Ex-prefeito de São Paulo e
vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Haddad
(PT) foi acusado nesta segunda-feira (3), pelo MP-SP (Ministério Público de São
Paulo), de ter cometido os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação
de quadrilha. A denúncia aponta que ele teria recebido, de maneira indevida, R$
2,6 milhões da UTC Engenharia.
A denúncia foi apresentada
pelo promotor Marcelo Batlouni Mendroni, do Gedec (Grupo de Atuação Especial de
Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de
Ativos).
Em nota, a assessoria de
imprensa de Haddad disse que a denúncia não tem provas e que se surpreende com
as ações propostas pelo MP (leia mais abaixo). "É notório que o empresário
já teve sua delação rejeitada em quase uma dezena de casos e que ele conta suas
histórias de acordo com seus interesses", informou a defesa do
ex-prefeito. Esta é a segunda vez que o MP do estado de São Paulo denuncia
Haddad em uma semana.
As duas denúncias da
Promotoria têm como base a delação do presidente da UTC Engenharia Ricardo
Ribeiro Pessoa. Segundo a acusação apresentada ontem, entre abril e maio de
2013, o presidente da empreiteira teria recebido um pedido do então tesoureiro
nacional do PT, João Vaccari Neto, de uma quantia de R$ 3 milhões, que serviria
como pagamento de uma dívida de campanha do recém-eleito prefeito. Os valores
teriam sido pagos meses depois.
"A captação e
distribuição de recursos ilícitos se desenvolveram através de um esquema
montado pela própria UTC, primeiramente por contratos de
prestação de serviços
fictícios e/ou superfaturados, de forma que os valores ou a diferença
retornassem à UTC, mas para "uma conta de Caixa 2" que detinham com
[o doleiro] Alberto Youssef. Depois, Youssef entregaria parte do valor em
dinheiro espécie", relata a denúncia.
Ainda de acordo com a
denúncia, o esquema para captação e transferências de dinheiro foi estruturado
a partir de gráficas. Algumas, eram verdadeiras, e outras pareciam ser de
fachada, de acordo com a acusação.
"Funcionando tanto para
o giro de financiamento de campanhas eleitorais em Caixa 2 como também para a
dissimulação da origem de recursos ilícitos decorrentes de propinas",
aponta a acusação.
Nesse contexto de
dissimulação, ocorreu o pagamento, em parcelas, da vantagem indevida no valor
de R$ 2,6 milhões, de forma direta em favor do PT (Partido dos Trabalhadores) e
de forma indireta em favor do ex-prefeito Fernando Haddad (mandato exercido de
2013 a 2016).
Denúncia do Ministério
Público de SP
No último dia 27 de agosto, o
MP já havia denunciado Haddad por improbidade administrativa. Segundo a
acusação, feita pelo promotor Wilson Tafner, o petista foi "beneficiário
do proveito de vantagem ilícita" e teria enriquecido ilicitamente de
maneira indireta em razão do pagamento de dívidas de sua campanha na disputa
paulistana em 2012, quando foi eleito.
Uma semana antes, o
ex-prefeito virou réu em processo de improbidade administrativa que corre na Justiça
paulista. Segundo a acusação, houve uma série de irregularidades na construção
de uma ciclovia em São Paulo. O petista nega qualquer irregularidade.
A nova denúncia e a ação em
que o ex-prefeito é réu não o impedem de ser candidato na eleição. Na última
pesquisa Datafolha, em cenários onde substitui Lula, Haddad aparece com 4% das
intenções de voto.
A assessoria de imprensa de
Haddad informou que a denúncia não tem provas e que se surpreende com as ações
propostas pelo Ministério Público a partir de "narrativas do empresário
Ricardo Pessoa, da UTC". Em nota, ainda, a equipe de Haddad informou que
na condição de prefeito, o petistas contrariou interesses da empreiteira UTC na
cidade.
A senadora e presidente do
PT, Gleisi Hofmann, também se manifestou sobre a denúncia, a qual considerou
fake news. "Começaram a fazer denúncias fakes contra o Haddad, umas
barbaridades." *Com colaboração de Nathan Lopes, do UOL, em São Paulo
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