O deputado federal Jair
Bolsonaro (PSL) anunciou neste domingo (5) o nome do general da reserva
Hamilton Mourão (PRTB) como vice na chapa para concorrer à Presidência da
República. No início da tarde, o PRTB formalizou a aliança.
Pela manhã, Bolsonaro
participou da convenção estadual do PSL em SP. À tarde, também na capital
paulista, ao lado de Mourão e de Levy Fidelix, presidente nacional do PRTB, ele
comentou a chapa recém-formada.
"No momento, eu deixo de
ser capitão, o general Mourão deixa de ser general, nós passamos a ser a partir
de agora soldados do nosso Brasil", afirmou ele em discurso na convenção
do PRTB.
Hamilton Mourão, por sua vez,
defendeu "um governo austero, honesto, sem corrupção, com eficiência
gerencial, relacionamento republicano com os demais poderes, ou seja, sem
balcão de negócios".
O general provocou polêmicas
recentemente por algumas declarações. Ele fez elogios públicos ao coronel
Carlos Brilhante Ustra, acusado de tortura, já acusou o Judiciário de não ser
capaz de garantir o funcionamento das instituições e defendeu a intervenção
militar.
Intervenção militar e elogios
a Ustra
Antonio Hamilton Martins
Mourão é gaúcho de Porto Alegre, tem 64 anos. Entrou para o Exército em 1972 e
ficou na ativa até fevereiro de 2018.
Ele ganhou notoriedade em
outubro de 2015, quando estava no Comando Militar do Sul e fez críticas ao
governo da presidente Dilma Rousseff. Em uma palestra no Centro de Preparação
de Oficiais da Reserva (CPOR) em Porto Alegre, o general afirmou que era
preciso um "despertar para a luta patriótica" como saída para crise
política do país.
No dia 20 de outubro daquele
ano, a frase foi publicada em reportagem da "Folha de S. Paulo" –
parte da palestra já havia sido relatada pelo jornalista Tulio Milman, no
jornal "Zero Hora".
Em entrevista, Mourão
confirmou ter dito a frase durante a palestra, mas explicou que não se tratava
de uma convocação. Segundo ele, a "luta patriótica" a que se referiu
é o "esforço e empenho de todos os patriotas no sentido de sobrepujar a
crise".
Nove dias depois, o Exército
Brasileiro anunciou sua exoneração do cargo de comandante das tropas na região
Sul, e o transferiu para assumir uma posição na Secretaria de Economia e
Finanças do Exército. O Exército não informou o motivo da exoneração.
Mourão permaneceu na
Secretaria de Economia e Finanças até dezembro de 2017, quando foi transferido
para a secretaria geral do Exército, sem função específica, de acordo com a
assessoria de imprensa, que não divulgou o motivo. Dois dias antes, em outra
palestra, desta vez no Clube do Exército em Brasília, Mourão havia comparado o
governo Temer a um "balcão de negócios".
Ele entrou para a reserva do
Exército em fevereiro de 2018, tecendo novas críticas ao governo Temer em seu
discurso de despedida.
Segundo o jornal "O
Globo", no mesmo dia Mourão chamou de "herói" o coronel
reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que morreu em 2015, aos 83 anos, e
foi chefe do DOI-Codi do II Exército, em São Paulo, órgão de repressão política
durante a ditadura militar. Em 2012, Ustra foi declarado torturador pelo
Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Hamilton Mourão assumiu o
comando do Clube Militar em junho deste ano. Jair Bolsonaro esteve presente na
cerimônia de posse, no Rio de Janeiro./G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário