A dona de casa Nenê, de “A
grande família”, ainda na TV em preto e branco. A carola ranzinza, dona
Pombinha, em “Roque Santeiro”. A dona de bordel durona, Maria Machadão, de
“Gabriela”.
Era Eloísa Mafalda no seu
melhor papel: o de transformar personagens coadjuvantes em figuras
inesquecíveis. Foi assim, vivendo gente como a gente, que a atriz fez o Brasil
se apaixonar por ela.
“Eu acho que o prazer com que
eu faço personagens, acho não, tenho até certeza, as pessoas dizem para mim na
rua; ‘a gente sente, você passa o prazer de trabalhar, de fazer o personagem’”.
Na novela “O astro”, o marido
de dona Consolação fugiu. O público dava palpite nas ruas. Mãe por vocação, ganhou filhos num sem número
de novelas.
“Eu me sinto a mãe de todo
mundo. Acho que convenço na vida real e na televisão”.
Osmar Prado, filho de dona
Nenê na primeira versão de “A grande família”, é um desses órfãos.
“Não ter vaidade excessiva,
gostar das pessoas, condoer-se da dor alheia. Não sei se eu fui um bom
discípulo, mas tenho consciência absoluta de que ela era mestre nisso”, disse o
ator.
Eloísa Mafalda nasceu Mafalda
Theotto, em 1924, em Jundiaí, no interior de São Paulo.
O começo foi em radionovelas.
A paixão por representar só ganhou as telas da TV quando ela já tinha passado
dos 40 anos, em 1965. Não demorou para se tornar um dos rostos mais conhecidos
do Brasil.
O país admirava cada uma das
“donas” criadas de forma impecável: dona Pombinha, dona Nenê, dona Consolação,
dona Delfina, dona Mariana. O ciclo se encerrou na dona Carmem, na última
novela, “O beijo do vampiro”.
Quando a memória já não
respondia, e começou a falhar, dona Eloísa Mafalda se retirou de cena. Foi
morar em Petrópolis, na serra fluminense. Foi lá que na noite de quarta-feira
(16), o coração de 93 anos parou de bater.
Ela deixa dois filhos, dois
netos, dois bisnetos e milhões de admiradores que já sofrem com a dor da
saudade.
“Ela sempre tinha coisa
engraçada pra contar, sempre tinha uma palavra carinhosa para quem tivesse
alguma dificuldade. Uma pessoa admirável. Atualmente, de repente é uma pessoa
que estava fazendo falta lá em cima, né? O céu está feliz, tem uma estrela
nesse céu brilhando e mais alegre, com certeza”, disse o ator Ary Fontoura./G1
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