O ex-subchefe de assuntos
jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, testemunhou em juízo nesta
sexta-feira (15) ter participado de uma reunião, em 2016, com o então
ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ainda ministro-chefe da
Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, na qual se discutiu o processo de
liberação da construção de um prédio em Salvador.
“Presenciei a conversa sobre
o empreendimento, mas não tinha a informação de que o senhor Geddel tinha um
imóvel [no prédio]”, disse Rocha, arrolado como testemunha de defesa de Geddel,
ao ser questionado pela juíza Diana Wanderlei, da 5ª Vara Federal do Distrito
Federal.
O caso culminou com a saída
de Geddel do governo, em novembro de 2016, após o ministro da Cultura à época,
Marcelo Calero, acusá-lo de fazer pressão pela liberação do empreendimento. O
obra fora embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), vinculado à pasta, por estar localizada numa área tombada.
Segundo denúncia do
Ministério Público Federal (MPF), que acusa Geddel de improbidade
administrativa, o ex-ministro fez pressão pela liberação integral da obra por
ter uma promessa de compra e venda de uma unidade no 23º andar do edifício de
luxo La Vue Ladeira da Barra.
Nesta sexta-feira, Gustavo do
Vale Rocha confirmou também ter discutido o assunto com Calero, orientando-o a
enviar o recurso contra o embargo da obra para ser resolvido pela
Advocacia-Geral da União (AGU).
“Desse ato caberia recurso, o
recurso é dirigido ao ministro da pasta, o recurso eventualmente seria
encaminhado ao Marcelo Calero, que disse, em conversa comigo, que não decidiria
a questão... como ele disse que não resolveria a questão, e precisava ser
decidido, foi orientado que se dirigisse à AGU”, disse Rocha, que é hoje secretário
de Justiça do Distrito Federal.
Calero ainda deve prestar
esclarecimentos à Justiça. O ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro Eliseu
Padilha também foram arrolados como testemunhas de defesa de Geddel, mas ainda
não foram ouvidos.
A defesa de Geddel nega que
ele tenha exercido influência política pela liberação do empreendimento em
Salvador e diz não haver provas das alegações de Calero sobre pressão para que
interferisse no processo junto ao Iphan.
Geddel está preso
preventivamente desde setembro de 2017, na Complexo Penitenciário da Papuda, no
Distrito Federal, em decorrência da ação penal que responde no caso dos R$ 51
milhões em dinheiro encontrados em um apartamento em Salvador. A quantia foi
ligada a ele pelas investigações da Polícia Federal (PF).BNEWS
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