A Comissão de Assuntos
Sociais (CAS) do Senado aprovou nesta quarta-feira (28) um projeto de lei que
permite o cultivo da cannabis sativa para uso pessoal terapêutico, desde que
haja prescrição médica. A cannabis sativa é a planta que dá origem à maconha.
O texto ainda precisa passar
pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ser votado no plenário
do Senado. Em seguida, precisará ser apreciado na Câmara dos Deputados.
Entenda: os efeitos do uso da
maconha no organismo humano
A proposta modifica um trecho
da legislação sobre drogas para ressalvar que deixa de ser crime o semeio,
cultivo e colheita de cannabis sativa para uso pessoal terapêutico.
O texto estabelece que a
produção poderá ser realizada por meio de associações de pacientes ou familiares
de pacientes que fazem uso medicinal da planta. O cultivo deve ser feito em
quantidade não mais do que suficiente ao tratamento, de acordo com o que o
médico prescreveu.
m seu parecer, a relatora,
senadora Marta Suplicy (MDB-SP), argumentou que a eficácia da cannabis sativa
na medicina está comprovada. Ela disse que a planta atua ativamente, por
exemplo, na regulação de funções cognitivas e na resposta ao estresse e à dor.
Hoje, a lei determina que
quem produz a cannabis para consumo pessoal está sujeito à prestação de
serviços à comunidade e ao comparecimento a programa educativo, sem fazer
ressalva ao uso médico.
A proposição teve origem em
uma ideia legislativa que recebeu o apoio de mais de 20 mil pessoas no portal
e-Cidadania do Senado Federal.
Em maio de 2017, a Agência
Nacional de vigilância Sanitária (Anvisa) incluiu a cannabis sativa na Lista
Completa das Denominações Comuns Brasileiras (DCB) sob a categoria de
"planta medicinal".
Discordância
O senador Eduardo Amorim
(PSDB-SE) apresentou um voto em separado discordando do parecer da relatora.
Ele ressaltou que não há dúvida de que a cannabis se trata de uma medicação,
mas se posicionou contra a liberação da produção pelas famílias.
O senador ponderou que o
Estado não terá condição de fiscalizar o plantio e defendeu que o fornecimento
da cannabis seja feito pelo sistema público de saúde brasileiro. Se preciso,
com a importação do produto.
“Minha preocupação é fazer
com que as casas se transformem, com a liberação do plantio, em um laboratório
de entorpecentes”, afirmou.
Senadores discordaram e
observaram que muitas vezes o Sistema Único de Saúde (SUS) não consegue
fornecer medicamentos e a importação elevará demais os custos.
“Quantas vezes o SUS não
deixou de importar o medicamento e atender pacientes?”, questionou o senador
Valdemir Moka (MDB-MS).
A senadora Lídice da Mata
(PSB-BA) discursou na mesma linha. “Nós sabemos da dificuldade do SUS de
importar medicamentos”, disse.
Autoria - A proposta teve
origem em um mecanismo chamado Ideia Legislativa.
Por meio da ferramenta,
qualquer cidadão cadastrado no site do Senado pode oferecer sugestões de
projeto.
Caso a proposta seja apoiada
por 20 mil pessoas em quatro meses, vira uma Sugestão Legislativa e é
encaminhada para a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa
(CDH).
Os senadores da comissão
decidem se a proposta segue adiante ou não./G1
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