquanto que, nesse mesmo período, o total de rendas líquidas
auferidas por seus três assessores atingiram o montante de R$ 210 mil”.
Ele cita um laudo da perícia
criminal, que apontou que “nesses casos, além da coincidência de datas, chama
atenção também a coincidência entre os valores sacados em espécie pelos
assessores no período investigado (R$ 213,5 mil) e os valores depositados em
espécie na conta do deputado federal Wladimir Rabelo (R$ 216 mil)”.
O deputado afirma que não
recebeu depósitos de pessoas físicas, mas da própria Câmara.
“Tudo aquilo que peritos da
PF teriam visto eram apenas indícios e não objetos de prova, e já foi
contestado pela Caixa Econômica federal. A Caixa prova que o que eles apontaram
é oriundo de depósitos da Câmara de Deputados, 100% dos depósitos foram feitos
pela Câmara, não tem de pessoa física nem de nada, é apenas depósito da Câmara,
ressarcimento de combustível, hospedagem e transporte”, disse.
“Respeito a posição da PGR,
até porque eu não esperava o contrário, porque a gente não vê a PGR mesmo com
indícios de inocência pedir a inocência de ninguém. Você pode ter 99,9% de
provas que lhe absolvem, mas a PGR ainda pede condenação. Eu desafio qualquer
autoridade que prove que houve um único centavo escuso. Estou pronto para ser
julgado como qualquer cidadão, acreditando na idoneidade e na decência por
parte dos ministros do Supremo”, finalizou o deputado./abril
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