Novos áudios utilizados pela Justiça italiana na condenação de Robinho por estupro foram divulgados nesta sexta-feira, no quinto episódio do podcast “Os Grampos de Robinho”, do UOL. Em uma das gravações, o jogador admite que fez sexo com penetração com a vítima. Anteriormente, o ex-jogador do Santos e da seleção brasileira tinha afirmado que só havia ocorrido sexo oral.
O brasileiro e seu amigo Ricardo Falco foram condenados na Itália a nove anos de prisão pelo crime de agressão sexual em grupo. Os trechos divulgados mostram Robinho conversando com Falco sobre a noite do crime, ocorrido em 2013, na casa noturna Sio Café, em Milão. Eles discutem sobre os depoimentos que deram para a polícia. As gravações trazem descrições explícitas da cena do abuso e linguagem imprópria.
“Eu comi, pô! Porque ela quis. Aonde eu forcei a mina? Eu comi a mina, ela fez ‘chupeta’ pra mim e depois saí fora. Os cara continuaram lá”, diz Robinho.
Em outro trecho, Robinho
afirma que a vítima “quis” fazer sexo, mas tanto ele quanto Falco admitem que a
mulher estava embriagada. Este fator teria sido determinante para a Justiça
concluir que houve o crime de estupro.
Posteriormente, Falco ameaçou mudar o próprio depoimento ao descobrir que a estratégia de Robinho era incriminá-lo. “Eu sou homem até o fim, porque é o seguinte, num bagulho desse quem tem mais a perder é ele, porque eu podia chegar lá e falar assim: ‘O Robinho comeu a mina mesmo e o caralho’. É sua vida, sua profissão, você se f…”, afirmou Falco a Robinho.
No primeiro episódio da série, Robinho disse que daria um soco na cara da vítima se ela fizesse a denúncia e demonstrou preocupação com a divulgação do caso. “A mina sabe que tu não fez porra nenhuma com ela, ela é idiota? A gente vai dar um soco na cara dela. Tu vai dar um murro na cara, vai falar: ‘Porra, que que eu fiz contigo?'”, disse. “C…, se esse bagulho sair na imprensa, eu vou me f…”
Num dos capítulos anteriores, o brasileiro ri e debocha da condição da vítima, uma mulher albanesa, afirmando que ela teria dificuldade para comprovar a agressão sexual naquela noite na casa noturna em Milão. “Como não tinha câmera, vai ficar embaçado pra mina provar que estupraram ela se ela não tiver grávida”, diz.
O ex-atacante foi sentenciado em última instância a nove anos de prisão pelo crime de estupro cometido contra uma mulher albanesa numa boate em Milão, em 2013, quando atuava pelo Milan. Ele entregou o passaporte e está proibido de deixar o Brasil, mas continua em liberdade pelo fato de o País não extraditar brasileiros. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve retomar o julgamento da ação no dia 2 de agosto. Robinho nega as acusações.
ENTENDA O CASO
De acordo com as investigações e condenação na Justiça Italiana, Robinho e cinco amigos estupraram uma jovem albanesa em um camarim da casa noturna milanesa Sio Café, onde ela comemorava seu aniversário. O caso aconteceu em 22 de janeiro de 2013, quando o atleta defendia o Milan. Ele foi condenado em primeira instância em dezembro de 2017. Os outros suspeitos deixaram a Itália ao longo da investigação e, por isso, a participação deles no ato é alvo de outro processo.
Os defensores de Falco também dizem que seu cliente é inocente, mas pedem a aplicação mínima da pena caso haja condenação. O Estadão esteve na casa noturna em Milão e constatou que o local passou por reforma após o episódio. Procurado pela reportagem em outubro de 2020, o advogado Franco Moretti, que representava Robinho na Itália, reforçou que seu cliente era inocente. O jogador afirmou que toda a relação que teve com a denunciante foi consensual e ressaltou que seu único arrependimento foi ter sido infiel com sua mulher. Robinho é casado.
Em entrevista ao Estadão, o advogado da vítima, Jacopo Gnocchi, revelou à época que ela poderia ter solicitado o pagamento de aproximadamente 60 mil euros (cerca de R$ 400 mil) por danos morais, mas optou por aguardar o andamento dos procedimentos jurídicos. Na sua visão, o tribunal de Milão que condenou Robinho fez uma análise correta do caso.
Transcrições de interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial mostraram que Robinho revelou ter participado do ato que levou uma jovem de origem albanesa a acusar o jogador e amigos de estupro coletivo, em Milão, na Itália. Em 2017, a Justiça italiana se baseou principalmente nessas gravações para condenar o atacante em primeira instância a nove anos de prisão. Os áudios revelados agora já estavam transcritos nos processo.
Além das gravações telefônicas, a polícia italiana instalou um grampo no carro de Robinho e conseguiu captar outras conversas. Para a Justiça italiana, as conversas são “auto acusatórias”. As escutas exibem um diálogo entre o jogador e um músico, que tocou naquela noite na boate e avisou ao atleta sobre a investigação.
Robinho e Falco foram condenados com base no artigo “609 bis” do código penal italiano, que fala do ato de violência sexual não consensual forçado por duas ou mais pessoas, obrigando alguém a manter relações sexuais por sua condição de inferioridade “física ou psíquica”.
Os advogados de Robinho afirmam que o atleta não cometeu o crime do qual é acusado e alegaram que houve um “equívoco de interpretação” em relação a conversas interceptadas com autorização judicial, pois alguns diálogos não teriam sido traduzidos de forma correta para o idioma italiano.
A repercussão negativa sobre
o caso de estupro fez com que Robinho tivesse a contratação suspensa pelo
Santos em outubro de 2020. Ele foi anunciado como reforço pelo clube da Vila
com vínculo por cinco meses. Porém, a pressão de patrocinadores e a divulgação
de conversas sobre o caso provocaram forte repercussão, e o clube optou por
suspender o contrato do jogador. Ele vive em Santos./Notícias ao minuto
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