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“Quem tem telhado de vidro não atira pedra no do vizinho”

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sexta-feira, 30 de abril de 2021

Dono de um super conhecimento e talento, um ser humano incrível, estamos falando dele "Cezar Sena" que nos cedeu esse precioso espaço

Que privilegio termos a participação do nosso jucuruçuense  aqui no jucurunet, há tempos estamos tentando esse bate papo com ele, mas devido sua correria, ficava um pouco difícil, mas agora chegou o grande momento, então vamos saber como está a vida desse super talento na arte de ensinar e viver. 

Nome completo? R:

Clério Cezar Batista Sena. 

Idade? R:  48 anos - 18/10/72 

Naturalidade? R: Jucuruçu, BA. 

Nome de sua esposa e seus filhos?

R: Esposa: Cleide

Filhos: Maria Clara e Henrique Cezar 

Quem são seus pais?

R: Altamiro (Miro Pilão) e Maria Sena (Mariazinha). 

Quantos irmãos você tem?

R: 5 irmãos: Cleuma, Cleiton, Cleia, Ronaldo e Renata 

Quando foi que você saiu de Jucuruçu e para onde foi? 

R: Saí em 09 de dezembro de 1996 e vim morar em Vargem Grande Paulista, cidade que fica na região metropolitana de São Paulo. 

Por que decidiu sair de Jucuruçu? 

R: Buscar novas oportunidades de trabalho e de estudo. Devido às posições políticas não conseguia emprego em Jucuruçu mesmo já sendo formado (magistério) desde 1991. Acredito que, infelizmente até hoje, houve poucas mudanças, pois, preferem contratar “cabo eleitoral” ao invés de profissional. Em Jucuruçu deveria ter concurso público. Os contratos são apenas para emergência, como já determina a legislação. 

O que mais você sente saudades de Jucuruçu, sua terra natal? 

R: Além da família e amigos, sinto falta dos banhos de rio e de cachoeira. Após 25 anos, são poucas as saudades. Adaptei-me muito bem aqui. Sou grato a cidade que me acolheu. Como não sou uma pessoa muito saudosista acredito que o presente é o melhor momento. 

Hoje você mora em São Paulo. Conta um pouco da diferença de sair de uma cidade pequena e ir para a maior capital do país? 

R:  Na verdade, não moro na capital. Moro em Vargem Grande Paulista, uma cidade da área metropolitana. Estou a 43 km do centro da cidade de São Paulo. Assim que cheguei me envolvi na dinâmica da cidade. Procurei a igreja católica, onde fui acolhido imediatamente pelo Padre André, que se tornou um grande pai espiritual, amigo e conselheiro. Comecei a participar do grupo de jovens da paróquia e de um movimento chamado “Movimento dos Focolares”, o qual pertenço até hoje. 

Como foi a sua adaptação em sua nova cidade? Você teve muitas dificuldades para conseguir trabalhos? 

R: Como é uma cidade pequena, não tive muitas dificuldades de adaptação. Mas no início senti muitas saudades da família. No primeiro ano morei com meus tios e isso facilitou um pouco esse processo. Assim que fui aprovado no concurso da Prefeitura, aluguei um quartinho no fundo de uma igreja e fui morar sozinho. Em relação ao trabalho, não tive muita dificuldade de encontrar emprego. Cheguei em dezembro e logo em fevereiro já estava trabalhando. Meu primeiro emprego foi como cobrador de ônibus em uma pequena empresa que ligava dois bairros de Vargem Grande Paulista (Jardim Vargem Grande a Capela de São Pedro). No meu primeiro salário já me matriculei numa escola de informática para me preparar melhor e ter novas oportunidades. Mas com apenas 3 meses me despediram. Porém, logo fui contratado pela escola de informática que estudava para cobrir a licença saúde de uma funcionária. Fiquei nesta escola por 10 meses, pois no ano seguinte passei no concurso para professor aqui em Vargem Grande Paulista e pedi demissão da escola de informática. Trabalhei na prefeitura por 10 anos, em várias funções dentro da Secretaria de Educação. Em 2007 passei no concurso para professor do Estado. O objetivo de entrar no Estado era o de obter uma bolsa de estudo para o mestrado, e consegui no mesmo ano. Em 2009 passei no concurso de diretor de escola do Estado de São Paulo, onde atuo até hoje. Sou diretor da maior escola da cidade que atua como Escola de Ensino Integral, onde os alunos e estudam das 7:30h às 16:30h. 

Você é um professor bastante conceituado, fala um pouco deste grande privilégio (por você ter suas raízes interioranas). 

