Compreender os propósitos de Deus muitas vezes pode ser uma tarefa bem difícil, principalmente quando a tristeza bate na nossa porta porque a sete dias Jucuruçu, e região perdiam uma das matriarcas mais queridas a amadas dona Alzira. Lágrimas passam pelos nossos olhos constantemente e o vazio da saudade aumenta o sofrimento severamente.
Hoje a saudade nos faz mais uma visita, mas não vem acompanhada da tristeza como protagonista. Com corações mais confortados, dedicaremos este dia para relembrar os bons momentos que foram compartilhados e como a presença de uma pessoa tão querida foi capaz de transformar tantas vidas abençoadas.
Que a dor da nossa perda possa ser diminuída um pouquinho a cada dia e que daqui para frente esta ausência seja capaz de fortalecer ainda mais os laços das nossas famílias. O vazio que ficou jamais será preenchido, mas com a paz de Deus em nossos corações será bem menos difícil. O céu comemora hoje o 7º dia da vida eterna de uma pessoa muito querida, que para sempre estará na nossa memória e influenciará eternamente a nossa história.
Comprovadamente aquela quarta-feira, 31, o dia amanheceu acinzentado em Jucuruçu, como se o próprio céu chorasse a perda de Alzira Florentina Lima que, aos 80 anos partiu, deixando uma imensa lacuna no seio daqueles que a conheceram e amaram.
Dona Alzira, como era carinhosamente chamada, era uma mulher de fibra, uma guerreira incansável. Natural da cidade mineira de Jordânia, ela encontrou em Jucuruçu seu lar, seu refúgio de paz e amor. Ali, enfrentou todas as adversidades que a vida lhe impôs com coragem e perseverança.
Mãe de 11 filhos, dona Alzira dedicou sua existência aos filhos, ao trabalho e à fé inabalável que a acompanhava. Ao longo de sua jornada, ela criou onze filhos, lavando roupas para os moradores da cidade. Seu suor transformou-se em amor e sustento para aqueles que amavam, construindo uma família unida pelo laço indissolúvel do afeto.
Em 2018, a cidade de Jucuruçu reconheceu sua importância e gratidão ao conceder-lhe o título de “Cidadã Jucuruçuense”. Era um reconhecimento singelo, mas que enchia de orgulho o coração daquela mulher de alma nobre.
Contudo, a vida é cheia de reviravoltas, e nem sempre os dias são gentis. Em 2021, quando as fortes chuvas desabaram sobre o Extremo Sul da Bahia, a casa de Dona Alzira foi uma das atingidas. A cruel fúria da natureza destruiu seus móveis, mas não comprometeu a estrutura do seu lar e ela perdeu os seus mantimentos. Mas mesmo diante da perda, ela jamais se deixou abater.
Nesse momento de dor e desamparo, um raio de esperança surgiu. Os corações generosos de muitos itanheenses se solidarizaram com a situação de Dona Alzira e de sua família. Entre eles, seu filho Damião, um homem de bom coração e conexões sólidas na cidade vizinha de Itanhém. Damião, movido por uma gratidão profunda que se entranhava em sua alma, fez questão de agradecer publicamente a todos que estenderam a mão à sua mãe, a quem ele sempre chamou de "minha rainha".
Em um vídeo comovente que circula nas redes sociais após o falecimento de Dona Alzira, ela aparece cantando "A Namorada que Sonhei", de Nilton César. Sua voz ecoa pelos corações de todos que a amaram, deixando uma memória indelével de sua doçura e força interior.
Em sua residência na Rua Bonifácio José Dantas, no coração de Jucuruçu, o corpo de Dona Alzira repousava em um último adeus. O velório foi carregado de lágrimas e saudades, enquanto amigos e familiares compartilham histórias e momentos vividos ao seu lado.
Nesta quinta-feira, um silêncio solene envolveu a cidade de Jucuruçu, à medida que os amigos e entes queridos se despediam de Dona Alzira. Ela foi sepultada às 17h, no Cemitério Jardim da Saudade. Ali, sob o céu que testemunhou tantas histórias de sua vida, Dona Alzira encontrará sua paz merecida. Seu espírito corajoso e sua dedicação incondicional permanecerão como um legado eterno para todos que a conheceram.
Nas horas sombrias que se aproximam, o sentimento de gratidão vai se misturar com a dor da perda. Gratidão pelas lembranças preciosas que ela deixou, pelas bênçãos que compartilhou e pelos exemplos que inspiraram a todos. Dona Alzira era mais do que uma mãe, era uma força da natureza, uma presença constante de amor e sabedoria.
Seus filhos carregarão o amor e a gratidão por sua rainha, enfrentam agora a difícil tarefa de seguir em frente sem sua presença física. Mas eles sabem que o legado de sua mãe está enraizado em seus corações e em sua alma, guiando-o a cada passo do caminho.
Enquanto as lágrimas são derramadas e os corações se apertam com a saudade, é importante lembrar que a vida de Dona Alzira foi uma jornada repleta de significado. Ela enfrentou desafios, superou obstáculos e tocou inúmeras vidas com sua bondade e generosidade.
A história de coragem e amor de Dona Alzira deve inspirar a todos a abraçar a vida com a mesma determinação. Que possamos honrar sua memória, lembrando-nos de que, mesmo nos momentos mais difíceis, a gratidão deve ser uma luz rumo a um futuro cheio de esperança e superação, como os filhos dela fizeram questão e demonstrar no momento do triste comunicado de sua morte.
Que a lembrança de Dona Alzira nos ensinem a valorizar cada momento, a encontrar a beleza nas pequenas coisas e a compartilhar generosamente nosso amor com aqueles ao nosso redor. Que sua história seja um lembrete de que, mesmo diante das adversidades, podemos encontrar forças dentro de nós mesmos para seguir em frente, transformando desafios em oportunidades e transformando a dor em crescimento.
Que a gratidão seja nosso farol, iluminando o caminho e enchendo nossos corações de alegria e gratidão por cada dia que recebemos debaixo dos céus.
texto Edelvânio Pinheiro, adaptação jucurunet
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