O juiz federal Sérgio Moro
acolheu pedido da força-tarefa da Operação Lava Jato e marcou para 15 de
dezembro novo interrogatório de Glaucos da Costa Marques e do contador João
Muniz Leite no âmbito de incidente de falsidade aberto para investigar os recibos
de pagamento de aluguel apresentados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva sobre imóveis que são tratados pelos procuradores como supostas propinas
da Odebrecht ao petista.
Após os novos
esclarecimentos, a força-tarefa quer indicar assistente técnico para perícia
sobre os papéis. O magistrado também acatou o pedido. "Quanto ao pedido
para que seja reconhecida a preclusão da modalidade de perícia a ser realizada,
o pedido do MPF de postergação da questão para depois da produção da prova oral
é razoável, já que necessário elucidar, por aqueles que produziram os
documentos, as circunstâncias de sua produção".
Lula é réu em ação penal que
investiga se um terreno em São Paulo aonde seria sediado o Instituto Lula, no
valor de R$ 12 milhões, e o apartamento vizinho ao do ex-presidente, em São
Bernardo, no edifício Hill House - R$ 504 mil - seriam formas de pagamento de
vantagens indevidas da empreiteira. A força-tarefa sustenta que o ex-presidente
nunca pagou pelos imóveis até 2015.
Glaucos da Costa Marques,
primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, é denunciado por ser o
suposto laranja do ex-presidente na aquisição do terreno e do apartamento.
O ex-presidente apresentou os
recibos de pagamento assinados por Glaucos em setembro deste ano. Parte do
material tem os mesmos erros gramaticais e há datas nos documentos que não
existem no calendário, como "31 de novembro". O Ministério Público
Federal investiga a autenticidade dos papeis.
Glaucos tem afirmado que, em
dezembro de 2015, foi visitado pelo advogado de Lula, Roberto Teixeira, no
hospital Sírio Libanês, quando a ele foi prometido que o ex-presidente passaria
a pagar pelo aluguel do apartamento 121 do condomínio Hill House, ocupado pelo
petista. Segundo o engenheiro, um dia depois de receber o compadre de Lula, ele
teria sido visitado pelo contador João Muniz, que teria levado todos os recibos
para que assinasse de uma só vez.
Registros do hospital revelam
que Glaucos foi visitado três vezes pelo contador. No entanto, não consta a
entrada do advogado de Lula no Sírio para visitá-lo. A força-tarefa ressalta
que ele recebeu ligações de Teixeira em datas próximas do dia em que assinou os
papeis.
Defesa
Em nota, o advogado Cristiano
Zanin Martins, que defende Lula, afirmou: "A decisão proferida hoje no
caso dos recibos para reabrir a fase de instrução e coletar novos depoimentos é
totalmente contraditória com a decisão proferida pelo mesmo juiz no caso do
tríplex, em situação idêntica. Naquele outro processo, o Sr. Léo Pinheiro
juntou documentos após o encerramento da fase destinada a ouvir testemunhas e
nós questionamos a autenticidade do material, pedindo a reabertura da coleta de
depoimentos. No entanto, o pedido foi negado.
O MPF fez grande alarde de
que queria periciar os recibos. Os originais foram entregues para essa
finalidade mas agora os procuradores querem reinquirir um corréu que já
apresentou diversas versões sobre os mesmos fatos.
A prova documental que consta
no processo é absolutamente compatível com os recibos emitidos pelo
proprietário e a declaração de quitação neles veiculada. Se houvesse dúvida
sobre a autenticidade dos recibos, o juiz teria determinado a realização de uma
perícia.
Glaucos da Costamarques
jamais negou ser o proprietário do imóvel e jamais apresentou qualquer cobrança
de aluguéis atrasados.
A verdadeira acusação, que
diz respeito a contratos da Petrobras, foi ignorada, porque os procuradores
jamais conseguiram uma prova de que o ex-Presidente Lula tenha recebido
qualquer valor proveniente da petrolífera."/Agência Estado
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