O ex-governador do Rio,
Sérgio Cabral, foi condenado a 45 anos e dois meses de prisão pelos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Cabral e mais
11 pessoas, incluindo sua mulher, Adriana Ancelmo, foram condenados na sentença
final da Operação Calicute, desdobramento da Operação Lava Jato, proferida
nesta quarta-feira (20), pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.
Adriana Ancelmo foi condenada
a 18 anos e três meses de reclusão por lavagem de dinheiro e participar de
organização criminosa; Wilson Carlos, secretário de Cabral, a 34 anos de prisão
por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Hudson Braga foi condenado a
27 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em
organização criminosa.
Carlos Miranda foi condenado
a 25 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização
criminosa; Luiz Carlos Bezerra, a seis anos e seis meses de prisão por lavagem
de dinheiro e participar de organização criminosa e Wagner Jordão Garcia, a 12
anos e dois meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
organização criminosa.
Paulo Fernandes Pinto
Gonçalves foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão por lavagem de
dinheiro e organização criminosa; José Orlando Rabelo, a quatro anos e um mês
de prisão por organização criminosa; Luiz Paulo Reis, a cinco anos e dez meses
de prisão por lavagem de dinheiro e Carlos Jardim Borges a cinco anos e três
meses de prisão por lavagem de dinheiro.
Luiz Alexandre Igayara foi
condenado a seis anos de prisão por crime de lavagem de dinheiro, mas será
beneficiado por ter feito delação premiada e teve a pena convertida em regime
semi-aberto e prestação de serviços.
Líder
Na sentença, Bretas explica
que considerou como agravante o fato de Cabral ter sido o líder da organização
criminosa. “Principal idealizador dos esquemas ilícitos perscrutados nestes
autos, o condenado Sergio Cabral foi o grande fiador das práticas corruptas
imputadas. Em razão da autoridade conquistada pelo apoio de vários milhões de
votos que lhe foram confiados, ofereceu vantagens em troca de dinheiro. Vendeu
a empresários a confiança que lhe foi depositada pelos cidadãos do estado do
Rio de Janeiro, razão pela qual a sua culpabilidade, maior do que a de um
corrupto qualquer, é extrema”, escreveu Bretas.
Sobre Adriana Ancelmo, o juiz
determinou que ela cumpra sua pena em regime inicial fechado. Atualmente, ela
está cumprindo prisão preventiva domiciliar, em seu apartamento no Leblon, zona
sul carioca, mas como a legislação possibilita apelação em liberdade até
condenação em segunda instância, ela deverá permanecer em seu imóvel até
decisão colegiada. Bretas considerou, na sentença, que Adriana Ancelmo foi
mentora dos esquemas ilícitos, ao lado do marido.
“Foi também diretamente
beneficiada com as muitas práticas criminosas reveladas nestes autos. Ao lado
de seu marido, usufruiu como poucas pessoas no mundo, os prazeres e
excentricidades que o dinheiro pode proporcionar, quase sempre a partir dos
recebimentos que recebeu por contratos fraudulentos celebrados por seu
escritório de advocacia, com o fim de propiciar que a organização criminosa que
integrava promovesse a lavagem de capitais que, em sua origem, eram frutos de
negócios espúrios.”
Na sentença, Bretas reafirma
a necessidade de manutenção da prisão preventiva de Cabral, Wilson Carlos,
Hudson Braga e Carlos Miranda, assim como o recolhimento domiciliar de Adriana
Ancelmo. Porém, revoga a prisão preventiva e demais medidas cautelares de Luiz
Carlos Bezerra, José Orlando Rabelo, Wagner Jordão Garcia, Luiz Paulo Reis e
Paulo Fernando Magalhães Pinto Gonçalves, por não vislumbrar que perduram os
requisitos das medidas e eles vão recorrer à segunda instância em liberdade.
"Expeçam-se os respectivos alvarás de soltura", determinou.
Outro lado
O advogado Rodrigo Roca, que
representa Cabral, divulgou vídeo em que classifica a sentença como uma
violência ao estado democrático de direito. “Só reforça a arguição de suspeição
que nós fizemos contra o juiz que a prolatou. A condenação do governador pelo
juiz Marcelo Bretas era um fato, era esperada, todo mundo sabia disso”, disse
Roca, adiantando que vai apelar à instância superior.
A defesa de Adriana Ancelmo
informou que ainda estava tomando ciência da sentença. Os advogados dos demais
condenados não foram localizados pela reportagem. Todos os condenados foram
arrolados na Operação Calicute, um desdobramento da Lava Jato no Rio de
Janeiro, que investigou a relação entre o poder político no governo Cabral e
empresas prestadoras de serviços, fornecedoras de produtos e empreiteiras
responsáveis por grandes obras, principalmente para a Copa de
2014./agenciabrasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário