A vacina de Oxford/AstraZeneca seguiu o caminho planejado e chegou por volta das 22h desta sexta (22) no aeroporto do Galeão, na zona norte do Rio de Janeiro, depois de sair da Índia e passar pelo aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
As 2 milhões de doses aguardadas desde a semana passada no país agora serão escoltadas pela Polícia Federal para um depósito da Fiocruz, onde técnicos do instituto farão a checagem dos produtos e rotulagem dos frascos com informações em português.
A previsão é de que esse trabalho
dure cerca de 15 horas e aconteça na madrugada e na manhã deste sábado (23),
para que à tarde a vacina comece a ser distribuída aos estados. Segundo o
ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, todos receberão os imunizantes até 24
horas após o início da distribuição, ou seja, até domingo (24).
O transporte interno das doses, feito pela Azul, foi acompanhado por Pazuello e pelos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e das Comunicações, Fábio Faria. Em um breve pronunciamento em Guarulhos, eles defenderam a condução do governo Jair Bolsonaro no processo conturbado para a importação da Índia.
Pazuello não detalhou quantas doses serão enviadas para cada estado, mas disse que foi acordado com os governadores que o Amazonas receberá 5% delas, já que a região tem hoje situação mais grave do país.
O ministro disse que o governo federal está empenhado em seu trabalho para "salvar vidas".
"Nosso país jamais será dividido, nenhum brasileiro é mais importante que outro. Nenhum estado é mais importante que o outro", disse, após a batalha política com o governador paulista, João Doria (PSDB), que comprou as primeiras doses no ano passado e permitiu o início da imunização.
Agora o Brasil tem duas vacinas: a de Oxford/AstraZeneca e a Coronavac, que tem 6 milhões de doses importadas já sendo aplicadas desde segunda (18). Ambas tiveram seu uso emergencial aprovado pela Anvisa no último domingo (17).
“Quando aplicarmos essas primeiras 8 milhões de doses nós já passaremos a ser o segundo país do ocidente que mais vacinou. Passaremos daquele último lugar que não tinha vacinado para o segundo, atrás apenas dos Estados Unidos”, afirmou Pazuello em um segundo pronunciamento no Galeão.
Nesta sexta, o Instituto Butantan teve mais 4,8 milhões de doses envasadas nacionalmente aprovadas pela agência, que também devem ser distribuídas nos próximos dias.
Tanto as doses recebidas nesta semana quanto estas entregues agora, porém, não devem demorar muito para acabar. Levantamento feito pela Folha nesta quinta mostrou que 17 das 27 capitais planeja terminar de ministrar as primeiras doses até o fim da próxima semana, dia 31 de janeiro.
A maioria dos estados e cidades está reservando metade das remessas da Coronavac para a segunda dose daqui a duas a quatro semanas. A vacina de Oxford, por outro lado, tem a vantagem de poder ter todas as suas doses usadas de uma vez, com a segunda aplicação só daqui a três meses.
Nesse período, a ideia é que tanto o Butantan quanto a Fiocruz recebam a matéria-prima (o IFA, ingrediente farmacêutico ativo) da China e consigam envasar a tempo mais vacinas em seus laboratórios. Isso, porém, depende do aval do país asiático.
A presidente da Fiocruz,
Nísia Trindade, também acompanhou a chegada no Galeão e afirmou que as vacinas
podem ser comparadas à água potável na contribuição para a saúde das
populações. “Nesse momento de perdas, a vacina é uma esperança que vem da
ciência, uma esperança que vem do Sistema Único de Saúde”, discursou./ folha
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