Dizem que de cabeça de juiz não pode se esperar nada, mas, no caso de Porto Seguro, a tão prometida derrubada das barracas de praia, possibilidade até então considerada surreal pelos empresários e representantes políticos, não poderia ter sofrido decisão pior. Um verdadeiro absurdo e desserviço prestado pela Justiça Federal a Porto Seguro, isso sim.
Sim, exatamente isso, não há como se conceber a continuidade do turismo em nossa cidade sem a presença das barracas e que já fazem parte do nosso patrimônio turístico. Estudos e pesquisas do Sebrae apontam que 65% dos turistas que voltam à cidade o fazem pela qualidade, comodidade e serviços oferecidos justamente pelas barracas, e que empregam milhares de pessoas diariamente, além de fomentarem a economia de diversos outros segmentos comerciais e hoteleiros em Porto Seguro. Ou seja, mais da metade da taxa de retorno se dá justamente em função das barracas e dos seus serviços.
Ademais, o péssimo exemplo deixado pela derrubada das barracas da orla de Salvador preocupa, e muito, o trade turístico, uma vez que a decisão da derrubada simplesmente favelizou e marginalizou a orla soterapolitana, ao substituir a comodidade e segurança das barracas por um exército de ambulantes que alugam cadeiras e guarda-sóis aos banhistas, que sequer banheiro possuem para suas necessidades fisiológicas, além de ficarem expostos aos petiscos e lanches vendidos por vendedores ambulantes, cuja procedência e qualidade são duvidosas, e que já levaram milhares de pessoas aos hospitais em virtude de produtos intoxicados e sem os padrões mínimos de higiene.
Perguntas que não querem calar
É de se perguntar: será que o magistrado que tomou a infeliz decisão não pensou quantos pais e mães de famílias, que tiram seus sustentos diretamente das barracas, ficarão desempregados? E os empregos indiretos? Que tipo de justiça é essa capaz de trazer tantos prejuízos a uma cidade inteira? Qual o dano ambiental causado pelas barracas que não possa ser recuperado, através de uma contrapartida por parte dos barraqueiros, que poderiam reflorestar áreas muito maiores em troca da permanência de seus estabelecimentos? Será que ao demolir as barracas o aquecimento global irá diminuir? Serão os turistas obrigados a se submeter ao mesmo tratamento cruel e desleixado que sofrem os turistas que vão a Salvador?
Decisão não é definitiva
Em que pese a preocupação que toma conta de todos nesse momento difícil enfrentado pela cidade, sendo uma decisão proferida em primeiro grau pela Justiça Federal de Eunápolis, certamente existem ainda vários recursos jurídicos a serem interpostos pelos empresários, motivo pelo qual não creio que a decisão se efetive tão cedo.
Mas que é para se preocupar e correr atrás, isso é.
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