O filho mais velho de Fidel
Castro, Fidel Ángel Castro Díaz-Balart, de 68 anos, cometeu suicídio na manhã
de quinta-feira em Havana (Cuba). Fidelito, como era conhecido, recebia
tratamento para uma depressão havia meses, segundo a imprensa oficial cubana. Esteve
hospitalizado durante algum tempo por causa da doença e atualmente recebia
tratamento ambulatorial.
“O doutor em Ciências Fidel
Castro Díaz-Balart, que vinha sendo atendido por um grupo de médicos há vários
meses devido a um estado depressivo profundo, atentou contra sua vida na manhã
de hoje, primeiro de fevereiro”, informou o jornal Granma.
Castro Díaz-Balart (nascido
em 1º de setembro de 1949, em Havana) era o único filho de Fidel Castro com sua
primeira esposa, Mirta Díaz-Balart, uma jovem de uma destacada família
havaneira, de quem se divorciou em 1955. Ele tinha cinco meios-irmãos
reconhecidos, filhos de Castro com sua segunda esposa, a professora Dalia Soto
del Valle, e outra meia-irmã, Alina Fernández Revuelta, filha de Fidel Castro
com sua amante Naty Revuelta. Por via materna, era primo de dois destacados
políticos anticastristas da Flórida, Mario e Lincoln Díaz-Balart.
Popularmente conhecido como
Fidelito e de grande semelhança física com o pai, o líder da revolução cubana,
era engenheiro nuclear – o primeiro cubano com esse grau – e havia se
especializado na disciplina na União Soviética, onde, por questões de
segurança, estudou e obteve seus títulos sob o pseudônimo de José Raúl
Fernández. Também foi assessor científico do Conselho de Estado de Cuba e
vice-presidente da Academia de Ciências de Cuba. Tinha três filhos de seu
casamento com a russa Olga Smirnova: Fidel Antonio, Mirta María e José Raúl.
Doutorou-se em Ciências
Físico-Matemáticas no Instituto de Energia Atômica I. V. Kurchatov, um dos
principais centros soviéticos de pesquisa atômica, no qual foi pesquisador. Em
1974, graduou-se suma cum laude em Física Nuclear pela Universidade Estatal
Lomonosov de Moscou.
De 1980 a 1992, foi
Secretário Executivo da Comissão de Energia Atômica de Cuba. O filho de Fidel
Castro Ruz (1926-2016) foi responsável pelo desenvolvimento da Usina Nuclear de
Juragua (a oeste da Baía de Cienfuegos), uma cidade nuclear que não chegou a
ser concluída por causa do colapso da União Soviética e hoje permanece
abandonada. O fim desse enorme projeto, o investimento mais ambicioso da Cuba
socialista comandado por seu pai, foi a grande frustração de sua carreira. Em
1992, o Granma anunciou sua destituição da direção da Secretaria de Assuntos
Nucleares e pouco depois seu pai afirmou que o afastamento se devia à “sua
ineficiência no desempenho das funções”. Saiu da cena até 1999, quando foi
nomeado assessor do Ministério da Indústria Básica, cargo que compatibilizou
com a divulgação científica como físico nuclear. Nos últimos anos, concentrou
seus interesses científicos no campo da nanociência. Ele nunca ocupou cargos
políticos.
Seu contato com o pai em seus
anos de crescimento e formação foi limitado, como reconheceu em 2013 em
entrevista ao canal de televisão Russia Today: “Não é segredo que, nos anos da
minha adolescência e primeira juventude em Cuba, havia uma situação muito
complexa (...) e, sem dúvida, tanto ele quanto os outros principais líderes
tinham pouco contato. Não tinham a possibilidade que um ser humano normal tem
de chegar em casa tranquilo”.
“Havia um filósofo espanhol,
Ortega y Gasset, que dizia: ‘Eu sou eu e minhas circunstâncias’. Isso pode ser
dito por qualquer pessoa”, sorriu, vestindo um terno e com a barba idêntica à
do pai. “E eu também posso repetir isso”.
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