Ponte em Itamaraju danificada por causa do temporal que atingiu cidade em dezembro de 2021 — Foto: Reprodução/TV Bahia
Pontes e estradas destruídas.
Postos de saúde e escolas ainda sem funcionar. Esse foi o saldo da passagem das
fortes chuvas no final do ano passado em algumas cidades do sul e extremo sul
da Bahia.
Três meses depois, algumas comunidades ainda estão isoladas ou com
dificuldade de acesso. Mais de 2 mil quilômetros de estrada para recuperar. Este
foi o saldo das chuvas de dezembro para a população de Guaratinga, no extremo
sul do estado.
Até agora, a prefeitura
recuperou com recursos próprios cerca de 20% das estradas e poucas pontes. O
município recebeu pouco mais de R$ 260 mil do governo federal, quantia que
ainda não é o suficiente conforme explica Raimundo Matos, secretário de
administração.
"As casas também caíram.
Nós temos um povoado que foram mais de 30 casas. Até o momento nós não tivemos
nenhuma análise que essas casas vão ser recuperadas e agente precisa que o
governo do estado ou federal sinalize com essa possibilidade", explica
Somente em Guaratinga, 25
pontes foram danificadas ou carregadas pela enxurrada. A prefeitura consertou
algumas pequenas, mas as três maiores não tem sequer previsão de revitalização
porque a prefeitura não tem dinheiro pra recuperar. Uma das pontes dá acesso ao
povoado de Monte Alegre. Ela foi interditada porque as duas cabeceiras cederam,
mas os moradores improvisaram uma ponte de madeira para que carros pudessem
passar e ajudar no escoamento da produção.
"Monte Alegre está
isolado de Guaratinga, um carro pesado não tem condições de passar, inclusive a
ponte [de madeira] já está interditada. Não tem ponte, não tem estrada, não tem
nada", diz o agricultor Abel Reis.
Madeira foi colocada em cima da ponte de concreto danificada pelas chuvas em Guaratinga, no sul da Bahia — Foto: Reprodução/TV Bahia
A ponte e as estradas
danificadas têm prejudicado até o retorno das aulas presenciais. O transporte
escolar não tem chegado em muitas comunidades rurais.
"A minha filha está há
dois anos em atividade remota. Tenho vizinhos que não sabem ler, como esse
filho está sendo ensinado? Ele só está sendo induzido a passar de ano",
desabafou a dona de casa Miralva Silva.
A professora Fátima Gonçalves
informou que algumas estradas já estavam deterioradas e a chuva piorou. Além
disso, a situação atual de ensino das crianças é considerada por ela
preocupante.
Outras cidades
Em Jucuruçu, a ponte que dá
acesso a comunidade de Coqueiro está quase em ruínas, mesmo assim motoristas
se arriscam. Na cidade vizinha, em Itamaraju, no trecho da BA-284, a ponte para
o povoado D'alho está danificada e o acesso está comprometido.
Ponte do Coqueiro distrito de
Jucuruçu
As obras já começaram na
ponte que liga os bairros Baixa Fria e Várzea Alegre, que teve as cabeceiras
levadas pela força da água, mas só passam pedestres e motos.
Em Itamaraju as chuvas
comprometeram também uma escola municipal que fica no povoado de Nova Alegria e
atende cerca de 165 alunos.
A estrutura foi danificada e
a escola não resistiu. A secretaria da instituição de ensino está funcionando
em uma das salas do posto de saúde.
Escola de Dário Meira destruída pela chuva forte de dezembro de 2021 ainda não passou por reparos — Foto: Reprodução/TV Bahia
Não há previsão de quando a
escola vai ser reconstruída e por enquanto aulas foram retomadas em um espaço
da prefeitura.
"A gente conseguiu
recuperar toda a parte de computadores, impressora, estabilizadores e toda a
documentação escolar", detalha Janilda Fagundes, a diretora da escola.
Em Dário Meira, das 25
escolas municipais, cinco foram afetadas pela cheia do rio Gongogi. Documentos
importantes foram arrastados pela enxurrada. Pastas com histórico escolar dos
alunos se perderam na lama.
Saúde
Na área da saúde, também há
as conseqüências da enchente. Em Itabuna, o posto de saúde do bairro
Mangabinha, atingido pela cheia do rio Cachoeira ainda não foi reaberto. Do
lado de fora, não há placas indicando reforma. A população está sendo atendida
nesse salão da igreja católica.
"A gente vai procurar um
médico e a gente fica perdido" desabafa o autônomo Eron Reis Santos.
'Saúde é prioridade sempre,
mas nesse caso nosso não está sendo. Eu acho que é descaso, dava para pelo
menos começar a mexer [na estrutura]", diz a aposentada Dinalva Feitosa.
O que dizem as autoridades
Com relação ao dinheiro
destinado à recuperação das cidades atingidas pelas chuvas, o governo do estado
disse que está investindo mais de R$ 50 milhões em obras em quase 13 km de
estradas atingidas pelas chuvas. Informou ainda que e que a Secretaria Estadual
de Infraestrutura (Seinfra) atuou com os consórcios públicos municipais para
reabrir o acesso a cidades que ficaram isoladas e possibilitar a chegada de
ambulâncias e alimentos.
Já o governo federal disse
que está realizando uma série de ações integradas para reduzir os impactos da
chuva.
Sobre o retorno das aulas
presenciais nos povoados que ainda não tiveram os acessos reconstruídos, a
prefeitura de Guaratinga disse que deve acontecer nos próximos dias e que os
alunos com dificuldades de acesso continuarão com o ensino remoto.
Já a prefeitura de Jucuruçu
informou que a reconstrução da ponte que dá acesso a comunidade de Coqueiro custa um valor alto e precisa de apoio financeiro do Governo Federal, por isso,
foram feitos apenas reparos provisórios.
Com relação à BA-284, a
Seinfra disse que o trecho está com obras de pavimentação em andamento, e devem
terminar em dezembro.
A prefeitura de Dário Meira
informou que as aulas já foram retomadas no município. E a prefeitura de
Itabuna disse que o posto de saúde do bairro Mangabinha ficou muito danificado
e que ainda não foi reaberto porque está em reforma./g1 Bahia.