R: Logo que entrei no mestrado, em 2008, fui convidado para lecionar na Faculdade Censupeg, onde ainda atuo. Leciono na pós-graduação no curso de Neuropsicopedagogia. Contudo já atuei nos cursos de Pedagogia, Psicopedagogia, Educação Especial, Gestão Escolar, entre outros. Como a Faculdade tem polo em todas as regiões do Brasil, tive a oportunidade de lecionar em muitos Estados, como no Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, e Goiás por exemplo. Ser do interior ajudou muito, pois consigo me colocar no lugar do outro, entender a linguagem do povo. Eu me sinto honrado e grato à Faculdade Censupeg por acreditar no meu potencial. Lecionar na pós-graduação é um grande desafio, tendo em vista que muitos alunos já têm suas carreiras consolidadas, vêm para o curso procurando aperfeiçoamento e atualização profissional. Grande parte dos meus alunos são pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, professores de educação física, psicomotricistas, psicopedagogo. É um público bem determinado e exigente e isto obriga a me preparar cada vez mais, estando sempre atualizado. Estou concluindo minha oitava pós-graduação. Conhecimento nunca é demais e nem ocupa espaço.   

Você também atua como palestrante e presta esse trabalho em grande parte do Brasil. Como se sente contribuindo de forma grandiosa com a Educação Brasileira? 

R:  Me sinto muito grato e orgulhoso, pois através do meu trabalho consigo compartilhar meus conhecimentos com muitas pessoas, de diferentes áreas do conhecimento, cultura, condição social, etc. Neste sentido, o momento de aprendizagem é sempre recíproco. Na verdade, o professor sempre aprende mais do que ensina. 

O quê o Cezar Sena, sente mais saudades de Jucuruçu, sua cidade, onde você nasceu, cresceu trabalhou e estudou bastante? 

R: Após 24 anos morando aqui, sinto como se tivesse nascido em Vargem Grande Paulista, uma vez que fui muito bem acolhido nesta cidade, que me ofereceu muitas oportunidades de crescimento profissional e que correspondi contribuindo com seu desenvolvimento na área de educação. Ela é uma cidade nova, completou 39 anos em 27 de novembro. Quando aqui cheguei tinha apenas 15 anos de emancipação. Fui da primeira turma de professores do Ensino Fundamental, logo no início da municipalização do ensino (antes era tudo do Estado). Aqui tive a oportunidade de atuar como professor, por meio de um concurso público, coisa que não aconteceu em Jucuruçu, onde me formei no magistério aos 18 anos, mas não conseguir lecionar, pois não apoiava os candidatos vencedores. Em 1998 fiz o primeiro concurso para professor e passei no 3º lugar com apenas o magistério, concorrendo com muitos pedagogos. Mas logo que assumir o cargo de professor me matriculei no curso de Pedagogia. 

Como já falei anteriormente, não sinto mais saudades de Jucuruçu, pois a partir do momento que se estabelece numa cidade, constrói uma família, suas raízes já se estabelecem a relação é outra. Isso não quer dizer que não gosto do lugar onde nasci, pelo contrário. Mas é um gostar de gratidão, pelos bons momentos que vivi. Sempre fui uma pessoa que olha para o futuro e não fico pensando no passado ou no que poderia ter sido. 

Você pretende voltar um dia a morar em Jucuruçu? 

R:  Não penso nisso ainda. Quando me aposentar da direção da escola, pretendo dedicar minha carreira de escritor e consultor, afinal, com a melhoria da tecnologia e internet de alta velocidade, quem sabe não será possível “voltar para casa”? A pandemia nos mostrou que é possível trabalhar de qualquer lugar, desde que se tenha internet de qualidade.

 

E sobre a sua família? Fale um pouco sobre ela. 

R: Conheci minha esposa, Cleide, na igreja, quando participava da paróquia. Após idas e vindas, aceitamos o grande desafio de formar uma família. Temos dois filhos, Maria Clara de 17 anos e o Henrique de 14 anos. Minha família é meu maior bem. Todas as minhas conquistas só foram possíveis graças ao apoio, cumplicidade e incentivo deles, que suportaram minhas ausências em muitos momentos, mesmo dentro de casa, devido à demanda de estudos e nas minhas viagens pelo Brasil a trabalho. Sou grato a Deus pelo dom da paternidade. Em razão dos trabalhos, sei que não dei a atenção que eles mereciam. Uma brincadeirinha à parte: quando nos casamos, numa das cláusulas do contrato pré-nupcial, perguntei a Cleide se ela estava disposta a me dividir com os livros, com os estudos. Ela, no momento da euforia disse: sim! Mas depois viu que não era brincadeira e compreendo o quanto é difícil para ela essa “divisão-competição” com os estudos e livros. Mas com amor e cumplicidade tudo fica bem. 

