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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

‘MÃE DA SAÚDE’: Justiça chegou tarde, dona Maria já está cega



A história de luta da itanheense Maria Santiago Lima, de 51 anos, moradora do bairro Monte Santo, em busca de uma cirurgia do olho direito, em razão de um descolamento de retina, não teve um final feliz, ao contrário do que foi informado aqui nas três reportagens da série ‘A mãe da saúde’.

Os R$ 20 mil que o juiz da comarca de Itanhém, Francisco Moleda de Godoi mandou bloquear dos cofres da prefeitura, para o tratamento cirúrgico de dona Maria na rede particular, não mais servirão para esta finalidade porque dona Maria já está cega. As informações são da estudante de direito, Uilta Lima Costa, que é sobrinha e afilhada de dona Maria e é quem acompanha a tia na via-crúcis desde o dia13 de fevereiro desse ano, em busca de apoio da prefeita Zulma Pinheiro e da secretária da Saúde, Eneida Carla Sampaio Arruda para o tratamento.

As reportagens do Água Preta News sobre este assunto foram produzidas a partir das informações contidas na ação civil pública, com pedido de tutela antecipada, que o promotor João Batista Madeiro Neto, ingressou, no dia 17 de agosto, contra o município, para garantir o tratamento de dona Maria. Somente na manhã desta terça-feira (14) o portal de notícias teve acesso à informação de que dona Maria já perdeu a visão.

No dia 16 de fevereiro, o médico cardiologista Aldário Pereira Vaz, que é marido da prefeita Zulma Pinheiro, assinou uma guia do Sistema Único de Saúde, encaminhando dona Maria para tratamento no Hospital Evangélico, na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo.

A guia foi entregue à dona Maria pela auxiliar da secretaria da Assistência Social, Rita da Paixão Soares Lima que, coincidentemente, é mãe do tesoureiro da prefeitura, Leandro Soares Lima. O dinheiro para custear gastos com passagem em Vila Velha, R$ 250, também foi entregue à dona Maria pela auxiliar da secretaria da Assistência Social que, por sua vez, pegou o dinheiro com o filho, o tesoureiro.

Na capital capixaba, de acordo com a sobrinha de dona Maria, a guia assinada pelo marido da prefeita não serviu para absolutamente nada.

No mês de julho, já desapontada, dona Maria protocolou um pedido de assistência na secretaria da Saúde. O documento foi recebido pela coordenadora da Atenção Básica, Rita de Cássia Rodrigues Rizzo.

A reportagem teve acesso ao mapeamento de retina feito por dona Maria no dia 30 de agosto. O exame foi feito apenas no olho esquerdo porque, no olho direito, não foi possível fazer o mapeamento em razão da perda da visão que já estava avançada.

A reportagem também teve acesso a um laudo assinado pelo oftalmologista Henrique Viana, que é especialista em retina, datado de 18 de outubro. Nele o diagnóstico é de descolamento total da retina do olho direito, com quadro de cegueira irreversível. Nesse laudo o profissional relata que não há mais indicação de intervenção cirúrgica, pois as chances de melhora da visão são mínimas, com grande risco de atrofiamento do globo ocular.

De acordo com Uilta, os médicos disseram que a cirurgia deveria ter sido feita com a urgência que foi prescrita no mês de fevereiro, quando o problema foi diagnosticado.

A Justiça, no dia 23 de agosto determinou que fosse feito o tratamento cirúrgico de dona Maria, mas a decisão não foi cumprida pela prefeita e pela secretária. Uma nova decisão do judiciário, no dia 31 de outubro, no entanto, determinou o sequestro de R$ 20 mil para que a cirurgia fosse feita na rede particular e esse valor chegou a ser bloqueado de contas da prefeitura, mas já era tarde demais.

Dona Maria mora na rua Esperança, no bairro Monte Santo com o seu marido Antônio Ribeiro de Sousa, 70 anos, que também é deficiente visual. É ela que cuida do marido.

Sem visão no olho direito, dona Maria também apresenta degeneração retiniana periférica no outro olho, também com risco de descolamento de retina. Como medida profilática, isto é, para evitar o agravamento da doença, foi recomendado aplicação de laser.

O Ministério Público, na ação que moveu contra o município, entendeu que a prefeita Zulma Pinheiro e a secretária da Saúde foram omissas e que esta omissão causou danos materiais ao município de Itanhém e à dona Maria, que está cega de um olho e poderá perder totalmente a visão.

Na entrevista, a sobrinha de dona Maria lembrou que a prefeita Zulma Pinheiro, nas eleições em que se candidatou, frequentou várias vezes a casa da tia, onde já comeu bolo, tomou café e ‘bateu papo’ com o tio, que já era deficiente visual. Ela lembrou também, que os tios “a vida inteira sacudiu bandeira para eles [o grupo político de Neco Batista e Zulma Pinheiro].

CRONOLOGIA

13 de fevereiro, dona Maria é diagnosticada com descolamento de retina, com necessidade urgente de procedimento cirúrgico, em razão do risco de perder totalmente a visão do olho direito.

16 de fevereiro, o médico cardiologista Aldário Pereira Vaz, que é marido da prefeita, assinou uma guia do SUS, encaminhando dona Maria para tratamento no Espírito Santo. Lá, nada foi resolvido.

17 de agosto o promotor João Batista Madeiro Neto, ingressou com uma ação civil pública, com pedido de tutela antecipada, contra o município, representado pela prefeita e pela secretária.

23 de agosto a Justiça determinou que fosse feito o tratamento cirúrgico de dona Maria, mas a decisão não foi cumprida pela prefeita e pela secretária.

30 de agosto foi feito o mapeamento de retina. O exame só foi feito no olho esquerdo, porque o olho direito já estava com a perda da visão avançada.

18 de outubro, um laudo assinado pelo oftalmologista Henrique Viana, relata o descolamento total da retina do olho direito, com quadro irreversível.

31 de outubro, uma nova decisão do judiciário determinou o sequestro de R$ 20 mil para que a cirurgia fosse feita na rede particular. O valor chegou a ser bloqueado de contas da prefeitura, mas dona Maria já estava cega./Água Preta News

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