Em entrevista ao programa
"Canal Livre", da Band, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ)
disse que, se não houver fraude nas eleições de 2018, com certeza chegará ao
segundo turno da disputa.
"Sou diferente de todos
os presidenciáveis que estão aí. Quem declara voto em mim dificilmente mudará.
Não havendo fraude, com certeza estarei no segundo turno", afirmou ontem
(19). O pré-candidato diz contar com a simpatia de grupos específicos, como os
evangélicos, os que querem ter arma em casa e setores do agronegócio.
Acredita, no entanto, que as
eleições em urnas eletrônicas no Brasil não são limpas, e por isso defende a
impressão do voto. Bolsonaro participou de uma série do programa "Canal
Livre" com os presidenciáveis. Foi entrevistado, na madrugada de domingo
(19) para segunda (20), pelos jornalistas Fabio Pannunzio, Fernando Mitre,
Julia Duailibi, Sérgio Amaral e Mônica Bergamo, colunista do jornal Folha de S.
Paulo.
Por quase uma hora, tratou de
temas como economia, segurança pública e a relação entre Executivo e o
Congresso. Questionado sobre manifestações pelo país que defendem o
autoritarismo, disse que nunca pregou uma intervenção militar.
"Mas se chegarmos ao caos,
as Forças Armadas vão intervir para a manutenção da lei e da ordem",
afirmou, ecoando comentário similar do general Antonio Hamilton Mourão em
setembro deste ano. Bolsonaro disse ser favorável à privatização de estatais,
mas defendeu que cada caso específico seja analisado com cuidado. Vê com
receio, por exemplo, a entrada de capital chinês no país. "A China não
está comprando do Brasil, e sim o Brasil."
Bolsonaro fez críticas à
Folha de S. Paulo ao ser questionado a respeito de um levantamento de sua carreira
no Congresso publicado pelo jornal. O texto revela que, a despeito do discurso
liberal adotado recentemente, ele votou com o PT em temas econômicos durante o
governo Lula. "A Folha não é referência de nada. Não atendo mais a Folha.
Eles deturpam tudo."
Bolsonaro afirmou ainda ser
imune à corrupção e que, em caso de vitória, não seguirá o modelo "toma
lá, dá cá" para distribuir cargos. Comporá um eventual ministério,
afirmou, guiado apenas por critérios de competência, sem buscar agradar movimentos
feministas, negros ou LGBTs.
Quanto a este último ponto, o
pré-candidato criticou a discussão de gênero nos colégios. "Eu quero que
todos, inclusive os gays, sejam felizes, mas que esse tipo de comportamento não
seja ensinado nas escolas", argumentou. "Os pais querem ver o filho
jogando futebol, não brincando de boneca por causa da escola."
"Preso não tem direito
nenhum"
Ao tratar o tema da segurança
pública, um dos principais eixos de seu discurso, defendeu maior rigor e a
adoção de medidas enérgicas no combate ao crime. "Se morrerem 40 mil
bandidos [por ano, por ação da polícia], temos que passar para 80 mil. Não há
outro caminho. Não dá para combater violência com políticas de paz e
amor", afirmou.
"Preso não deve ter
direito nenhum, não é mais cidadão. O sentido da cadeia não é ressocializar,
mas tirar o marginal da sociedade." No encerramento do programa, em suas
considerações finais, Bolsonaro afirmou que o Brasil "precisa de um
presidente honesto que tenha Deus no coração"./valor
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