AOAB (Ordem dos Advogados do
Brasil) decidiu acelerar os trâmites para a elaboração de um pedido de
impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
A entidade já tinha aberto um
procedimento na comissão de estudos constitucionais, integrada por juristas
como Sepúveda Pertence, para estudar o assunto.
O tema estava sendo tratado
com cautela. A prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz na casa do advogado da
família Bolsonaro, Frederick Wassef, no entanto, fez com que ele subisse um
degrau nas prioridades da entidade.
As revelações de que Queiroz,
que comandaria um esquema de rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro quando
ele era deputado estadual pelo Rio, pagou inclusive contas pessoais do filho do
presidente da República com dinheiro vivo é considerada grave.
O Ministério Público do Rio
de Janeiro estima ainda que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro recebeu R$ 400
mil de Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano, que era o chefe da
milícia Escritório do Crime. Ele foi morto em fevereiro.
O envolvimento, no escândalo,
de pessoas acusadas de ter conexão com milícias é vista como "fundo do
poço" por diretores da ordem, que agora enxergam fatos concretos para
embasar um pedido de afastamento de Bolsonaro.
A OAB agora se prepara para
ouvir as 27 seccionais, num sistema de consulta que também foi adotado quando a
entidade decidiu apresentar pedido de impeachment contra o então presidente
Michel Temer, em 2017.
A decisão final caberá ao
plenário do conselho federal, formado por 81 integrantes -três de cada estado e
o Distrito Federal, que são eleitos diretamente em cada unidade da federação.
A deliberação deve ocorrer em
agosto, quando o conselho deve voltar a se reunir de forma presencial, caso a
epidemia do novo coronavírus esteja controlada.
A discussão sobre o
impeachment já vinha sendo discutida com intensidade na OAB, que até agora
estava dividida.
Um grupo, integrado pelo
presidente da entidade, Felipe Santa Cruz, achava necessário agir ainda com
cautela, considerando que o afastamento de um presidente da República eleito
diretamente é um remédio amargo para qualquer crise.
Uma outra ala dizia que Bolsonaro
já deu motivos suficientes para um processo de crime por responsabilidade, que
poderia justificar a sua queda do governo.
Desde a semana passada, as
posições parecem caminhar para uma maioria em defesa de um pedido de
impeachment contra ele.
Um eventual pedido de
impeachment feito pela OAB se revestiria simbolismo: a entidade liderou o
processo de afastamento de Fernando Collor de Mello da presidência, na década
de 1990. Apoiou o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016, e
defendeu a queda de Michel Temer em 2017./noticias
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