Cezar Sena é uma pessoa vaidosa? Caso seja, quais são suas vaidades? 

R:  Sim, sou vaidoso. Sempre fui. Gosto de me vestir bem, usar bons perfumes. Não é uma vaidade exagerada a ponto de me deixar ser influenciado pelas tendências consumistas, porém uma vaidade moderada e dentro das minhas possibilidades. Pois sou uma pessoa muito controlada financeiramente. Alguns diriam que sou pão duro. Mas na verdade sou alguém que aprendeu com a vida e com leituras a gastar apenas o que já tiver ganhado. 

Você acha que fez uma escolha certa indo para São Paulo ou ainda pretende morar em outra cidade brasileira? 

R:  Sim, foi a escolha mais assertiva que fiz. Pois me possibilitou estudar, escolher vários trabalhos. Fui aprovado em vários concursos para professor, diretor e psicopedagogo na região (Cotia, São Roque, Barueri, Carapicuíba). Trabalhei durante um ano na prefeitura de Barueri, então, quando passei no mestrado tive que pedir exoneração. Não tinha como trabalhar no Estado, na prefeitura e ainda fazer o mestrado. A vida é feita de escolhas e em cada escolha há uma renúncia. A cidade de Vargem Grande Paulista me acolheu e ofereceu oportunidades de crescimento profissional. Sinto-me muito bem aqui. Como mencionei antes, talvez somente após aposentar. Entretanto, não pensei ainda para qual cidade iria. Quem sabe para uma cidade do litoral? 

Fale um pouco sobre a sua religiosidade? 

R:  Sou um homem de fé e oração diária. Tenho consciência que tudo que acontece na minha vida é permissão de Deus. Ele já me livrou de muitas turbulências. Tive uma educação religiosa, influenciado por minhas tias catequistas. Aos 13 anos já era catequista e dos 15 aos 21 anos, quando ainda não havia padre em Jucuruçu, eu coordenava a comunidade de São Sebastião. Celebrava a liturgia aos domingos, grupos de jovens, legião de Maria, pastoral da criança, dentre outras atividades. Quando vim para São Paulo não tinha intenção de continuar participando da igreja. Mas na mesma semana que cheguei fui atraído para a missa dominical, e lá conheci o Padre André, que cuidou de mim como um filho. No final da missa fui me apresentar e logo me convidou para ir lanchar com ele e outros jovens numa padaria perto da igreja. Logo comecei a participar do grupo de jovens novamente. Desde 1997 participo do Movimento do Focolares (movimento ecumênico, com raízes católica, fundado durante a 2ª guerra mundial por Chiara Lubich na Itália) que tem como carisma “Que todos sejam um”. Este movimento contribuiu e ainda contribui muito para minha formação pessoal, espiritual e emocional. 

Uma frase que define o Cezar Sena? 

R:  “Toda escolha pressupõe uma renúncia”.

Nunca permiti que alguém limitasse as minhas capacidades. Ninguém conhece minhas fragilidades e potencialidades melhor do que eu. 

Cezar Sena, por Cezar Sena. 

R:  Uma pessoa determinada, focada e disciplinada. Alguém que acredita na vida e nas pessoas. Tenho consciência da minha atuação profissional e política. Não me furto a opinar e a apontar incoerência. Sei que com o meu trabalho e estudo posso contribuir positivamente para uma sociedade melhor. 

Como o Cezar Sena vê atual a situação da política brasileira em relação à Educação? 

R:  Com muita preocupação e um certo desânimo. Não gosto desta sensação, pois essencialmente sou uma pessoa otimista. Mas analisando friamente o cenário atual, as perspectivas não são positivas. A educação está estagnada, os índices educacionais não avançam. Estamos vivendo tempos sombrios e de retrocesso. Infelizmente não vejo perspectivas positivas a curto e médio prazo. 

Como você enxerga o papel da Educação da sociedade? 

R:  Enxergo hoje como que sempre enxerguei.  Que a Educação é a chave para qualquer mudança numa sociedade. Os países que conseguiram grandes avanços foram aqueles que investiram estrategicamente num modelo de educação inclusivo e para todos, focando no desenvolvimento de talentos, na pesquisa e na remuneração adequada para os professores. A questão educacional no Brasil é uma questão estrutural, falta de uma ação sistêmica de Política de Estado. Enquanto as políticas públicas educacionais forem dos governos, seja Municipal, Estadual ou Federal, continuaremos enxugando gelo. A cada mudança de gestor, o novo quer sempre apagar o que o antecessor fez, mesmo se as propostas e projetos estejam dando certo. Estamos sempre recomeçando a cada quatro anos. É impossível ter resultados duradouros e consistentes se não há continuidade. 

