RIO - Preso na manhã desta quarta-feira, 16, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) foi transferido na noite desta quinta-feira, 17, do Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio, para o presídio Frederico Marques, no complexo penitenciário de Bangu, na zona oeste. A ordem de transferência foi do juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da 100.º Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, que já havia emitido a ordem de prisão preventiva (sem data para terminar) contra o ex-governador, acusado de compra de votos.
A transferência de Garotinho foi tumultuada. Sua mulher, a ex-governadora Rosinha Garotinho, atual prefeita de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, pelo PR, e Clarissa Garotinho, uma das filhas do casal e deputada federal pelo mesmo partido, choraram e protestaram contra a ordem judicial. Mas não adiantou: o ex-governador foi levado por policiais federais para Bangu - mesmo complexo onde também chegou nesta quinta-feira Sérgio Cabral (PMDB), outro ex-governador e ferrenho adversário político de Garotinho.
Na decisão em que determinou a transferência, o juiz eleitoral alegou ter tomado conhecimento de que o ex-governador estava “recebendo diversas regalias no Hospital Souza Aguiar”. Garotinho foi transferido para essa unidade de saúde às 18h15 desta quarta-feira, após reclamar de crise hipertensiva enquanto aguardava, na sede da Polícia Federal no Rio, transferência para a PF em Campos.
“Nenhum preso tem direito a qualquer regalia ou tratamento diferenciado, seja em unidade prisional ou hospitalar, situação que a par de ferir a isonomia constitucional constitui, em tese, crime para quem presta a referida regalia. Mostra-se imperioso fazer cessar quaisquer regalias que o réu possa estar recebendo”, escreveu o juiz na decisão desta quinta-feira.
Oliveira afirma que “o referido complexo penitenciário (de Bangu) é provido de uma Unidade de Pronto Atendimento e, segundo foi informado pelo diretor do sistema penitenciário, naquela unidade prisional é possível realizar o tratamento adequado”. No presídio Frederico Marques, o ex-governador deve ser submetido à dessensibilização, procedimento preparatório para outro exame, que será feito em um hospital público, provavelmente na próxima segunda-feira, 21.
“Realizada a dessensibilização, o custodiado deve ser encaminhado ao Hospital Aloysio de Castro para que lá seja internado com objetivo de realizar o exame descrito. Com o resultado do exame, poderá ser proferida nova decisão decidindo o local onde o réu ficará custodiado”, determinou o juiz. Aloysio de Castro é o nome oficial do Instituto Estadual de Cardiologia, situado no Humaitá, na zona sul do Rio.
O advogado de Garotinho criticou o juiz pela ordem de transferência, feita segundo ele contra a opinião de médicos: “É lastimável um juiz ultrapassar protocolos médicos e usar a força para retirar um paciente de um hospital. Jamais se viu decisão tão prepotente, arbitrária e desumana”, afirmou Fernandes.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde negou que Garotinho tenha recebido regalias no hospital Souza Aguiar e afirmou que, devido à repercussão do caso, uma sala do hospital foi reservada aos familiares do ex-governador para evitar que a rotina da unidade de saúde fosse alterada.
Prisão. Garotinho foi preso às 10h30 de quarta-feira por policiais federais em um apartamento na Rua Senador Vergueiro, no Flamengo, na zona sul do Rio. A prisão preventiva foi parte da Operação Chequinho, que investiga o uso do programa Cheque Cidadão, do município de Campos, para obter apoio eleitoral.
Garotinho é secretário de Governo de Campos, cidade governada pela mulher dele, a ex-governadora Rosinha Garotinho, também do PR. Antes da eleição de 2016, quase 20 mil moradores da cidade teriam ganho irregularmente o benefício, em troca de votos. Enquanto esperava a transferência para Campos, onde ficaria detido na sede da Polícia Federal, Garotinho afirmou estar com crise hipertensiva e acabou transferido para o Souza Aguiar.
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