Nesta madrugada, um grupo no
Facebook criado sem maiores pretensões virou um fenômeno na internet – e não
apenas no Brasil.
“Mulheres Unidas contra
Bolsonaro” atingia a marca de 1 milhão de seguidoras, num movimento
descentralizado espalhado pelo Brasil, com voluntárias arregimentadas às
pressas. Não havia mãos para aprovar tanta gente ao mesmo tempo. Apenas ontem,
foram 600 mil novas seguidoras.
“Grupo destinado a união das
mulheres de todo o Brasil (e as que moram fora do Brasil) contra o avanço e
fortalecimento do machismo, misoginia e outros tipos de preconceitos
representados pelo candidato Jair Bolsonaro e seus eleitores. Acreditamos que
este cenário que em princípio nos atormenta pelas ameaças as nossas conquistas
e direitos é uma grande oportunidade para nos reconhecer como mulheres. Esta é
uma grande oportunidade de união! De reconhecimento da nossa força!”, diz a
descrição no Facebook.
Embaladas pelo sucesso nas
redes, surgiam eventos para tirar o movimento da dimensão digital. Um
manifestação em São Paulo, também criado no Facebook, teve quase 130 mil
pessoas interessadas em menos de 24 horas.
Conheça as idealizadoras do
grupo:
Ludimilla Teixeira,
publicitária de 36 anos, que mora em Salvador, Bahia, teve, no último dia 30 de
agosto, a ideia de formar um Grupo na Rede Social Facebook. Chamou algumas
amigas que participam ativamente de um outro grupo nacional de assuntos do
trabalho para ajudarem na administração e outras mulheres empoderadas.
Pollyanna, Janice, Daniela, Alessandra Patrícia, Ilma, Andrea e Gabriela a
ajudam na tarefa de “tentar” administrar um Grupo que já tem mais de 1 milhão
de participantes e 80 moderadoras. Todas trabalham, a maioria são mães, mas
também se dedicam a impedir que Bolsonaro chegue ao maior cargo do País.
Geyse Magalhães, 31 anos,
estudante de jornalismo e servidora pública. Sempre militei pelas minorias mas
nunca com esse espaço. Acho que ser ouvida é uma das melhores sensações que,
como mulher numa sociedade machista e patriarcal como a nossa, já pude experimentar.
Dávila Medeiros: “sou
nordestina e transexual, tenho 31 anos, uso minhas redes sociais há anos por um
país sem preconceitos, sou humilhada e hostilizada por muitos dos seguidores de
Bolzo, assim como também calada pela próprias mulheres e LGBTs que me seguem,
isso revolta, hoje pensei em desativar meu face com mais de 60mil seguidores,
porque venho cansada de lutar sozinha, quando falaram nesse grupo, eu consegui
ver uma luz no fim do túnel, pois eu sei que vocês são a minha esperança e sei
que jamais iriam me humilhar aqui, porque são mulheres de verdade, por não se
corromperam com essa sociedade desumana e machista, eu tenho profundo orgulho
de vocês e o meu total respeito, não me deixem caminhar sozinha, vocês são a
minha eterna inspiração, estou muito feliz por está aqui, e também quero deixar
um alerta, vamos ter cuidado pra não conseguirem acabar nosso grupo, todo
cuidado é pouco, amo vocês!”.
Bianca Leão, 39 anos,
jornalista e RP. Também sou formada em Letras mas não exerço. Mestrado em
Comunicação Digital. Militante feminista e defensora de mulheres que sofrem/
sofreram violência doméstica. Ter entrado nesse grupo e poder fazer parte dessa
construção é um lindo caminho e prova que, unidas, podemos tudo.
Noêmia Gomes de Azevedo, 39
anos, Florianópolis SCMarqueteira, mãe, engajada na luta contra a violência
doméstica, sou vítima de violência doméstica hedionda, contra o armamento,
engajada na luta contra o racismo e homofobia.
Gabriella Dias, professora de
história: “Em meio a conjuntura atual, de muito retrocesso e perda de direitos,
é de extrema importância a existência de um núcleo onde várias mulheres, de
diferentes ideologias, possam estar unidas com um propósito único. Nos da
esperança saber que não estamos sozinhas na luta pelo direito das mulheres e
das minorias. Esse grupo mostra a todos a força das mulheres.”
Gisele Figueiredo, 45 anos,
jornalista e mestre em conflitos internacionais e cultura de paz pela
Universidade Autonoma de Barcelona. Especialista em Gerenciamento de Crise e
Políticas Públicas pela Universidade La Sapienza, de Roma. “Milito há mais de
20 anos pelos direitos das mulheres, dos sem teto e sem renda. Luto por um País
melhor, onde se combata a miséria com pacificação e geração de renda. Luto para
que as mulheres sejam ouvidas e como tal nunca mais silenciadas e abatidas.
Somos muito mais de um milhão e vamos seguir no combate para que novas gerações
vivam em um mundo menos desigual!
Atualmente vivemos um momento
de grande tensão política. Saber que temos um lugar onde podemos ser ouvidas
sem sermos hostilizadas, sem sermos chamadas de nomes chulos, e sem
colecionarmos adjetivos e ameaças, é incrivelmente motivador. Um lugar onde
mulheres podem expressar suas escolhas políticas sem serem massacradas ou
diminuídas pelo seu gênero. É a nossa oportunidade de mostrar que temos sim voz
e que mulher também tem lugar na política.”
Rafaella Dias, 23 anos,
estudante de direito.
Lilian Nascimento, 40 anos,
publicitária e empresária, ativista há 12 anos, coordenadora do Coletivo
Gameleiras que mobiliza ações em prol das mães solos e a conscientização da
população sobre diferentes tipos de violências contra as mulheres, no interior
de SP.
Grupo no Facebook une 1
milhão de mulheres contra o Bolsonaro
Apesar de ser o líder na
corrida eleitoral (24%) e com mais intenção de voto entre as mulheres (17%), o
candidato Jair Bolsonaro (PSL) tem a rejeição de praticamente metade (49%) do
eleitorado feminino, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta
segunda-feira, 10. As mulheres representam 52% do total de eleitores. Em meio a
um.
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