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domingo, 16 de maio de 2021

Datafolha: 49% apoiam impeachment de Bolsonaro, e 46% se dizem contrários

 

A parcela da população que apoia o impeachment do presidente Jair Bolsonaro aparece pela primeira vez numericamente à frente dos contrários ao afastamento, de acordo com pesquisa Datafolha. 

São favoráveis ao processo 49% dos entrevistados ouvidos pelo instituto, ante 46% que se dizem contrários à saída dele do cargo dessa forma. 

Os índices representam um empate técnico dentro da margem de erro e praticamente se inverteram em relação a março deste ano, quando 50% afirmavam se opor ao impeachment, ante 46% que se declararam a favor. 

O Datafolha entrevistou presencialmente 2.071 pessoas em todo o Brasil na terça (11) e na quarta (12). A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. 

A tendência detectada em relação ao impeachment reflete os números negativos para Bolsonaro apontados em outros pontos da pesquisa feita nesta semana. 

O presidente, por exemplo, atingiu sua pior avaliação no mandato nos levantamentos do Datafolha e apareceu muito atrás de seu principal adversário na corrida eleitoral para 2022, o ex-presidente Lula, do PT. 

Avaliam o governo Bolsonaro como ótimo ou bom 24% dos entrevistados, queda de seis pontos percentuais em relação a dois meses atrás. 

Na pesquisa eleitoral, 54% disseram agora que não votariam de jeito nenhum na reeleição do atual mandatário. Em simulação de segundo turno com Lula, teve 32% das intenções de voto, ante 55% do petista. 

O Datafolha mostra que a oposição ao impeachment é maior em alguns segmentos que apoiam Bolsonaro em outros campos da pesquisa. 

A reprovação ao impeachment vai a 52% entre homens e no Sul do país. Também sobe para 60% entre entrevistados que dizem não ter medo do coronavírus, 57% entre evangélicos e 56% entre assalariados registrados. 

Já o apoio ao afastamento cresce entre jovens de 16 a 24 anos (57%), moradores do Nordeste (também 57%), desempregados que procuram emprego (62%) e entrevistados que dizem ter muito medo do coronavírus (60%). 

Entre eleitores do ex-presidente Lula, o apoio ao afastamento salta para 74%. 

Na série de pesquisas do Datafolha feitas desde abril de 2020, o impeachment chegou a ser rejeitado por 53% dos entrevistados em janeiro, ante 42% dos que apoiavam a cassação. 

O resultado agora ocorre em um momento em que o governo se vê desgastado em diferentes frentes diante dos reflexos da pandemia da Covid-19, que já matou mais de 430 mil brasileiros. 

Opositores acusam o presidente de inépcia. A CPI que investiga a resposta à pandemia começou os trabalhos no fim de abril, com depoimentos críticos às interferências do presidente no Ministério da Saúde. A pasta já teve três trocas de comando desde o início da crise sanitária, em 2020. 

Um dos assuntos abordados na comissão é o trabalho do governo para garantir a vacinação, área na qual a atual gestão patina desde o ano passado. 

Capitais suspenderam a imunização por falta de doses nas últimas semanas, e o Instituto Butantan parou a fabricação da Coronavac por falta de insumos, importados da China. 

A incerteza em relação às vacinas também provoca insegurança no campo econômico, que é fortemente afetado pela disseminação do vírus. Há perspectiva de piora na recuperação, diante do novo pico da doença registrado a partir de março e que voltou a provocar fechamento do comércio e restrições à circulação de pessoas pelo país. 

Dezenas de pedidos de impeachment de Bolsonaro foram encaminhados ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), responsável por decidir se dá andamento ou não às solicitações. 

A exemplo do antecessor, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Lira não tem nem rejeitado nem aceitado dar início aos procedimentos. No fim de março, o deputado fez discurso crítico ao governo e lembrou que há "remédios políticos no Parlamento" que são fatais. Mas afirmou que não tinha intenção de usá-los, embora tenha mencionado "um sinal amarelo para quem quiser enxergar". 

Também naquela mesma semana, banqueiros, empresários e economistas publicaram uma carta cobrando mais trabalho do governo em resposta à pandemia. A iniciativa foi lida como um forte revés em um nicho que se alinhou com a atual gestão desde a campanha eleitoral de 2018. 

Em outra mudança de rota à época, o governo trocou o titular das Relações Exteriores, com a saída de Ernesto Araújo, muito identificado com a chamada ala ideológica. 

Lira, hoje aliado de Bolsonaro, não tem prazo para tomar a decisão de dar ou não sequência aos pedidos de impeachment. Caso seja dada sequência, o caso é analisado por uma comissão especial e, depois, pelo plenário da Câmara. Somente com o voto de ao menos 342 dos 513 deputados é autorizado que o Senado abra o processo. 

Nesse caso, Bolsonaro seria afastado até a conclusão do julgamento —ele perderia o mandato caso pelo menos 54 dos 81 senadores votassem nesse sentido. 

No fim de abril, o deputado declarou, em resposta à cobrança por encaminhamento dos pedidos: "Os pedidos de impeachment, em 100%, não 95%, em 100% dos que já analisei são inúteis para o que entraram e para o que solicitaram". 

Uma outra possibilidade de afastamento é por meio da análise de denúncia criminal da Procuradoria-Geral da República. Se o procurador-geral Augusto Aras apresentasse acusação formal contra Bolsonaro, a Câmara precisaria fazer votação para avaliá-la, o que poderia provocar sua responsabilização. Essa hipótese, porém, também parece pouco crível hoje. 

A OAB nacional já defendeu denunciá-lo por crime comum, como infração de medida sanitária preventiva. 

Mesmo nomes de oposição, como Lula e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) já disseram não acreditar na viabilidade de um processo de afastamento no atual momento político. 

Um fator sempre mencionado nos debates sobre impeachment é a mobilização nas ruas, que marcou o afastamento dos mandatos de Fernando Collor (em 1992) e Dilma Rousseff (em 2016). Em meio à pandemia, os protestos contra Bolsonaro não deslancharam até agora. No início deste ano, opositores promoveram carreatas em capitais pelo afastamento, mas o movimento não teve continuidade. 

Fora Bolsonaro | Partido dos Trabalhadores

Com as medidas de isolamento social, um tipo de manifestação recorrente no atual mandato foram os panelaços, principalmente em ocasiões em que Bolsonaro fez pronunciamentos na TV./folha

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