Paulo Guedes é cotado para Ministério da Economia Foto: Sergio Moraes/Reuters
O Ministério Público Federal
(MPF) em Brasília abriu Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para
investigar o economista Paulo Guedes, conselheiro econômico do presidenciável
Jair Bolsonaro (PSL). A informação foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo e
confirmada pelo Estado.
Chamado de Posto Ipiranga
pelo presidenciável e indicado como ministro da Fazenda em caso de vitória de
Bolsonaro, Guedes é suspeito de cometer crimes de gestão fraudulenta e
temerária à frente de fundos de investimentos (FIPs) que receberam R$ 1 bilhão,
entre 2009 e 2013, de fundos de pensão ligados a empresas públicas. Também será
apurada a emissão e negociação de títulos imobiliários sem lastros ou
garantias.
Em nota divulgada por seus
advogados nesta quarta, Guedes afirmou que a abertura da apuração é "uma
afronta à democracia" cujo principal "objetivo é o de confundir o
eleitor".
Entre os fundos de pensão que
repassaram valores aos FIPs administrados por Guedes estão a Funcef, da Caixa,
Postalis, dos Correios, Previ, do Banco do Brasil e BNDESPar, este fundo de
investimento do BNDES. À época dos fatos apurados, os fundos eram geridos por
pessoas indicadas pelo PT e PMDB.
A investigação foi aberta com
base em relatórios da Superintendência Nacional de Previdência Complementar
(Previc) que apontam indícios de fraudes nos aportes feitos pelos fundos de
pensão em dois fundos de investimentos criados pela BR Educacional Gestora de
Ativos, empresa de Paulo Guedes. A investigação é conduzida pela força-tarefa
Greenfield, responsável por apurar desvios nos principais fundos de pensão do
País.
Segundo os relatórios da
Previc, os aportes nos FIPs podem ter gerado ganho excessivo a Guedes. Em um
dos FIPs, que recebeu cerca de R$ 400 milhões, Guedes ganhou 1,75% sobre o
valor aportado pelos fundos de pensão logo após o investimento.
Esse mesmo FIP, segundo a
Previc, aplicou os valores recebidos dos fundos de pensão em uma empresa: a HSM
Educacional, que era controlada pelo próprio Guedes.
A Previc também viu indício
de irregularidades no fato de a HSM Educacional, logo após receber os valores,
ter adquirido de uma empresa argentina 100% da companhia HSM Brasil, voltada a
projetos educacionais e palestras. Como não era uma empresa listada na bolsa, o
investimento foi feito tendo como base um laudo produzido por outra empresa.
Paulo Guedes, guru de Bolsonaro, é investigado pelo MPF por fraudes em fundos de pensão
Mesmo com laudo apontando a
viabilidade do investimento, a empresa que recebeu o aporte registrou prejuízo,
principalmente, por causa da remuneração de palestrantes. Somente com o
pagamento desse tipo de serviço, entre 2011 e 2012, a empresa gastou R$ 11,9
milhões. Na mesma época, Guedes viajou o País realizando palestras. O MPF quer
descobrir se ele recebeu parte desses valores./estadao
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