O
Chile decidiu nesta segunda-feira a suspensão temporária de suas importações de
carne do Brasil, depois das revelações feitas pela Operação Carne Fraca,
informou o ministério da Agricultura. "O
fechamento do mercado brasileiro de carne é temporário, até que eles informem
se há frigoríficos autorizados a exportar para o Chile", informou o
ministro da Agricultura, Carlos Furche, em sua conta no Twitter.
A
Polícia Federal (PF) revelou na sexta-feira um esquema em que fiscais
sanitários supostamente recebiam subornos dos frigoríficos para autorizar a
venda de alimentos não aptos para o consumo. Mais
de 30 pessoas foram detidas até o momento, três frigoríficos foram fechados
temporariamente e 21 se encontram sob investigação. Entre os suspeitos figuram
empresas como JBS, BFR e Peccin, pesos pesados do país.
"Estamos
desde sábado analisando a situação em relação à investigação que acontece no
Brasil, por parte do Ministério Público, por alguns delitos cometidos por
alguns frigoríficos brasileiros no tratamento das carnes de boi destinada tanto
para o consumo local como para as exportações", declarou Furche.
O
ministro brasileiro da Agricultura, Blairo Maggi, disse entender que o Chile
suspenda as importações dos 21 frigoríficos suspeitos de vender produtos
impróprios, mas advertiu que não ficará de braços cruzados em caso de bloqueio
total à carne brasileira. "Se for preciso adotar uma reação mais forte,
faremos isto, sem qualquer dúvida".
"Nós
somos grande importadores de produtos do Chile - peixes, frutas - e os
produtores brasileiros vivem reclamando que deveríamos criar barreiras",
acrescentou o ministro, garantindo que conta com o consentimento do presidente
Temer para agir. "O comércio é assim, não tem só bonzinho. Comércio tem
que ser feito na cotovelada e se eu tiver que ter uma reação mais forte com o
Chile eu terei".
Furche
reagiu às declarações de Maggi declarando que o Chile não vai atuar "em
função de ameaças". "Para poder tomar decisões necessitamos de
informações e é o que estamos solicitando às autoridades do Brasil, porque
nosso interesse é normalizar o comércio, mas normalizar o comércio cuidando dos
consumidores chilenos". O Brasil é o segundo fornecedor de carne de Chile
com 37.000 toneladas anuais, enquanto que o Paraguai é o primeiro exportador
com 39.000 toneladas, segundo dados do governo chileno.
Em
novembro, o Ministério da Saúde do Chile emitiu um alerta diante da possível
contaminação com parasitose de carne importada desde Brasil, cuja venda e
distribuição foi proibida. O alerta foi emitido com o aparecimento de
"lesões compatíveis com parasitose", em carne embalada brasileira
descoberta por um consumidor que a adquiriu em um supermercado do porto de
Valparaíso (120 km a oeste de Santiago) na terça-feira, indicou a nota do
Ministério da Saúde.
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