Não é nenhuma novidade que o
secretário da Educação de Itanhém, Álvaro Pinheiro, recorre sempre aos
microfones de sua emissora de rádio para tentar convencer a população de que as
decisões político-administrativas dele e de sua irmã Zulma Pinheiro – que é a
prefeita da cidade – estão corretas.
Durante todo o tempo que ele
e sua irmã estão à frente do Executivo Municipal sempre foi assim. Todas as
vezes que a coordenadoria da APLB (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do
Estado da Bahia) decidiu por fazer algum movimento em defesa de seus direitos,
paralisação ou greve por tempo indeterminado, como é o atual momento, o
secretário determina ao radialista de sua confiança, Silas Gama, que o
entreviste durante a programação matinal que, em tese, tem uma maior audiência.
Nesta semana, já acostumado
ao pensamento do chefe, o radialista, que por sinal é sempre o escolhido da CDL
como o melhor de Itanhém, protagonizou a cena mais bizarra que o radialismo viu
nos últimos tempos. Silas Gama desmereceu a mais importante e honrada profissão
do país e, nos microfones, para gregos e troianos ouvirem fez comparações
esdrúxulas, próprio de quem não tem o mínimo de respeito “por aqueles que
constroem nosso país”, os professores, como sabiamente afirmou o senador
Cristovam Buarque.
O radialista da confiança de
Álvaro Pinheiro criticou a greve por tempo indeterminado dos profissionais da
educação e defendeu que o município deveria descontar os dias que não houver
aula do salário dos professores.
“E quem é que está sendo prejudicado?
Os alunos”, disse o radialista em seu programa matinal. “Já pensou também na
realidade, se o município dentro da lei, por cada dia de greve descontasse
também do salário, aí sim, iria doer no bolso e alguém iria pensar melhor antes
de fazer a greve, a própria categoria”, defendeu.
Silas Gama defendeu ainda que
o pagamento em dia dos vencimentos seria o suficiente para os professores
estarem na sala de aula e insinuou que o gasto que o município faz com a
categoria é muito alto.
“Porque do jeito que o
professor está cobrando direito, o município tem [também] direitos e deveres.
Se está arcando, tirando de todos os setores para cumprir com o compromisso de
pagar 400 professores, uma folha altíssima, está cumprindo com o salário”,
argumentou.
Para o radialista da emissora
de Álvaro Pinheiro o salário do professor não está ruim.
“Um professor que dá um
turno, 13 horas por semana, ganhando mais de R$ 1.200, tá ruim?”, questionou.
“Tá ruim é pra o pai de família que trabalha mais de 8 horas de relógio no sol
pra ganhar R$ 937”, comparou, esquecendo-se de que o valor do salário mínimo,
na verdade, é R$ 954 e que, na atualidade, o relógio é o único instrumento
existente para marcar o tempo.
Silas Gama fez questão de
comparar o trabalho do professor com o serviço de um vaqueiro para justificar
que o salário da educação não está ruim.
“Vou dar o exemplo do
vaqueiro. Sabe que horas o vaqueiro levanta pra poder ganhar 937 por mês? Ele
levanta 4 horas da manhã e trabalha até às 6 horas da noite. Quantas horas já
foram aí? Mais de 14 horas por dia ele trabalha para ganhar R$ 937. Tira leite
e trabalha até às 6 horas, é a hora que ele tira a cela do cavalo e vai tomar
um café. Não é brinquedo não!”, comparou.
O radialista usava os
microfones do seu programa para opinar sobre a situação da greve dos
professores e, paradoxalmente, no final de seu posicionamento disse que não
estava falando como comunicador e sim como pai de duas crianças que estudam em
escolas da rede municipal de ensino, como que se fosse possível desvincular,
naquele momento, uma situação da outra.
“Não estou falando como comunicador
não, estou falando como pai de família que tem duas filhas na escola, não estou
falando como locutor da 101,5 [FM] não”, foi paradoxal.
Para finalizar, o radialista
incentivou os pais de alunos a fazerem uma passeata para cobrar o retorno das
aulas.
“Agora quem tem que fazer uma
passeata na rua para cobrar os benefícios não são os professores não, são os
pais de família e as mães de família para cobrar a volta das aulas”,
sugestionou.
Se estão com o salário em dia tem que cumprir o compromisso da
aula com o aluno, mas não prejudicar o aluno mais do que já está sendo
prejudicado”, encerrou./aguapretanews
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