Desde 2023, o Ministério da
Saúde está em constante monitoramento e alerta para o aumento de casos de
dengue no Brasil. Nesse cenário, a pasta coordenou uma série de ações para o
enfrentamento das arboviroses, intensificou os esforços e reforçou a conscientização
sobre medidas de prevenção. Uma das iniciativas foi a incorporação da vacina
contra a dengue, que será aplicada na população de regiões endêmicas, em 521
municípios, a partir de fevereiro. O processo foi organizado com Conass e
Conasems – órgãos representantes das Secretarias de Saúde dos estados e
municípios – seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em
Imunização (CTAI) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
As regiões de saúde selecionadas atendem a três critérios: possuem pelo menos um município de
grande porte, ou seja, mais de 100 mil habitantes, com alta transmissão de
dengue registrada em 2023 e 2024, e com maior predominância do sorotipo DENV-2.
Com isso, 16 estados e o Distrito Federal têm municípios que preenchem os
requisitos para o início da vacinação a partir de 2024. Serão vacinadas as
crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra maior
número de hospitalização por dengue – 16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de
2023, depois das pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi autorizada
pela Anvisa. Esse é um recorte que reúne o maior número de regiões de saúde. O
esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre
elas.
A definição de um
público-alvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão
da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório fabricante da
vacina. A primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil no
último sábado (20). O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses
fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está
com entrega prevista para fevereiro. Além dessas, o Ministério da Saúde adquiriu
o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024: 5,2 milhões de
doses. De acordo com a empresa, a previsão é que sejam entregues ao longo do
ano, até dezembro. Para 2025, a pasta já contratou 9 milhões de doses.
O Brasil é o primeiro país do
mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. O Ministério da
Saúde incorporou a vacina contra a dengue em dezembro de 2023. A inclusão foi
analisada de forma célere pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporações de
Tecnologias no SUS), que recomendou a incorporação.
Esforço conjunto
A estratégia de imunização
foi apresentada, nesta quinta-feira (25), em entrevista coletiva na sede do
ministério, em Brasília. Presente à entrevista, a ministra da Saúde, Nísia
Trindade, observou que o enfrentamento à doença deve ser uma soma de esforços.
“O combate à dengue é uma ação de governo, mas tem de ser uma ação também de
cada cidadão, de cada cidadã. É necessário lembrar que os focos do mosquito
estão 75% nas casas, então essa união de esforços é muito importante”,
destacou.
Nísia também comentou a
chegada da vacina ao país e lembrou que o ministério seguirá atuando para que a
imunização contra a dengue se consolide. “A vacina é, de fato, uma novidade
auspiciosa, um instrumento de saúde fundamental. Não obstante, a indústria tem um número
limitado de doses para atender um país grande como o nosso. Vamos continuar
trabalhando para aumentar essa escala de produção de forma combinada com a
empresa” , disse.
“A vacina é mais uma
tecnologia, mas não podemos abrir mão dos outros cuidados com a doença. Ao
longo dos anos, o Brasil continuará em busca de mais imunizantes e esperamos
que outros produtores possam contribuir”, complementou o diretor do Programa
Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti.
Outras ações estratégicas
para enfrentamento das arboviroses
Com o início do período das
chuvas e das altas temperaturas, e diante do alerta emitido pela OMS sobre o
aumento das arboviroses em razão das mudanças climáticas ocasionadas pelo El
Niño, somadas ao cenário nacional de reaparecimento dos sorotipos DENV-3 e
DENV-4, o Ministério da Saúde coordenou uma série de atividades preparatórias
para a sazonalidade de 2024.
De acordo com o Informe
Semanal das Arboviroses Urbanas do Ministério da Saúde, entre as semanas
epidemiológicas 1 a 3 deste ano, foram registrados 120.874 casos prováveis e 12
óbitos por dengue. Em 2023, houve a notificação de 44.753 casos prováveis e 26
óbitos no Brasil. O documento de acompanhamento do cenário nacional foi uma das
iniciativas disponibilizadas para o monitoramento estratégico.
Em novembro, como parte das
ações de comunicação regionalizada, o Ministério da Saúde lançou novas
campanhas de mobilização social, voltadas à realidade de cada região do país e
peculiaridades desse cenário epidemiológico. Em dezembro, foi instalada a Sala
Nacional de Arboviroses, um espaço permanente de monitoramento em tempo real
dos locais com maior incidência das doenças. Com a medida, é possível
direcionar as ações de vigilância de forma estratégica nas regiões mais
afetadas.
Outra iniciativa foi a
realização da reunião nacional de preparação para o período de alta transmissão
de arboviroses, com a participação dos 27 estados e 42 municípios. Em novembro,
a pasta emitiu uma Nota de Alerta sobre o aumento de casos de dengue e
Chikungunya no território nacional./Ministério da Saúde