A candidata derrotada à
Presidência Marina Silva (Rede) declarou, em comunicado divulgado nesta
segunda-feira (22), "voto crítico" no presidenciável Fernando Haddad
(PT).
Uma pesquisa Datafolha
divulgada no dia 10 de outubro mostrou que os eleitores de Marina eram mais
favoráveis a um apoio dela a Haddad —37% escolheram o petista e 18%, o capitão
reformado. Outros 33% votariam branco ou nulo e 11% não souberam dizer.
No primeiro turno, Marina
teve cerca de 1% dos votos válidos (1.069.577). "Sei que, com apenas 1% de
votação no primeiro turno, a importância de minha manifestação, numa lógica
eleitoral restrita, é puramente simbólica. Mas é meu dever ético e político fazê-la",
disse.
Marina Silva ficou em oitavo
lugar na corrida presidencial. Foi a pior derrota nos três pleitos que
disputou. No comunicado de apoio ao petista, ela afirmou que a campanha do
candidato Jair Bolsonaro (PSL) é um perigo à democracia, ao meio ambiente, ao
respeito à diversidade e aos direitos civis.
"Vejo no projeto
político defendido pelo candidato Bolsonaro risco imediato para três princípios
fundamentais da minha prática política: primeiro, promete desmontar a estrutura
de proteção ambiental conquistada ao longo de décadas. Chega ao absurdo de
anunciar a incorporação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da
Agricultura.
Segundo, é um projeto que
minimiza a importância de direitos e da diversidade existente na sociedade,
promovendo a incitação sistemática ao ódio, à violência, à discriminação. Por
fim, em terceiro lugar, é um projeto que mostra pouco apreço às regras
democráticas, acumula manifestações irresponsáveis e levianas a respeito das
instituições públicas e põe em xeque as conquistas históricas desde a
Constituinte de 1988", disse Marina.
O capitão reformado já
informou que pretende unir dois ministérios: Meio Ambiente e Desenvolvimento
Agrário. Se eleito, o cotado para assumir a pasta é o amigo Luiz Antonio Nabhan
Garcia, 60. Após o resultado do primeiro turno, Marina chegou a dizer que tinha
"fortes críticas" a Haddad, mas via no candidato do PSL um perigo
para grupos vulneráveis.
A ex-candidata também colocou
como ponto decisivo para o apoio ao petista a consciência cristã. "A pregação
de ódio contra as minorias frágeis, a opção por um sistema econômico que nega
direitos e um sistema social que premia a injustiça, faz da campanha de
Bolsonaro um passo adiante na degradação da natureza, da coesão social e da
civilização.
Não é um retorno genuíno ao mandamento do amor, é uma indefensável
regressão e, portanto, uma forma de utilizar o nome de Deus em vão."
Minutos após a divulgação do
apoio de Marina Silva, Haddad publicou em suas redes sociais que ficou honrado
"por tudo que ela representa e pelas causas que defende".
"Nossa convivência como
ministros foi extremamente produtiva e até hoje compartilhamos amizades de
brasileiros devotados à causa pública. Esse reencontro democrático me enche de
orgulho", escreveu o petista. Dentre os atores políticos que Haddad
tentava atrair para uma frente democrática contra a candidatura de Bolsonaro,
Marina era a que menos despertava expectativa de aderência nos petistas.
Eles alegavam que a
ex-senadora estava "muito magoada" e "agressiva" em relação
ao PT desde a eleição de 2014 —quando a equipe de Dilma Rousseff fez uma
campanha pesada para desconstruir a candidatura de Marina, que chegou a liderar
a corrida pelo Planalto, mas acabou fora inclusive do segundo turno.
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