Demorou, mas a hora chegou.
Polêmica de torcida à parte, Flamengo e Fluminense voltam a decidir um título
no Rio de Janeiro após 12 anos. Por mais que a Taça Guanabara de 2017 garanta
apenas uma vaga na semifinal do Campeonato Carioca, o jogo do próximo domingo,
no Estádio Nilton Santos, às 16h (de Brasília), quebrará o maior jejum recente
de um clássico no estado - 24 finais de turno ou do estadual se passaram desde
o último Fla-Flu valendo taça. E há uma coincidência entre o passado e o
presente: Abel Braga estava lá, como estará cá.
Foi na Taça Rio de 2005, com
vitória tricolor por 4 a 1, a última vez em que os times entraram em campo por
um troféu - repetindo feito do ano anterior, com triunfo rubro-negro por 3 a 2
na decisão da Taça Guanabara. No mais recente, Abelão comandava o Flu. Era o
técnico do Fla um ano antes.
- Ah, é? Foi na Taça Rio, em
2005, a última vez, né? São 12 anos. É legal, fico contente por estar de novo.
Mas isso é fruto da rapaziada da época. Tuta, Leandro, Felipe...
Pessoal arregaçou as mangas,
trabalhou muito. O Flamengo chegou bem, de forma muito boa. Deixa esses números
para lá. Não leva a nada. Fui feliz nos dois lados. Tem sido mais aqui, tomara
que continue - comentou Abelão. Desde então, o clássico que mais se repetiu em
finais no Rio foi Flamengo x Botafogo, seis vezes. Seguido por Vasco x Botafogo
(5x), Fluminense x Botafogo (3x), Flamengo x Vasco (2x) e um Fluminense x
Vasco.
Felipe levantou poeira
Quem também estava do lado
vitorioso nos dois anos era o meia Felipe. Em 2004, os gols de Fabiano Eller,
Jean e Roger Guerreiro deram a vitória ao Flamengo - Antônio Carlos e Henrique
(contra) descontaram (relembre no vídeo abaixo). No ritmo de
"Poeira", música lançada por Ivente Sangalo no ano anterior e cantada
nas arquibancadas pela torcida, o camisa 10 comandou a sua equipe.
- Me lembro de um jogo muito
emocionante em 2004, com gols em sequência. Abel era o treinador e mostrou seu
valor logo na primeira passagem pelo Flamengo. Era o paizão do time, e consegui
passar sua confiança para jovens e experientes. Eu, Julio César, Eller e Zinho
éramos mais velhos, mas tinha o Ibson surgindo. Aquele jogo valeu o ingresso -
recordou Felipe, que treinou o Tigres no início do Campeonato Carioca.
O Flamengo seria o campeão
estadual. Na final, venceu as duas partidas sobre o Vasco.
Título em homenagem ao Papa
No ano seguinte, Abel e
Felipe foram para as Laranjeiras. E o Fla-Flu decidiu a Taça Rio na última
final entre os clubes até agora. O Tricolor venceu por 4 a 1, com gols de Tuta,
Leandro, Alex e Preto Casagrande (relembre no vídeo abaixo). Zinho fez o gol de
honra. Felipe, suspenso por uma agressão na Copa do Brasil, não jogou a
decisão, marcada por ser no dia seguinte ao falecimento do Papa João Paulo II:
- Saímos juntos do Flamengo
para o Fluminense. Eu, Abel, Eller... Ainda chegaram jogadores experientes como
Leandro, Tuta, Preto Casagrande. Fora os jovens que estavam se firmando, como
Arouca e Diego Souza. Fiquei triste por não ajudar meus companheiros em campo,
mas me considero campeão da Taça Rio e do estadual porque participei de alguns
jogos.
Os tricolores cantaram a
música "À bênção, João de Deus', de Péricles de Barros, que virou uma
identificação do clube. O Flu seria campeão estadual mais tarde, diante do
Volta Redonda.
Depois de tanto tempo de
espera, o Fla-Flu de 2017 ocorrerá com torcida dividida, como é tradição no
Rio. A polêmica foi resolvida, como esperado por Felipe. - Esse hiato de 12
anos mostra que ganhar o estadual do Rio não é tão fácil como pensam. E o
pensamento no estadual sobre os grandes é que se não vencer, o técnico cai. E
se vencer, não fez mais do que a obrigação.
Agora tem a questão de
torcida única. Acho isso muito prejudicial para o futebol carioca. Os clubes
precisam se unir e achar a melhor solução. Sou leigo, mas acho que é preciso
melhorar a segurança, dentro e fora dos estádios, e as penas para os brigões. O
cara sabe que vai ser solto. Se a lei for mais rigorosa, as pessoas vão pensar
duas vezes antes de brigar - finalizou Felipe.
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