O juiz federal Sergio Moro,
responsável pela Operação Lava Jato, respondeu às críticas feitas por
apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que foi muito açodado ao
determinar o cumprimento da prisão do ex-presidente, na última quinta (5).
Moro deu uma entrevista nesta
sexta (6) a uma emissora de TV chinesa, a CGTN America, pertencente à China
Global Television Network, que transmite em inglês. Segundo o juiz, não havia
razão para adiar o cumprimento da sentença.
"Ele [Lula] foi
condenado por lavagem de dinheiro e corrupção. É preciso executar a sentença.
Simples assim. Não vejo qualquer razão específica para adiar mais", disse
o magistrado na entrevista, em Curitiba. A entrevista já estava marcada antes
da decisão de Moro de mandar prender o ex-presidente.
O juiz admitiu que não se
sente "confortável" em tratar do caso.
"Eu recebi o ofício do
TRF-4 [Tribunal Regional Federal da 4ª Região] ordenando a prisão e
simplesmente a cumpri. Não tenho escolha se não cumprir a ordem", afirmou
Moro.
O juiz disse ainda que a
prisão e condenação de Lula, são importantes, mas que é preciso olhar de
maneira mais ampla para a questão da corrupção na Petrobras, origem das
investigações da Lava Jato.
"Acho que ainda está
cedo para saber se ele vai se entregar ou se a polícia vai ter que realizar a
prisão. Mas eles estão trabalhando", afirmou o magistrado.
Moro vem sendo atacado por
partidários e advogados do ex-presidente Lula por não ter aguardado o
julgamento de novos embargos de declaração na sentença que condenou o petista a
12 anos e 1 mês de prisão no caso do tríplex de Guarujá (SP).
A decisão surpreendeu
inclusive à Polícia Federal, que esperava que a ordem de prisão ocorresse
apenas no início desta semana.
Entrevistas
No momento em que a Operação Lava
Jato completa quatro anos, Moro começou a se expor mais em entrevistas à
televisão, hábito que nunca teve.
Na semana passada, o juiz deu
uma entrevista ao vivo ao programa "Roda Viva",da TV Cultura, em que
defendeu a prisão após a condenação em segunda instância e mandou um recado à
ministra Rosa Weber, do STF, voto decisivo para a rejeição do habeas corpus
para o petista na madrugada da última quinta (5). Moro foi assessor de Rosa no
julgamento do mensalão./bocaonews
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