Divulgado no início de junho pela Agência Brasil um relatório da Unicef aponta dados que nos entristece. As crianças com algum tipo de deficiência tem menos oportunidades e menos recursos e serviços que as demais crianças. E o pior: a exclusão não está restrita a um setor específico mas atropela direitos básicos, como o acesso à educação e à saúde.
No relatório consta que em inúmeros casos essas crianças são objeto de discriminação e abusos. No Brasil 29 milhões de crianças até os 9 anos de idade tem algum tipo de deficiência, segundo o último Censo. É preciso, no entanto, detalhar quantas são, quais são e de que forma essas deficiências afetam suas vidas.
A inclusão ainda é um desafio em todo o mundo. Em nosso país convivemos com a ausência de programas de tratamento especializado e de políticas públicas para o setor. Poucas instituições ultrapassaram o básico que é o acolhimento. Apenas algumas conseguem trabalhar o tema e consequentemente a promoção da autonomia dessas crianças.
Uma delas é o NACPC – Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral – que atende de forma séria e eficiente bebês, crianças e jovens. Fundado em 2001 e com parceria com a Secretaria Municipal de Educação desde 2003, o Núcleo abriu as portas para a escola funcionar dentro do seu espaço, agora uma área de quase 10 mil m² no Alto de Ondina. Lá funciona a Escola Municipal dr. Fernando Montanha Pondé, que já virou referência no Brasil pela adoção do projeto educacional que cuida da articulação para a frequência em escolas regulares das 400 crianças com paralisia.
No contraturno existe o trabalho de fisioterapia ocupacional com aulas de heccoterapia, natação, capoeira, fonoaudiologia, música, comunicação alternativa e até atendimento médico com consultório e salas para exames de ultrassom, o que facilita o desenvolvimento do aluno/paciente na fisioterapia.
Encontramos por lá a dona de casa Silvânia acompanhando a filha Camila que está completando 11 anos de idade. Pela manhã, a menina está matriculada na escola municipal Cidade de Itabuna, em Rio Sena, subúrbio ferroviário, onde moram. À tarde, frequentam o NACPC em parceria com a Escola Fernando Pondé. A mãe conta animada que o tratamento integral provocou mudanças na vida de toda a família. A garota que não andava hoje corre. Na escola regular tem amigos e dispensa acompanhante estendendo a autonomia também para a mãe que assim pode cuidar da casa e do outro filho.
O trabalho integral com mediação dos pedagogos para que a família tenha o amparo necessário não se encerra com o atendimento que engloba suporte em saúde e também o convencimento da escola regular para absorção das crianças com paralisia. Enquanto esperam os filhos as mães são convidadas a participar de cursos de artesanato, customização de roupas e produção de biscuis.
Estamos providenciando absorver mais crianças da comunidade para fortalecer o processo de educação inclusiva. Hoje 70 delas frequentam a escola situada no NACPC. Há uma lista de espera de outras 300 crianças com paralisia. Vamos continuar trabalhando para abrir mais espaços para os pequenos cidadãos. A inclusão é um direito e como tal deve ser respeitado e ampliado.
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