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quarta-feira, 16 de maio de 2018

Impunidade: Acusados de matar Ronaldo Santana são absolvidos





Eunápolis; Os quatros acusados de matar o radialista Ronaldo Santana, há 20 anos, foram absolvidos na tarde desta quarta-feira (16), no fórum de Eunápolis, após júri popular que durou três dias.

Já se aproximava das 14 horas, quando o juiz Otaviano Andrade Sobrinho proferiu sentença, anunciando que os sete jurados – em sua maioria - não consideraram consistentes as provas que pesavam contra o ex-prefeito Paulo Dapé, o atual vereador Valdemir Batista Oliveira, o bancário aposentado Antônio Oliveira Santos e a mãe de santo Maria de Sindoiá.

Os réus haviam sido denunciados pelo Ministério Público como autores intelectuais do assassinato do comunicador, ocorrido em outubro de 1997.

Os promotores Ariomar da Silva e Luiz Ferreira Neto havia a condenação de Paulo Dapé como mandante e os outros três réus com partícipes.

 

Após 20 anos, apenas uma pessoa foi condenada pelo crime, o ex-policial militar Paulo Sérgio Mendes Lima, que apontou os quatro com mandantes. Paulo Sérgio já cumpriu parte dos 19 anos de condenação, ganhar a liberdade provisória, benefício que acabou perdendo, sendo obrigado a voltar ao sistema prisional.

Os promotores informaram que ainda estão analisando se vão recorrer da decisão.

O CRIME - Ronaldo Santana, 38 anos, foi assassinado na manhã de 9 de outubro de 1997, na Avenida Duque de Caxias, centro da cidade, enquanto se deslocava para o trabalho na Rádio Jornal, onde fazia denúncias contra a administração municipal, cujo prefeito era Paulo Dapé. Os três réus ocupavam cargos de confiança no governo.

Baleado por dois homens que estavam em uma moto, ele morreu pouco tempo depois no Hospital José Ramos Neto.

CRONOLOGIA DO CRIME

9/10/1997 – Ronaldo Santana de Araújo é assassinado com quatro tiros na Rua Duque de Caxias, quando se dirigia com seu filho, Márcio Alan, à Rádio Jornal, em Eunápolis, onde trabalhava. Morreu poucas horas depois no hospital.

16/10/1997 – O delegado especial Júlio Souza pede a prisão preventiva de Paulo Sérgio Mendes Lima, suspeito da participação na morte de Ronaldo Santana.

10/11/1998 – Paulo Sérgio Mendes Lima é preso em Goiânia (Goiás) por seu envolvimento no assassinato de Sebastião Alves Nogueira, em 8/11/1998, naquele Estado. Ele confessa que foi contatado para contratar as pessoas que mataram Ronaldo Santana e diz que o mandante é o prefeito de Eunápolis, Paulo Dapé.

18/11/1998 – Paulo Sérgio Mendes Lima dá novo depoimento em Salvador e confirma tudo o que disse em Goiânia.

18/11/1998 – O delegado Júlio Souza pede a prisão temporária de Maria José Ferreira Souza (Maria Sindoiá), Antônio Oliveira Souza (Toninho do Caixa) e Waldemir Batista de Oliveira (Dudu), citados por Paulo Sérgio Mendes Lima em seu depoimento como intermediários no crime. Eles são levados a depor em Salvador. Negam seu envolvimento no crime e são liberados em seguida.

19/11/1998 – Em acareação feita com a funcionária Maria Sindoiá, Paulo Sérgio Mendes Lima confirma seu depoimento. Maria Sindoiá diz que Lima esteve conversando com ela, mas não para acertar a morte do radialista.

10/12/1998 – Na data de comemoração dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, 61 entidades assinam a Carta de Eunápolis pedindo o fim da impunidade.

 

22/01/1999 – O Departamento de Direitos Humanos do Ministério da Justiça encaminha ao Ministério Público da Bahia um pedido para agilizar a investigação sobre o assassinato de Ronaldo Santana.

5/02/1999 – Paulo Sérgio Mendes Lima dá um novo depoimento, com registro no cartório de Goiânia (Goiás). Desmente tudo o que disse antes sobre o prefeito Paulo Dapé. Disse que deu o primeiro depoimento sob pressão.

4/03/1999 – Paulo Sérgio Mendes Lima dá um novo depoimento na Delegacia de Investigações Criminais em Goiânia, novamente desmentindo que a ordem do assassinato havia sido dada por Paulo Dapé e outros detalhes do primeiro depoimento.

15/03/00 – Lima é condenado, em Goiânia, por crime de lesões graves com resultado presumível pela participação na morte de Sebastião Alves Nogueira. A pena de um ano, quatro meses e 15 dias de privação de liberdade, já havia sido cumprida, porque ele estava preso desde novembro de 1998. Mas ele permanece na Casa de Prisão Provisória devido ao pedido de prisão preventiva relativo ao crime de Ronaldo Santana de Araújo, na Bahia. Diz que está convertido à Igreja Adventista.

27/11/02 - Paulo Sérgio Mendes Lima foi condenado a 19 anos de prisão pelo assassinato do radialista Ronaldo Santana. O julgamento ocorreu em Eunápolis e os jurados acataram a tese do Ministério Público de homicídio qualificado mediante recompensa e o condenaram por sete votos a zero.



16/05/08 - Os acusados de mandar assassinar o radialista, enfim, vão a júri popular. Após três dias de debates entre defesa e acusação, os sete jurados – em sua maioria - não consideraram consistentes as provas que pesavam contra o ex-prefeito Paulo Dapé, o atual vereador Valdemir Batista Oliveira, o bancário aposentado Antônio Oliveira Santos e a mãe de santo Maria Sindoiá. Todos foram inocentados. O Ministérío Público analisa se vai recorrer./Radar64

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