O ex-ministro da Justiça e
Segurança Pública e ex-juiz federal Sérgio Moro afirmou nesta quinta-feira
(16/07) que sua gestão não conseguiu avançar no combate à corrupção e alegou
"falta de vontade política maior", não só do Executivo, como também
dos outros poderes.
"Acho que avançamos no
combate ao crime organizado. Mas é necessário reconhecer que, no enfrentamento
à corrupção, na agenda anticorrupção, ela não conseguiu avançar, por diversos
fatores. Seja, basicamente, com a falta, na minha opinião, de uma vontade
política maior. E aqui não falo apenas do poder Executivo, mas de outros
poderes igualmente", assinalou o ex-ministro.
De acordo com Sérgio Moro,
aprimorar os mecanismos de combate à corrupção no país é necessário também para
o crescimento e avanço da agenda econômica.
"O combate à corrupção
tem que ser visto em cenário maior. Eu nunca dei uma sentença para condenar
alguém por satisfação pessoal. Fiz porque era meu dever. Temos que pensar a
Justiça não como algo divino, mas é um dos fatores que limam a produtividade da
nossa economia", completou.
Em live com empresários do
Lide (Grupo de Líderes Empresariais), Moro também defendeu um mandato fixo para
o diretor-geral da Polícia Federal e para o Procurador-Geral da República
(PGR), cujos cargos são escolhidos pelo presidente da República: "Espero
que haja vontade política para implementarmos as mudanças necessárias, ainda
mais nesse momento da pandemia. Mas tenho minhas dúvidas a respeito."
"Podemos pensar em ter
mecanismos de proteção para a PF, para a Polícia Civil, a Procuradoria-Geral da
República, é uma pauta antiga. Mas a minha opinião é que um mandato para o
diretor da PF diminuiria essas situações de tensão. Temos que lembrar que não
podemos contar com a virtude dos homens públicos em toda e qualquer
circunstância. Precisamos ter mecanismos de restrições de decisões [de
interferência do Executivo em cargos]", completou o ex-ministro.
Moro deixou o cargo no
governo do presidente da República, Jair Bolsonaro, após um desentendimento em
que Bolsonaro decidiu pela demissão do então diretor-geral da PF, Maurício
Valeixo. A exoneração foi publicada no Diário Oficial com a assinatura de Moro,
mas sem ele estar sabendo da mudança, conforme relevou quando saiu do
ministério.
"Gostaria de fazer um esclarecimento.
Eu saí do governo e declinei os motivos, não era minha intenção que fosse
instalado um inquérito [no STF, para apurar a ação de Bolsonaro no caso]. Essas
críticas que eu faço transcendem ao atual governo no que se refere à agenda
anticorrupção", disse Moro.
Candidatura à Presidência da
República
Durante o evento, o
ex-ministro não descartou e nem confirmou que seria candidato à Presidência da
República.
"2022 está muito longe,
não sabemos nem como o país vai chegar lá, se chegar bem eventualmente é porque
teve um bom governo e isso vai ter consequências eleitorais", disse Moro.
"Precisamos ter conversas mais robustas para quem ser candidato ter
projeto de país. Estamos saindo de uma década perdida de crescimento.(...) os
problemas que tínhamos antes [da pandemia] não vão sumir com a pandemia",
salientou./zerohoranews
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