Um total de R$ 842 mil em
dinheiro foi apreendido na operação, sendo R$ 558 mil na casa de uma
servidora(foto: Ministério Público de Minas Gerais/Divulgação)
Mais de R$ 19 milhões foram
desviados em propinas por organização criminosa composta por delegados,
policiais civis e militares, despachantes, comerciantes e donos de pátios de
apreensão de veículos em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Minas Gerais (RMBH).
O Ministério Público de Minas
Gerais (MPMG) denunciou hoje 16 pessoas que participavam das irregularidades
envolvendo o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG). Foram
recolhidos mais de R$ 840 mil pela força-tarefa, a maior apreensão feita neste
ano pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
O esquema é antigo e foram
identificados crimes cometidos pelo menos desde 2011. A investigação apontou
que a organização atuava em praticamente todos os serviços do Detran em Santa
Luzia: liberação e transferências de veículos, realização de vistoria e leilões
e contava até com a participação de policiais nos lucros de pátios de apreensão
do município, licenciados ilicitamente.
Há imagens que mostram o
desvio de peças e equipamentos de veículos apreendidos. A organização também
fazia blitzes pela Polícia Militar (PM) para a apreensão de veículos.
Papelotes com o dinheiro pago
coo propina e a identificação dos veículos a que se referiam(foto: Ministério
Público de Minas Gerais/Divulgação) “Com a liberação, ganhavam propina. Além
disso, identificamos a apreensão simulada de veículos no sistema, com o
objetivo de acelerar a liberação. Ele era apreendido no sistema da Polícia
Civil (PC) e, em seguida, a apreensão era cancelada. O carro nem chegava a ir
para o pátio”, afirma a promotora de Justiça do Gaeco Paula Ayres Lima.Continua
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A cobrança de propina era a
condição para que serviços fossem executados com rapidez. De acordo com a
denúncia, o delegado de polícia Christian Nunes de Andrade chefiava o esquema,
ficando com metade da propina desviada e 10% dos valores dos leilões. Na casa
dele, foram apreendidos carros e motos de luxo. O delegado e mais oito presos
estão presos.
“O delegado Christian é o chefe
do esquema e o principal beneficiário”, diz promotora.
Penas somam 208 anos
A operação, batizada de
“Cataclisma”, identificou crimes de corrupção ativa, passiva, organização
criminosa, peculato, inserção de dados falsos nos sistemas de informação e lavagem
de dinheiro, com penas que somam 208 anos.
Segundo força-tarefa, crimes
envolviam a cobrança de propina para a liberação e transferência de veículos, o
desvio de peças e equipamentos de carros apreendidos, entre outros(foto:
Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
As investigações começaram há
três anos, a partir de denúncias anônimas de pessoas lesadas pelo grupo,
formado por policiais civis, militares, despachantes, comerciantes e donos de
pátios de apreensão de veículos em Santa Luzia.
Segundo a força-tarefa, um
dos denunciantes, um homem cuja renda é de um salário mínimo, precisou pagar R$
140 para a liberação do documento do veículo, que havia comprado para
trabalhar. Os valores de propina cobrados eram variáveis, a partir de R$ 20.
Em 28 de novembro, foram
cumpridos 46 mandados de busca e apreensão e 13 mandados de prisão temporária.
Somente na residência de uma servidora pública a força-tarefa encontrou a
quantia de R$ 558 mil em dinheiro.
“É difícil precisar quanto
foi embolsado, mas pela quebra de sigilo fiscal e bancário, os envolvidos
apresentaram uma movimentação bancária incompatível”, afirma.
O grupo estima montante de R$
19 milhões. A operação foi realizada em conjunto com o MPMG, PC, PM e Receita
Estadual. A investigação também identificou esquema semelhante em Lagoa Santa,
na Grande BH, ainda em apuração.
Denunciados pela Operação
Cataclisma
Christian Nunes de Andrade,
delegado de polícia
Marcelo Nonato Magalhães,
investigador de polícia
Cláudia Márcia da Silva,
investigadora de polícia
Emerson Rodrigues, servidor
público municipal
Paulo Roberto Ferreira Rosa,
policial civil
Wagner Tadeu Pereira Seixas,
policial civil
Rodrigo Palhares Horta,
policial civil
Nélio Aristeu Zeferino,
policial militar
João Pedro Martins,
empresário
Bárbara Flaviane dos Santos,
empresária
José Moreira de Souza,
gerente de pátio de apreensão
Ida do Carmo Bacelete, delegada
de polícia
Any Aparecida Fernandes
Bacelete Belchior Roberto de Rezende Lara, vigilante
Gliber Dias Machado,
comerciante./bahiaextremosul
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