A condenação de Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) torna o cenário eleitoral o mais incerto das últimas
décadas, a menos de sete meses do início da campanha. O PT insistirá com Lula
até o limite das possibilidades, mas é remota a hipótese de o ex-presidente conseguir
disputar sua sexta eleição presidencial. Com o líder em todas as pesquisas de
intenção de voto provavelmente fora da disputa, cresce a incerteza. Não há
favorito claro.
Bolsonaro lidera
Nas pesquisas realizadas até
aqui, Jair Bolsonaro (PSC-RJ, com filiação acertada ao PSL) aparece na segunda
colocação em todos os cenários e, nas simulações sem Lula como candidato, é
sempre o líder. Porém, o eleitorado ele é, em tese, muito diferente do de Lula
- embora sempre haja parcela mais popular, apegada à imagem do petista, mas
também sensível ao discurso contra violência e em defesa da família. As
pesquisas mostram haver discreta migração de votos para Bolsonaro, com Lula
fora da disputa.Na última pesquisa Datafolha, divulgada em dezembro passado,
foram feitas quatro simulações sem Lula. Bolsonaro era líder isolado em todas
elas.
Ciro Gomes é quem mais cresce
Quem tem maior crescimento
proporcional é Ciro Gomes (PDT). Na última pesquisa Datafolha, Ele aparecia com
até 7% nos cenários com Lula. Sem ele, o percentual de Ciro quase dobra: 13%.
Marina Silva é quem mais
ganha competitividade
Marina Silva tem o mesmo
crescimento de seis pontos percentuais. O desempenho dela nos cenários com Lula
é melhor que o de Ciro. Tem até 11%. Sem Lula, ela chega a até 17%. Aparece
tecnicamente empatada com Bolsonaro.Pelos últimos levantamentos, pode-se dizer
que Ciro é quem mais cresce com Lula fora da disputa, mas Marina é a candidata
que mais ganha competitividade. Cogitado como potencial candidato em
substituição a Lula, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) chega a
3%.Porém, a intenção de votos que mais cresce sem Lula, pelo último Datafolha,
é de votos brancos e nulos. O percentual mais que dobra: de até 14% para um
pico de 30%.
Outras alternativas
Mesmo o provável candidato do
PSDB, Geraldo Alckmin, ganha com a saída de Lula. Ele passa de um máximo de 9%
para até 12%. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa
passa de um percentual de até 6% para um pico de 8%. João Doria, outra opção
tucana, oscila de 5% para 6% sem Lula. O senador Álvaro Dias, do Podemos,
alcança até 4% quando Lula é candidato. Na simulação sem o petista, atinge até
6%.
Aliada do petista, mas também
pré-candidata, a deputada estadual gaúcha Manuela D'Ávila (PCdoB) oscila de 2%
para 3% entre os cenários com Lula e sem Lula.
Ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles (PSD) passa de 1% para 2% nas simulações feitas em dezembro pelo
Datafolha de uma eleição com Lula e sem Lula.
Incertezas
O cenário ainda tende a mudar
muito até a eleição. Nomes já surgiram desde as últimas pesquisas, com o
ex-presidente Fernando Collor (PTC). Outros podem entrar, outros sair de cena.
O quadro também muda com a confirmação da sentença contra Lula. E há muito a
acontecer até a eleição.Por ora, todavia, o panorama sem Lula é de Bolsonaro
como único candidato que ultrapassa os 20%, e isso em algumas simulações: o
máximo que atinge é 22%. Isso mostra o quão aberto e imprevisível fica o
cenário para uma campanha que começa daqui a menos de sete meses.
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