O presidente Michel Temer
(PMDB) defendeu a carne brasileira, que qualificou como a "melhor do
mundo", e fugiu de questões polêmicas como as delações da Odebrecht, a
situação do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e a alta de impostos.
A defesa da carne nacional,
colocada em xeque com a Operação Carne Fraca, foi feita nesta sexta-feira (24)
pelo presidente durante cerimônia de entrega de 1.300 unidades habitacionais do
programa Minha Casa Minha Vida, no Parque Residencial da Solidariedade, em São
José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo).
A cerimônia começou com uma
hora de atraso e, ao ser anunciado, Temer foi vaiado por um grupo presente ao
evento. Duas pessoas gritaram "Temer golpista" quando teve o nome
citado pelo prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (PMDB), que defendeu as
reformas em curso no país.
Em seu discurso, Temer
afirmou que "a carne não é fraca". "A carne brasileira é a
melhor carne do mundo", disse.
Em seguida, elogiou o
ministro Aloysio Nunes Ferreira, que é de Rio Preto. "Ele pegou a chamada
Operação Carne Fraca sabendo que a nossa carne é forte. E logo começou a
trabalhar ao nosso lado, ao lado do Blairo Maggi [Agricultura] para
imediatamente estancar essa possibilidade eventual de uma restrição à compra da
carne brasileira."
Segundo Temer, Aloysio tem
feito trabalho para reduzir as reações. "Ontem [quinta] já começaram a ser
reduzidas. A Coreia do Sul, por exemplo, que é grande compradora nossa,
suspendeu, mas imediatamente no dia seguinte voltou a autorizar a compra da
carne brasileira."
Elogiou também o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), presente ao ato, a quem disse que o
Brasil o "aplaude". Após a entrega, em coletiva,
Temer falou da "responsabilidade social" do governo, com a entrega de
moradias, da recuperação gradual dos empregos e disse que a economia está
melhorando, quando uma jornalista o interrompeu e perguntou sobre alta de
impostos.
Temer pediu para que o
deixasse terminar. "Depois a gente conversa. Se você me permitir",
disse o presidente, que voltou a falar da redução dos juros e da credibilidade
do país no exterior, além da liberação de R$ 87 milhões para a duplicação da
BR-153.
Após sua fala inicial, quando
questionado simultaneamente por jornalistas sobre a possibilidade de alta de
impostos, a situação de Padilha no governo, o impacto das delações da Odebrecht
e se havia prazo para a duplicação da rodovia, respondeu somente que espera
entrega-lá até o ano que vem e deixou o local.
Depois de sair do conjunto
habitacional, Temer e outros políticos presentes ao ato foram para um almoço
numa fazenda da cidade, restrito a 150 pessoas.
Segundo o Ministério das
Cidades, o investimento do governo federal na obra foi de R$ 111 milhões e
5.000 pessoas serão beneficiadas. As moradias foram destinadas a famílias com
renda mensal bruta de até R$ 1.800 (faixa 1 do programa).
O programa, segundo o
ministro Bruno Araújo, passará a atender a partir de agora cidades com menos de
50 mil habitantes. A decisão foi publicada no "Diário Oficial" da
União desta sexta-feira (24).
PROTESTO
Um grupo de cerca de 50
pessoas protestou contra a Reforma da Previdência em frente ao local em que as
casas foram entregues. O ato reuniu manifestantes da Apeoesp, CUT, MST e
Sindicato dos Servidores da cidade.
Durante a entrega de Chaves a
moradores, outro manifestante gritou que "Temer resgata a escravidão no
Brasil"./bocaonews
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