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domingo, 3 de abril de 2016

Distrito de Dois de Abril faz aniversário em grande estilo seus conterrâneos ficam maravilhados




Dois de Abril nasceu espontaneamente, natural mesmo, na confluência do “Córrego dos Caboclos” ou Córrego Dois de Abril com o Prado Grande ou Rio Jucuruçu. Tá tudo ali, bem explicadinho, na cópia do livro de autoria do Frei Samuel Tetteroo, que Dr. Namildes me deu quando estive em sua casa em Almenara. A obra tem o título de “Memória histórica e geográfica do município de Jequitinhonha”, de 1919, que descreve a “história de Jequitinhonha dum tempo que o município compreendia todo o Baixo Jequitinhonha”. Não é pouco.

A povoação de “Dous de Abril” começou quase que ao mesmo tempo da povoação de Santo Antonio de Ariary, atual Palmópolis, depois de ter sido Santo Antonio do Triumpho (em substituição a Santo Antonio do Ariary) e Bananeiras, ambas situadas à margem direita do Rio Jucuruçu. Em seu início, as duas povoações pertenciam ao distrito de Salto Grande, atual Salto da Divisa.

Os fundadores das povoações de Dois de Abril e de Palmópolis, segundo os relatos do Frei Tetteroo, foram, respectivamente, os senhores Sesnando Grampiuna e Antonio José da Silva, mais conhecido como José da Umbellina. Em relação a este último, parece ter sido o terceiro Juiz de Paz do distrito de São Roque, que se mudou para as matas do Prado, com residência na Barraca, fazenda que passou a ser denominada Castello, no Pradinho, a 6 quilômetros do futuro arraial.

O senhor Antonio José da Silva comprou por mais de quatrocentos mil réis a posse de um certo Manoel Antonio, à margem do Rio Jucuruçu, um pouco acima do córrego da Bananeira, com o objetivo de fundar naquele lugar o arraial de Santo Antonio do Ariary, no mês de março de 1915, possivelmente no dia 13.
Naquele tempo, a povoação mais próxima de Santo Antonio do Ariary (ou do Triumpho) e de Dois de Abril, a cerca de 10 léguas da primeira e 18 da segunda, era a povoação de Rubim de José Ferreira, atual cidade de Felisburgo.

A primeira estrada ou picada foi aberta sob o comando de um tal Dr. Apollonario Frot, que se dizia engenheiro, encarregado da Intendência da cidade do Prado, na Bahia, em parceria com a Câmara Municipal de Arassuahy (Araçuaí – MG). Os trabalhadores eram índios que habitavam a região, bem provável que fossem maxacali, entre os anos de 1893 e 1900. Dr. Frot, como os índios chamavam o desbravador de nacionalidade francesa, era moço e esbelto. Passaram-se pelo menos cinco anos desde essa primeira abertura de picada, para que os moradores das cabeceiras do Rubim do Sul, principalmente do Córrego do Barracão, começassem a abrir de novo a antiga picada. Somente a partir daí é que se começou a povoar a Bacia do Alto Jucuruçu.

Vale ressaltar o fato de que Rio do Prado ou Vila de Barracão só foi fundado anos depois, em 15 de agosto de 1929. Tornou-se distrito anexado, primeiramente, ao município de Jequitinhonha, em 17 de dezembro de 1938. Quando passou a se chamar Rio do Prado, em 31 de dezembro de 1943, foi transferido como distrito do município de Rubim. Rio do Prado não nasceu espontaneamente, como Dois de Abril e Palmópolis, pois foi criado para atender reivindicações dos moradores da região dos córregos Boa Vista, Barracão, Rubim do Sul, Palmital e Anta Podre, que se sentiam isolados, sem comunicação, distantes das localidades mais próximas, como Rubim de José Ferreira (Felisburgo), Joaíma, Vigia (Almenara), União (Rubim) e Bananeiras (Palmópolis).

Sem querer ser leviano nem precipitado, mas por entender que Dois de Abril já passou da hora de ter um registro de nascimento, com data certa e uma paternidade responsável, proponho, não por decreto, mas como desafiadora sugestão que se determine, de uma vez por todas, o dia 2 de abril de 1915 como marco inaugural de Dois de Abril.

Nascida no berço das terras devolutas de São Miguel de Jequitinhonha e depois de Salto Grande, banhada pelo Córrego dos Caboclos a sudoeste e do Rio Jucuruçu a leste e cercada por morros a oeste, que a paternidade de nossa vila possa ser atribuída a todos aqueles desbravadores dessas matas, pioneiros que foram Sesnando Grampiuna – que não sei quem seja ou de quem era parente –, os Ferreira da Cruz, os Prados, os Gonçalves e, por que não, os aborígenes que habitaram nossas matas e que desapareceram vitimados pela bexiga (varíola), doença infectocontagiosa, e uma das principais causas de mortes em nosso país, desde o seu descobrimento./Wilton Soares dos Santos

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