Sabemos muito bem que o Cezar Sena é uma pessoa superinteligente, um grande intelectual. Você se inspira em alguém ou isso é uma identidade própria? 

R:  Não me considero “superinteligente”. Sou alguém que sempre gostou de aprender e de estudar. Sou um leitor desde criança e ainda leio de tudo. Desde livros científicos, romances, livros de autoajuda, espiritualidade, gibis, revistas, etc. Talvez por isso alguns acreditam que sou um pouco inteligente. Sabemos dos benefícios que a leitura traz para todos os nossos campos de atuação. Em relação a ser uma pessoa intelectual, não sei se sou tanto assim. Apenas me esforço a cada dia para ser o melhor professor para os meus alunos, porém não o melhor no sentido de competição e sim na intenção de oferecer o melhor de mim. Tenho dedicado meus últimos 20 anos ao estudo do processo de aprendizagem e como esse processo se forma. Fiz algumas pós-graduações que colaboraram muito para minha formação intelectual, sendo algumas delas: Mestrado em Educação – Psicologia da Educação (PUC/SP), Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica (Censupeg), Especialista em Gestão Escolar (USP), MBA em Gestão Empreendedora: Educação (UFF- Universidade Federal Fluminense), Psicopedagogia Institucional e Clínica e Especialista em Educação Infantil (Universidade Castelo Branco). Além de Coach pela Sociedade Latino Americana de Coach (SLAC). E outros cursos de atualização. Acredito que para ensinar é preciso estar disposto a aprender sempre. O professor não pode parar de estudar nunca. Sou um professor exigente, sendo assim, não deixo o aluno oferecer apenas o mínimo, tento “arrancar” dele o máximo possível, pois acredito no potencial de cada um. 

Se você não fosse professor, qual profissão escolheria? 

R:  Advogado ou psicólogo. Pois gosto de saber de legislação e também de conhecer um pouco da psicologia humana. No entanto, como professor posso exercer estas duas funções. Quando ajudo os meus alunos a lutarem por seus direitos, acaba atuando um pouco como advogado deles e, no desenvolvimento do autoconhecimento, atuo na área da psicologia. 

Como é sua relação com seus alunos? 

R:   Uma relação de afeto, respeito e admiração recíproca. Graças a Deus recebo muitos feedbacks positivos dos meus alunos sobre o quanto influenciei em suas decisões e práticas pedagógicas. Alguns dizem que minhas aulas fizeram rever vários conceitos e escolhas profissionais. Guardo comigo vários relatos emocionantes que me ajuda manter firme no propósito, principalmente naqueles momentos de desânimo. 

Na sua opinião, o que poderia ser diferente? 

R:   Deveria haver um marco regulatório que obrigasse os gestores eleitos a dar continuidade às políticas públicas educacionais com resultados positivos e com avaliações sistemáticas dos resultados. Formação de professores voltado para práticas efetivas de gestão de sala de aula e de conteúdo. Ou seja, que ensinasse aos professores como ministrar aulas (didática), com procedimentos pedagógicos validados cientificamente e não apenas discurso pedagógicos com concepções de ensino descontextualizado e importadas de outros países sem levar em consideração as reais necessidades. Acredito que a melhor estratégia de formação docente seria aquela onde se perguntasse aos professores sobre as suas necessidades e não oferecer cursos prontos onde eles deveriam apenas “aplicar”. Pela minha experiência de formador e gestor, é preciso ensinar aos professores técnicas de ensino ao invés de apenas correntes pedagógicas. Para ensinar bem é necessário técnicas e procedimentos padronizados e validados. Portanto, é preciso ensinar aos professores como ensinar. 

Quais são os métodos que você pode usar para ensinar? 

R:  Hoje, aqueles que foram meus alunos já são profissionais de diversas áreas, como pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos e outras licenciaturas, a busca pela especialização tem uma realidade bem diferente. São pessoas que na grande maioria já aprendeu a aprender. Leciono no curso de Pós-graduação em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional. No entanto, há um consenso que não existe um método único e eficaz. O melhor método é aquele que leva em conta os mecanismos que os alunos utilizam para reter e armazenar os conhecimentos. Com a pandemia evidenciou-se a importância do ensino híbrido, que é uma abordagem pedagógica que envolve momentos/atividades presenciais e à distância. As atividades devem ser complementares, de modo a favorecer o desenvolvimento do estudante, a personalização da aprendizagem e a promoção de sua autonomia. Neste aspecto a Neurociência aponta várias pistas. Assim, o método mais eficaz é aquele que leva em conta os estilos de aprendizagem e individualidade dos alunos.  

