O acordo entre o governador
Rui Costa (PT) e a base aliada, no qual selou o apoio ao nome do deputado
estadual Nelson Leal (PP) à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia
(AL-BA) ainda pode lhe render problemas na composição da Mesa Diretora, podendo
afetar, inclusive, a matemática feita tanto pelos aliados quanto pela oposição
ou menos a ambição dos mesmos.
Ao alçar o deputado Alex Lima
(PSB), que também estava na disputa pela presidência, 1º vice-presidente, Rui
teria bagunçado a proporcionalidade usual do regimento, denunciam deputados.
Conforme fonte do BNews,
embora tenha existido consenso, “a composição da mesa jamais poderia passar por
uma negociação política, ignorando o regimento e a questão da proporcionalidade
e nesse caso, Alex Lima, jamais teria direito a 1ª vice-presidência pelo
tamanho do partido ao qual integra: o PSB, que só elegeu quatro parlamentares”.
As discussões neste sentido
com Nelson Leal tendem a começar logo no início desta semana.
O PT, conforme informações
passadas à reportagem, teria direito, se o regimento for seguido, a dois
assentos na Mesa Diretora por ser a maior bancada na Casa (elegeu 10 deputados
para a próxima legislatura), enquanto o PSD, liderado pelo senador Otto
Alencar, que possui a segunda maior bancada, uma cadeira.
O PP, que é o terceiro bloco
dessa conta, com sete parlamentares eleitos, ficaria de fora por ter levado a
maior fatia do bolo: a presidência, mas viria seguido do PCdoB, que emplacou
cinco deputados e não esconde o desejo por mais espaço.
Somente aí viria o PSB, com
quatro eleitos, acompanhado pelo PDT com três, o Podemos, o PR e PRP: todos com
um representante.
A oposição, por sua vez, que
soma 18 integrantes no grupo, já fala em brigar por três assentos. Contudo, a
conta pode não fechar na disputa pelos 11 postos na mesa e gerar novo racha a
ser resolvido pelo governador.
O PT, de Rui, por exemplo,
não esconde que o seu tamanho eleitoral não vem sendo reconhecido, contemplado
e já se comenta que o partido do governador brigará pela 1ª secretaria, que
hierarquicamente, depois da 1ª vice-presidência, é a mais importante da Mesa. E
nesse caso, irá competir com o PSD de Otto, que também estaria de olho na mesma
cadeira e com a minoria, que não vai querer abrir mão da vaga, hoje ocupada
pelo democrata Sandro Régis.
Procurado pela reportagem, o
presidente estadual do partido, Everaldo Anunciação nega que o acordo possa
gerar qualquer discordância entre os pares no quesito divisão dos cargos,
afinal teria se firmado na base um entendimento político e não matemático, com
apoio de todos.
Se esquivou, porém, quando
questionado sobre o espaço na Mesa, mas admitiu que o partido vai querer manter
a presidência da Comissão da Constituição e Justiça (CCJ), a mais cobiçada dos
colegiados, hoje nas mãos do deputado Rosemberg Pinto (PT), que nesse mesmo
acordo, foi contemplado com a liderança do governo na AL-BA. Everaldo,
inclusive, não deixou de citar o quesito da proporcionalidade.
“Tudo que estiver no
regimento terá que ser respeitado, apenas o que não constar será discutido
politicamente”, disse, enfatizando que o PT ainda não pensou em um nome para
substituir Rosemberg. “Mas essa semana vamos iniciar o debate em torno desses
espaços”, assegurou.
O deputado petista Marcelino
Galo, assim como Anunciação também não negou que exista a questão da
proporcionalidade, que segundo ele é regimental e deve ser levada em
consideração, mas ponderou que a meta é de que novamente as bancadas se reúnam
com Leal e que, “sem discriminar ninguém, haja consenso”.
PSD delimita espaço - O PSD,
por sua vez, já delimitou seu espaço. “Nosso partido só terá direito a uma
cadeira na mesa, obedecendo ao próprio regimento. Essa vaga seria minha, mas eu
cedi a minha colega Ivana Bastos, de forma a ampliar o espaço feminino no
poder, por eu já ser líder do partido e já estar acordado que no próximo biênio
que serei presidente”, explicou Adolfo Menezes, sem citar, entretanto, o espaço
que a legenda vai requerer.
Quanto aos outros assentos,
Menezes disse acreditar em acordo e enfatiza que não existe a obrigatoriedade
de seguir o regimento sempre.
Apesar de o fato ter sido
apontado por alguns deputados como quebra ao regimento, o texto abre brechas e
não impõe a proporcionalidade como único fator de distribuição dos cargos na
mesa.
No capítulo III, do Regimento
Interno da Assembleia, que trata da Eleição da Mesa, o artigo 4º diz: a eleição da Mesa ou o preenchimento
posterior de qualquer vaga farse-á por escrutínio secreto, utilizando-se
cédulas impressas ou datilografadas, atendido sempre que possível, na sua
composição, o critério de proporcionalidade da Representação Partidária.
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