Na busca por uma solução para
a Covid-19, doença que parou o mundo e já matou mais de 500 mil pessoas, uma
das áreas da ciência que mais produz conhecimento ultimamente é a que está
voltada para a descoberta de um medicamento capaz de parar a infecção, diminuindo
a velocidade de replicação do coronavírus dentro do corpo humano, ou ajustando
a resposta imunológica do organismo para lidar com a ameaça. Enquanto alguns
remédios estão sendo testados, um deles se tornou comum entre brasileiros que
procuram prevenir a doença: a ivermectina.
O medicamento, que tem uso
descrito em bula para tratamento de piolhos, ficou popular. Porém, de acordo
com o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de
Infectologia (SBI), tudo começou com fake news. “Devido a informações erradas,
disseminadas por pessoas sem compromisso com evidências científicas, vivemos a
pandemia de COVID-19 e a pandemia da desinformação” diz.
Os únicos testes científicos
feitos até o momento com o remédio demonstraram que o medicamento funciona
apenas in vitro. “A ivermectina mostrou ação nos tubos de ensaio, em
laboratório. O mesmo já aconteceu antes, com outros vírus, como zika,
chikungunya, influenza (gripe), HIV. Porém, o medicamento teve nenhuma eficácia
comprovada em humanos”, explica o infectologista.
Pesquisas
De acordo com a plataforma
Clinical Trials, que mostra estudos clínicos feitos ao redor do mundo, há 32
pesquisas sendo feitas com ivermectina — duas delas no Brasil, inclusive. A
maioria dos levantamentos está ainda em fase de recrutamento de voluntários, e
muitos esperam resultados apenas para dezembro de 2020 ou 2021. Apenas dois
estudos foram concluídos, um na Universidade de Bagdá, no Iraque, e outro no
hospital universitário Xi’an Jiaotong, na China, com pacientes de Bangladesh.
Nenhum dos dois teve resultados publicados até o momento.
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) se posicionou sobre o assunto na última quinta
(9/7), afirmando que não há recomendação para a utilização da ivermectina em pacientes
infectados ou mesmo como forma de proteção.
“Não existem, ainda,
resultados conclusivos sobre a eficácia da ivermectina no combate à Covid-19.
Também não existem dados que indiquem qual seria a dose, posologia ou duração
de uso adequada para impedir a contaminação ou reduzir a chance de gravidade da
doença. Os resultados encontrados in vitro não podem ser tomados como
verdadeiros in vivo (em humanos)”, diz a nota.
O órgão alerta ainda para os
problemas de se usar medicamentos sem orientação médica, e lista os eventos
adversos relacionados ao uso de ivermectina. Os pacientes podem apresentar
diarreia e náusea, astenia, dor abdominal, anorexia, constipação e vômitos; em
relação ao sistema nervoso central, podem ocorrer tontura, sonolência, vertigem
e tremor. As reações epidérmicas incluem prurido, erupções e urticária.
“Ressaltamos que a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde”,
esclarece o documento.
O infectologista Weissmann
lembra que, para evitar a infecção pelo vírus, as únicas recomendações que têm
eficácia comprovada são o distanciamento social de pelo menos dois metros de
outras pessoas, uso de máscaras de proteção, higienização frequente das mãos e
a cobrir o nariz e boca ao tossir e espirrar./metropoles
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