Como você tem usado ou como você vai usar a tecnologia em sala de aula? 

R:  Desde o ano passado minhas aulas acontecem por EPV (Encontro Presencial Virtualizado). Termo usado pela Faculdade Censupeg, onde trabalho. Na semana anterior ao encontro presencial, posto no ambiente de aprendizagem da Faculdade os artigos e documentos a respeito da aula e no dia do encontro presencial (sábado, das 8h às 18h). Eu e os alunos interagimos virtualmente. Uso slides, questões problematizadoras, vídeos (curtos) e atividades pelo google forms. Durante todo o dia vou ensinando e compartilhando os conteúdos com os alunos, instigando-os a interagir e participar ativamente da aula. Não gosto de aula-palestra, onde o aluno é passivo e apenas escuta o professor falar. Gosto de aula viva, ativa e dinâmica como questões onde os alunos buscam as melhores possibilidades conjuntamente. O bom professor de hoje não é aquele que dá as respostas corretas, mas sim aquele que provoca reflexões por meio de questões norteadoras que não têm necessariamente apenas uma resposta.   

O que dizer sobre aqueles que pensam que professor só briga por salário e esquece o aluno? 

R:   Digo para “passar” uma semana como estagiário com uma turma de 6º e 7º ano com 40 alunos na sala numa escola pública de periferia para conhecer a realidade dos professores. Dar opinião sem conhecer a realidade é fácil. Estamos cheios de “especialistas” em educação, principalmente agora neste período de pandemia. Para os professores, digo que continuem brigando por melhores salários e condições de trabalho. Pois de fato nosso país não valoriza com salários dignos os profissionais da educação. Agora, em relação a esquecerem dos alunos, é uma questão complexa. Pois isso não tem nenhuma relação com a reivindicação por melhores salários. Sabemos que em todas as profissões há pessoas que deixam a desejar. Mas com certeza esses são a minoria. Conheço professores fantásticos que apesar dos baixos salários e das condições de trabalho, continuam ensinando muito bem os seus alunos. Se reinventando e se expondo para ensinar a todos. O fato e que nem todos querem aprender.  

Já pensou em desistir? 

R:  Sim, claro! Muitas vezes. Mas logo desisto de desistir (risos). Acredito que “você é para o que você nasce”. Me encontrei como educador. Sei que com o meu trabalho posso colaborar com meu país. Hoje, como diretor de escola e professor universitário posso influenciar ainda mais. 

Um sonho? 

R:   Só um? Tenho vários. Transformo meus sonhos em metas. Metas são mensuráveis, com datas determinadas. Já o sonho, este é muito subjetivo, ficando muitas vezes no campo das intenções e desejos. Uma das metas a curto prazo é a publicação do terceiro livro (já em produção), sobre a contribuição da Neuropsicopedagia para a melhoria da prática docente. Outra meta, a médio prazo, é me matricular no doutorado e, por fim, após aposentadoria da direção, daqui mais ou menos 10 anos, dedicar-me a carreira de escritor e consultor.

Se tivesse que gravar agora áudio pelo WhatsApp para os alunos de todos os rincões do Brasil, o que você diria? 

R:   Estude, estude e estude. É o caminho mais seguro para a melhoria da qualidade de vida e para a transformação social. Não acredite em tudo que lê ou escuta, principalmente pelo WhatsApp. Leia livros de autores clássicos, consulte sites de instituições sérias. Não acredite em salvadores da pátria, que alguém irá vir e resolver todos os problemas, isso é ilusão. A mudança só acontecerá se você fizer sua parte com responsabilidade e solidariedade. Lute pelo que acredita e, acima de tudo, tenha um propósito de vida! É ele que mobilizará suas ações. Acredite no seu potencial. Sempre! 

Vargem Grande Paulista, SP. 21 de abril de 2021.

3 comentários:

  1. Cezar, que entrevista! Foi uma aula de vida com propósito é esforço e amor. Muito amor às pessoas, ao conhecimento, à educação, ao país. Parabéns! Fico feliz por ter participado do início da sua brilhante carreira!

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  2. Cesa Sena de Jucuruçu para o mundo e da PJ também.

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Jucuruçu - Bahia. Pedaço bom do Brasil.