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sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Em luto, povoado de Mar Grande recebe vítimas de naufrágio na Bahia



Agente funerário carrega corpo de Davi Gabriel, bebê de seis meses que morreu em naufrágio de lancha em Salvador - Edilson Dantas / Agência O Globo



SALVADOR - Dezesseis horas após ter embarcado com a mãe na lancha que naufragou em Salvador, Davi Gabriel, de apenas seis meses de idade, uma das 18 vítimas fatais do naufrágio, atravessou pela última vez a Baía de Todos os Santos de volta para casa. Um ferry boat, que partiu do Terminal Marítimo de Salvador às 22h desta quinta-feira, levou o corpo do menino, que acabou virando símbolo da tragédia ao ser fotografado nos braços de um socorrista. Davi e Ivanilda Gomes da Silva, de 70 anos — vítimas mais jovem e mais idosa do acidente — chegaram à Ilha de Itaparica após uma hora de travessia, no mesmo carro funerário. Eles serão enterrados em Mar Grande, um povoado praiano do município de Vera Cruz.

O vilarejo, onde vive a maioria das pessoas que estavam na embarcação, está em luto. A maior parte do comércio fechou as portas durante todo o dia. Nesta sexta-feira, a expectativa é de mais comoção por causa dos velórios e enterros. No cemitério da cidade, houve reforço de homens para abrir as valas onde os corpos serão sepultados. Aos poucos, à noite, equipes de reportagem de outras cidades e estados chegavam para as cerimônias de despedida que acontecerão ao longo do dia.

O menino Davi está sendo velado na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Mar Grande na manhã desta sexta-feira. Ele seguia com a mãe para uma consulta médica quando entrou na lancha às 6h30 de quinta-feira rumo a Salvador. A travessia duraria cerca de 45 minutos. Mas a embarcação virou no mar pouco mais de dez minutos após a partida.

Davi caiu na água e foi resgatado por um dos tripulantes, tentou ser reanimado mas não resistiu. Ele era o filho mais novo de três irmãos. A mãe, Ana Paula, que sobreviveu ao acidente, está em choque, segundo parentes.

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Familiares têm evitado entrevistas. O avô de Davi é conhecido por sair pelo povoado vendendo pastéis numa cesta, relataram moradores ao GLOBO. O pai da criança trabalha num hortifruti no vilarejo.

Outra criança, Darlan, de dois anos, também morreu na tragédia, assim como sua mãe e avó. Ele também era de Mar Grande e foi velado casa.

— Foi uma correria danada isso aqui. O comércio todo fechou. Nunca vi uma tragédia como essa aqui — disse o taxista Roberto Andrade.

Na noite de quinta, moradores comentavam que uma criança sobrevivente da tragédia estaria na unidade de saúde do povoado sem identificação e durante todo o dia ninguém teria ido procurar por ela. O GLOBO não conseguiu confirmar a informação com a Secretaria de Saúde da cidade.

O padre da igreja de Mar Grande, Arenilton Vilarindo, usou uma rede social para confortar familiares das vítimas e moradores: “A ilha amanheceu triste. Hoje (quinta-feira) pela manhã, quando abria a igreja para a adoração ao Santíssimo Sacramento, fui surpreendido com a notícia da tragédia do naufrágio. Pessoas que estavam fazendo a travessia para realizar seus compromissos diários foram surpreendidas por essa tragédia. 

Há momentos na vida que as palavras são insuficientes para explicar tamanha situação. É triste ouvir o choro, o pranto de tantas famílias que perderam seus entes queridos. Estamos em oração por todos os que partiram e pelos que tiveram a graça de sobreviver deste acidente”, escreveu o religioso.

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Segundo a dona de uma barraca de lanches em frente ao terminal das lanchas, chovia e ventava bastante na manhã do acidente. Ela faz a travessia toda semana para comprar mercadoria para sua barraca e disse que nunca se sentiu insegura nas embarcações.

— Pelo que a gente ouviu o que ajudou a lancha a virar foi todo mundo ter ido ao mesmo tempo para um lado só do barco para se proteger da chuva. A onda bateu e ele virou. Não parece ter sido um problema da lancha que causou o acidente. Vou continuar usando toda semana — disse a comerciante, que não quis se identificar.

Bebê de seis meses é socorrido após naufrágio de lancha em Salvador, mas não sobrevive - Xando Pereira/A Tarde / Agência O Globo

Por enquanto, o serviço de travessia está suspenso para que sejam feitas as buscas de corpos e a perícia na lancha./G1BA

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