Hospital e Maternidade Joana
Moura é investigado pelo Ministério Público (Foto: Reprodução/TV Santa Cruz)
Documentos apresentados ao
Ministério Público mostram que o Hospital Joana Moura, no município de
Guaratinga, no sul da Bahia, recebeu dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS)
por cirurgias que não foram feitas. Nomes de pessoas que nunca foram atendidas
na unidade de saúde, e de gente que já tinha falecido, estão nas listas de
internação.
O valor de R$ 765,69 foi pago
pelo SUS ao hospital para realizar uma cirurgia de lesões extensas em José
Bonifácio. Essa é a informação que está nessa lista de Autorização de
Internação Hospitalar (AIH). O documento é enviado pela prefeitura à Secretaria
Estadual de Saúde, e especifica os procedimentos realizados, o período de
internação e o valor de cada cirurgia.
O problema é que, de acordo
com a lista, José Bonifácio ficou internado entre os dias 5 e 8 de abril deste
ano, quase três meses depois da morte dele. "Meu tio, José Bonifácio
Santana, faleceu no dia 27 de janeiro de 2017. Se porventura tem um outro José
Bonifácio Santana que fez cirurgia, esse José Bonifácio Santana não é meu
tio", questiona Adauto Silva, sobrinho de José Bonifácio.
Certidão de óbito de José
Bonifácio Santana, que teria sido operado pelo hospital depois da morte (Foto:
Reprodução/TV Santa Cruz)
Certidão de óbito de José
Bonifácio Santana, que teria sido operado pelo hospital depois da morte (Foto:
Reprodução/TV Santa Cruz)
Além desta denúncia, uma
mulher, que não quis se identificar, disse que o SUS pagou ao hospital R$ 1.817
reais por uma colectomia, cirurgia que teria retirado o cólon do intestino
dela. Porém, ela garante que não fez nenhuma operação neste hospital. “Nem sei
que cirurgia é essa”, disse.
Um outro rapaz que também
teve o nome usado em uma suposta cirurgia ficou indignado com a situação. “Eu
nunca precisei ficar internado nesse hospital, nem sei do que se trata isso aí
que ‘tão’ dizendo aí é...Indignação que a gente fica”, conta.
As irregularidades foram
descobertas pelo vice-prefeito da cidade, Ezequiel Xavier, que, ao olhar a
lista, reconheceu o nome de pessoas que conhece e que nunca ficaram internadas
no hospital Joana Moura.
“Guaratinga é uma lugar
pequeno, a gente conhece todo mundo, e pelo nome a gente vai localizando um por
um as pessoas, entendeu? E as pessoas confirmaram que não fizeram nenhuma
cirurgia", conta. A cidade tem cerca de 22 mil habitantes.
As irregularidades foram
denunciadas aos ministérios públicos Federal e Estadual, que já abriram
inquérito civil para apurar o caso. Durante a investigação, o MPE quer tentar
identificar quem são os responsáveis pelo esquema conhecido como "máfia
das AIH's".
“Recebemos a representação,
que é constituída com documentos públicos, que foi trazida até o Ministério
Público, e nós temos um prazo de 30 dias para deliberar quais são as medidas
cabíveis em relação a esses documentos. E dentro desse prazo legal, regulamentar,
nós iremos tomar as medidas cabíveis”, disse o promotor Helber Batista./TV
Santa Cruz
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