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quinta-feira, 5 de março de 2015

CPI da Petrobras poupa empresas; cúpula é financiada por empreiteiras


O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB, à esq.), discute com Edmilson Rodrigues (PSOL-PA)
O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB, à esq.), discute com Edmilson Rodrigues (PSOL-PA)


A primeira sessão da CPI da Petrobras convocou o ex-gerente da estatal Pedro Barusco para depor, mas deixou de lado os empreiteiros também presos na Operação Lava Jato.

Na tumultuada reunião, a primeira com propósito deliberativo da CPI e que registrou bate-boca e discussões, também não foi votado nenhum requerimento para quebra de sigilo das empresas.

Segundo o Ministério Público Federal, um grupo de empreiteiras contratadas pela Petrobras formou um cartel que pagava propina a agentes públicos para dividir entre si obras da estatal. O esquema envolvia também o pagamento de propina a partidos, notadamente PT, PMDB e PP.

Levantamento da Folha já mostrou que ao menos 12 dos 27 integrantes, incluindo o presidente Hugo Motta (PMDB-PB) e o relator Luiz Sérgio (PT-RJ), receberam doações de empreiteiras investigadas na Lava Jato.

As transferências são legais e não foram investigadas, mas o PSOL já pediu o afastamento por suspeição dos parlamentares beneficiados –o que foi negado pela CPI.

"Foram aprovados depoimentos de ex-presidentes [da Petrobras], como José Sérgio Gabrielli, Graça Foster, os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque, o doleiro Alberto Youssef e o ex-gerente Pedro Barusco. Começamos a CPI com o pé direito, produzindo, criando sub-relatorias e mostrando ao Brasil que queremos investigar", declarou o presidente da CPI, Hugo Motta.

O plano do relator Luiz Sérgio cita apenas a necessidade de ouvir os representantes da Abemi (Associação Brasileira de Engenharia), à qual estão associadas as empreiteiras. Sobre empresas, fala apenas da SBM Offshore, empresa holandesa que pagou propina a funcionários da estatal, e a Sete Brasil, que fornece sondas a estaleiros.

Não há data para o depoimento de Gabrielli e de dois ex-diretores acusados de envolvimento no esquema, Nestor Cerveró e Renato Duque.

Barusco deverá ser ouvido na próxima terça (10). Ele teve prioridade pois interessa a petistas e tucanos. No caso do PT, porque citou ter recebido propinas de empresas em 1997, durante o governo FHC. No do PSDB, porque ele disse que o PT recebeu US$ 200 milhões em propinas durante dez anos.

Foi também aprovada a contratação a empresa Kroll, especialista em rastrear contas no exterior, para buscar informações sobre dinheiro desviado da Petrobras em lugares como a Suíça.

Por fim, conforme a Folha adiantou na segunda (2), foram criadas quatro sub-relatorias que enfraquecem o poder do relator Luiz Sérgio e do PT na comissão.

São elas: superfaturamento e gestão temerária de construção de refinarias (Altineu Côrtes, do PR-RJ), irregularidades feitas por subsidiárias da Petrobras (Bruno Covas, do PSDB-SP), superfaturamento na compra de navios de transporte e navios-sonda (Arnaldo Faria de Sá, do PTB-SP), e irregularidades na Sete Brasil e em venda de ativos da Petrobras na África (André Moura, do PSC-SE).

Antônio Imbassahy (PSDB-BA) será o primeiro vice-presidente da comissão; Félix Mendonça Jr. (PDT-BA), o segundo; e Caio Maniçoba (PHS-PE), o terceiro./uol

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