Os ex-governadores Anthony e
Rosinha Garotinho foram presos na manhã desta quarta-feira (22) em mais um
desdobramento da Operação Chequinho, que já havia levado à cadeia o primeiro
por duas vezes. É a primeira vez que a mulher também é detida.
A investigação do Ministério
Público Eleitoral do Rio e da Polícia Federal apura os crimes de corrupção,
concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação de
contas eleitorais.
O inquérito identificou que a
JBS firmou contrato fictício com uma empresa para repassar R$ 3 milhões para a
campanha derrotada de Garotinho a governo do Rio, em 2014.
O Ministério Público
denunciou no total oito pessoas acusadas de envolvimento na arrecadação ilícita
para as campanhas de 2010, 2012, 2014 e 2016. O esquema envolveu até sete
empresas com contratos com a Prefeitura de Campos.
De acordo com a acusação, o
município atrasava pagamentos com o objetivo de forçar a doação das firmas para
o grupo político do ex-governador. O esquema foi delatado por um dos empresários,
em depoimento ao Ministério Público do Rio.
"Empresários também
informaram à PF que o ex-governador cobrava propina nas licitações da
prefeitura de Campos, exigindo o pagamento para que os contratos fossem
honrados pelo poder público daquele município", diz nota da Polícia
Federal.
O juiz Glaucenir de Oliveira
decretou a prisão preventiva dos oito denunciados. A medida foi imposta porque
há relatos de que o grupo tentou coagir o delator do esquema.
Entre os alvos de ordem de
prisão, está o presidente nacional do PR (Partido da República), Antônio Carlos
Rodrigues, sob a justificativa de que "há fortes indícios de que
continuará realizando as tratativas ocultas ilegais à frente do partido".
A Secretaria de Administração
Penitenciária afirmou, em nota, que o casal será levado para a cadeia pública
José Frederico Marques, em Benfica, em que estão presos o ex-governador Sérgio
Cabral e os deputados Jorge Picciani e Paulo Melo, todos do PMDB e seus rivais
políticos. O trio ocupa celas da galeria C. Garotinho deve ficar na galeira A.
Como a Folha revelou, a
cadeia de Benfica ganhou uma ala feminina em outubro.
Garotinho tem três
condenações criminais, uma delas em razão da Operação Chequinho, que apurava
compra de votos na eleição de Campos, em 2016, por meio do programa social
Cheque Cidadão.
Segundo o Ministério Público,
o suposto esquema teria dado prejuízo de R$ 11 milhões à prefeitura e pelo
menos 18 mil ações de compras de votos teriam sido realizadas. Neste caso, ele
foi condenado a 9 anos e 11 meses de prisão. O ex-governador recorre da decisão.
Garotinho já havia sido preso
em 16 de novembro do ano passado em razão desta investigação –um dia antes da
Operação Calicute, que prendeu outro ex-governador, Sérgio Cabral. Foi solto
por ordem do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Em setembro deste ano, voltou
a ser preso sob alegação de usar seu programa de rádio para atacar os
responsáveis pela condução de seu processo. Foi soltomais uma vez por ordem do
TSE.
OUTRO LADO
Garotinho afirmou, em nota,
que "atribui a operação de hoje a mais um capítulo da perseguição que vem
sofrendo desde que denunciou o esquema do governo Cabral na Assembleia
Legislativa e as irregularidades praticadas pelo desembargador Luiz
Zveiter".
"Cabe frisar que essa a
operação à qual Garotinho e Rosinha respondem não tem relação alguma com a Lava
Jato", diz a nota.
A NOVA ACUSAÇÃO CONTRA
GAROTINHO
>> A JBS, diz a
acusação, repassou R$ 20 milhões em caixa dois em 2014 para o PR nacional,
partido de Garotinho
>> O ex-governador do
Rio, então candidato ao governo, ficou sem nada, segundo depoimentos, e, após
pedido, conseguiu R$ 3 milhões
>> De acordo com um
delator, a JBS firmou contrato fictício com a empresa Ocean Link nesse valor e
transferiu todo o dinheiro de uma vez
>> O empresário André
Rodrigues, dono da Ocean Link, relatou ter feito saques na conta da firma e
entregue a "Toninho", policial civil aposentado, integrante do grupo
de Garotinho
>> O Ministério Público
do Rio denunciou no total oito pessoas acusadas de envolvimento na arrecadação
ilícita para campanhas de 2010 a 2016.
>> O suposto esquema
envolveu até sete empresas com contratos com a Prefeitura de Campos (RJ)
>> O QUE DIZ O
EX-GOVERNADOR: Garotinho nega ter cometido crimes e atribui a operação "a mais
um capítulo da perseguição que vem sofrendo desde que denunciou o esquema"
do governo de Sérgio Cabral
*
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DA
DEFESA DE GAROTINHO
"Querem calar o
garotinho mais uma vez
O ex-governador Anthony
Garotinho atribui a operação de hoje a mais um capítulo da perseguição que vem
sofrendo desde que denunciou o esquema do governo Cabral na Assembleia
Legislativa e as irregularidades praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter.
O ex-governador afirma que
tanto isso é verdade que quem assina o seu pedido de prisão é o juiz Glaucenir
de Oliveira, o mesmo que decretou a primeira prisão de Garotinho, no ano
passado, logo após ele ter denunciado Zveiter à Procuradoria Geral da
República.
Garotinho afirma ainda que
nem ele nem nenhum dos acusados cometeu crime algum e, conforme disse ontem no
seu programa de rádio, foi alertado por um agente penitenciário a respeito de
uma reunião entre Sergio Cabral e Jorge Picciani, durante a primeira prisão do
deputado em Benfica. Na ocasião, o presidente da Alerj teria afirmado que iria
dar um tiro na cara de Garotinho.
Agora, a ordem de prisão do
juiz Glaucenir é para que Garotinho vá com sua esposa para Benfica, justamente
onde estão os presos da Lava Jato. Cabe frisar que essa a operação à qual
Garotinho e Rosinha respondem não tem relação alguma com a Lava Jato."./ folha
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