Eunápolis; Os quatros
acusados de matar o radialista Ronaldo Santana, há 20 anos, foram absolvidos na
tarde desta quarta-feira (16), no fórum de Eunápolis, após júri popular que
durou três dias.
Já se aproximava das 14
horas, quando o juiz Otaviano Andrade Sobrinho proferiu sentença, anunciando
que os sete jurados – em sua maioria - não consideraram consistentes as provas
que pesavam contra o ex-prefeito Paulo Dapé, o atual vereador Valdemir Batista
Oliveira, o bancário aposentado Antônio Oliveira Santos e a mãe de santo Maria
de Sindoiá.
Os réus haviam sido
denunciados pelo Ministério Público como autores intelectuais do assassinato do
comunicador, ocorrido em outubro de 1997.
Os promotores Ariomar da
Silva e Luiz Ferreira Neto havia a condenação de Paulo Dapé como mandante e os
outros três réus com partícipes.
Após 20 anos, apenas uma
pessoa foi condenada pelo crime, o ex-policial militar Paulo Sérgio Mendes
Lima, que apontou os quatro com mandantes. Paulo Sérgio já cumpriu parte dos 19
anos de condenação, ganhar a liberdade provisória, benefício que acabou
perdendo, sendo obrigado a voltar ao sistema prisional.
Os promotores informaram que
ainda estão analisando se vão recorrer da decisão.
O CRIME - Ronaldo Santana, 38
anos, foi assassinado na manhã de 9 de outubro de 1997, na Avenida Duque de
Caxias, centro da cidade, enquanto se deslocava para o trabalho na Rádio
Jornal, onde fazia denúncias contra a administração municipal, cujo prefeito
era Paulo Dapé. Os três réus ocupavam cargos de confiança no governo.
Baleado por dois homens que
estavam em uma moto, ele morreu pouco tempo depois no Hospital José Ramos Neto.
CRONOLOGIA DO CRIME
9/10/1997 – Ronaldo Santana
de Araújo é assassinado com quatro tiros na Rua Duque de Caxias, quando se
dirigia com seu filho, Márcio Alan, à Rádio Jornal, em Eunápolis, onde
trabalhava. Morreu poucas horas depois no hospital.
16/10/1997 – O delegado
especial Júlio Souza pede a prisão preventiva de Paulo Sérgio Mendes Lima,
suspeito da participação na morte de Ronaldo Santana.
10/11/1998 – Paulo Sérgio
Mendes Lima é preso em Goiânia (Goiás) por seu envolvimento no assassinato de
Sebastião Alves Nogueira, em 8/11/1998, naquele Estado. Ele confessa que foi
contatado para contratar as pessoas que mataram Ronaldo Santana e diz que o
mandante é o prefeito de Eunápolis, Paulo Dapé.
18/11/1998 – Paulo Sérgio
Mendes Lima dá novo depoimento em Salvador e confirma tudo o que disse em
Goiânia.
18/11/1998 – O delegado Júlio
Souza pede a prisão temporária de Maria José Ferreira Souza (Maria Sindoiá),
Antônio Oliveira Souza (Toninho do Caixa) e Waldemir Batista de Oliveira
(Dudu), citados por Paulo Sérgio Mendes Lima em seu depoimento como
intermediários no crime. Eles são levados a depor em Salvador. Negam seu
envolvimento no crime e são liberados em seguida.
19/11/1998 – Em acareação
feita com a funcionária Maria Sindoiá, Paulo Sérgio Mendes Lima confirma seu
depoimento. Maria Sindoiá diz que Lima esteve conversando com ela, mas não para
acertar a morte do radialista.
10/12/1998 – Na data de
comemoração dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, 61
entidades assinam a Carta de Eunápolis pedindo o fim da impunidade.
22/01/1999 – O Departamento
de Direitos Humanos do Ministério da Justiça encaminha ao Ministério Público da
Bahia um pedido para agilizar a investigação sobre o assassinato de Ronaldo
Santana.
5/02/1999 – Paulo Sérgio
Mendes Lima dá um novo depoimento, com registro no cartório de Goiânia (Goiás).
Desmente tudo o que disse antes sobre o prefeito Paulo Dapé. Disse que deu o
primeiro depoimento sob pressão.
4/03/1999 – Paulo Sérgio
Mendes Lima dá um novo depoimento na Delegacia de Investigações Criminais em
Goiânia, novamente desmentindo que a ordem do assassinato havia sido dada por
Paulo Dapé e outros detalhes do primeiro depoimento.
15/03/00 – Lima é condenado,
em Goiânia, por crime de lesões graves com resultado presumível pela
participação na morte de Sebastião Alves Nogueira. A pena de um ano, quatro
meses e 15 dias de privação de liberdade, já havia sido cumprida, porque ele
estava preso desde novembro de 1998. Mas ele permanece na Casa de Prisão
Provisória devido ao pedido de prisão preventiva relativo ao crime de Ronaldo
Santana de Araújo, na Bahia. Diz que está convertido à Igreja Adventista.
27/11/02 - Paulo Sérgio
Mendes Lima foi condenado a 19 anos de prisão pelo assassinato do radialista
Ronaldo Santana. O julgamento ocorreu em Eunápolis e os jurados acataram a tese
do Ministério Público de homicídio qualificado mediante recompensa e o
condenaram por sete votos a zero.
16/05/08 - Os acusados de
mandar assassinar o radialista, enfim, vão a júri popular. Após três dias de
debates entre defesa e acusação, os sete jurados – em sua maioria - não
consideraram consistentes as provas que pesavam contra o ex-prefeito Paulo
Dapé, o atual vereador Valdemir Batista Oliveira, o bancário aposentado Antônio
Oliveira Santos e a mãe de santo Maria Sindoiá. Todos foram inocentados. O
Ministérío Público analisa se vai recorrer./Radar64
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