Nesta quarta-feira (29),
especialistas da Universidade de São Paulo (USP) conheceram a fábrica onde
estão sendo montadas as novas urnas eletrônicas Modelo UE 2020, em Ilhéus (BA).
Os técnicos integram o Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores
(Larc) do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da
Escola Politécnica da USP e a visita faz parte do convênio de cooperação
técnica entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a Universidade, firmado ano
passado.
Eles observaram todo o
processo de montagem do início ao fim, com os rigorosos padrões de segurança na
preparação do equipamento. Os componentes das novas urnas encomendadas pelo
TSE, entre eles a placa-mãe e o terminal do mesário, começaram a ser produzidos
em novembro de 2021, em Manaus, pela empresa Positivo Tecnologia, vencedora da
licitação para fabricar o Modelo 2020. Já a montagem final da urna é realizada
em Ilhéus. Do município baiano, as urnas são distribuídas por transporte
terrestre para os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).
Parceria
O acordo entre TSE e USP
prevê o intercâmbio de conhecimento e atividades de pesquisa e inovação em
tecnologias aplicadas ao sistema de votação brasileiro. Para isso, foi criado
um Grupo de Trabalho entre as duas instituições para acompanhar e discutir as propostas
do projeto Eleições do Futuro.
Esse projeto busca construir
uma arquitetura computacional que possibilite uma relação custo benefício
melhor para o processo eleitoral ao longo dos próximos anos. Entre outros
pontos, o convênio prevê estudos para a criação de um novo equipamento ainda
mais efetivo e moderno, o que permitirá diminuir os custos de transporte e
incrementar a logística na preparação das eleições.
Para isso, foca no uso de
componentes eletrônicos com maior capacidade de integração, sem comprometer a
segurança, o sigilo, a auditabilidade e a transparência do sistema.
Segundo o coordenador de
Tecnologia Eleitoral do TSE, Rafael Azevedo, a visita permitiu que os
especialistas da USP entendessem como o sistema eleitoral é complexo e diferente
dos equipamentos eletrônicos normais. “É importante que eles façam uma
avaliação do que existe hoje para poder sugerir melhorias para o futuro de modo
consistente”, explicou.
Azevedo esclareceu ainda que
o convênio entre as duas instituições já começou a desenhar algumas ideias, mas
que ainda precisam ser testadas. “Estamos promovendo encontros para debater
sugestões para depois, se for o caso, planejar algum tipo de projeto piloto ou
simulado adequado para a inovação sugerida”, disse.
Contribuições para evoluir
Os profissionais passaram o
dia percorrendo todo processo de fabricação e as estações utilizadas no
processo de fabricação de urnas e também todos os procedimentos de segurança
aplicados.
Segundo o coordenador de
Modernização do TSE, Celio Wermelinger, o objetivo da participação da equipe da
USP do projeto Eleições no Futuro é contribuir com o TSE na definição de um
novo processo de votação. E uma das partes mais importantes disso é saber
compatibilizar as ideias com a produção dos equipamentos.
O intuito da vinda deles, na
avaliação do coordenador, é conhecer como acontece o processo de fabricação da
urna eletrônica que possui características que vão além de uma produção normal
de um computador. “Com isso, eles poderão analisar e sugerir melhorias no
processo, considerando essas características e num cenário com mais controles
de segurança”, falou Wermelinger.
Na avaliação do professor da
USP, Marcos Simplício, o processo de fabricação da urna é bem complexo e tem
muitas etapas de segurança e de confiabilidade para garantir que não vai haver
falhas durante a produção.
“A nossa vinda até aqui vai
ajudar bastante a entender alguns dos processos e também a pensar em alguns
outros pontos que poderíamos eventualmente adicionar como melhorias. Vimos alguns diagramas de como é feita a
verificação, as chaves, a assinatura, tudo isso garante que não vá rodar nada
na urna que não seja previamente autorizado pelo TSE e deu para entender os
pontos específicos de onde são feitas as verificações de segurança”, explicou.
Simplício apontou, ainda, que
o convênio com o TSE é como se fosse um
Teste Público de Segurança, mas de longo prazo.
“Conseguimos esclarecer
algumas dúvidas e teorias que tínhamos, como hipóteses de tentativa de ataques
ao sistema de votação que caíram por terra”, contou o docente.
Eleições 2022
As Eleições 2022 terão um
total de 577 mil urnas eletrônicas, entre as que serão efetivamente utilizadas
e as de contingência, que poderão substituir um equipamento no caso de algum problema
no dia da votação. Desse total, 224.999 urnas são do modelo mais atual, chamado
UE 2020.
Vídeos Bahia Meio Dia - G1 Bahia
Além de um design mais
moderno, a UE 2020 possui um processador 18 vezes mais rápido que o modelo
anterior. O teclado foi aprimorado e a bateria durará por toda a vida útil do
equipamento. O terminal do mesário também passou por uma modernização e deixou
de ter teclado físico e agora conta com tela sensível ao toque./IC/CM