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domingo, 4 de dezembro de 2016

Procurar tratamentos de AIDS ainda é um grande preconceito


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Os jovens na faixa etária dos 15 aos 24 anos concentram a maioria dos casos de aids notificados este ano em Sorocaba, segundo números divulgados pelo Centro de Testagem e Acolhimento da Secretaria de Saúde do Município (CTA). Conforme o setor, das 177 notificações da doença emitidas em 2016, 90, mais da metade portanto, estão concentradas junto ao público que tem de 15 a 19 (18 ocorrências), e de 20 a 29 anos (72). Os 87 restantes referem-se a pessoas com mais de 30 anos. Ainda de acordo com o CTA, a cidade tem cerca de 2,1 mil casos notificados da doença.

No ano passado, foram contabilizados 172 registros da síndrome. Já o total de óbitos apurados na cidade no mesmo período (o mapeamento deste ano ainda não foi concluído) chegou à marca de 148. "A aids rejuvenesceu", disse a presidente do Grupo de Prevenção à Educação contra a Aids em Sorocaba (Gepaso), Maria Lucilla Magno.

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O resultado do levantamento tornado público na véspera do Dia Mundial de Luta contra a Aids, comemorado hoje, assume gravidade maior quando se sabe, de acordo com especialistas, que a camada da população que contraiu o vírus, mesmo ciente dos riscos, não usou de práticas preventivas.

A juventude, diz Lucilla Magno, tem arriscado e se mantém acomodada numa zona de conforto. "Eles acreditam, e estão enganados é claro, que não sofrerão as consequências da doença. Acreditam que somente os outros estão expostos e descartam o uso de preservativos", comentou a presidente do Gepaso.

De acordo com estudo do Ministério da Saúde existe um contraste entre o conhecimento e a prática quando o assunto é prevenção da aids. Uma pesquisa feita junto a 12 mil pessoas mostrou que 94% dos consultados sabem que a camisinha é a melhor forma de prevenir doenças sexualmente transmissíveis, como a aids. Mesmo assim, 45% dos que responderam ao questionário assumiram não terem usado preservativos nas relações sexuais casuais mantidas nos últimos 12 meses. Por ano, 12 mil brasileiros morrem por consequências da doença.

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Lucilla Magno destaca que os mais jovens não testemunharam os efeitos devastadores da doença em personalidades, ou em pessoas próximas. "Estamos falando de uma geração que iniciou a vida sexual sabendo que existe a possibilidade de tratamento, que, inclusive, é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), gratuitamente. Porém, estes jovens desconhecem os efeitos adversos da terapia antirretroviral. O fundamental mesmo é praticar a prevenção".

Ações

As políticas públicas de enfrentamento do quadro em Sorocaba envolvem, conforme divulgado pelo Serviço de Comunicação do Paço (Seco), a ampliação de testes rápidos nas unidades básicas de saúde, o aumento da distribuição de insumos de prevenção como, preservativos femininos, masculinos e gel lubrificante, parcerias com ONG"s para a realização de testes rápidos de fluídos oral, ampla distribuição de materiais educativos para as unidades básicas de saúde e empresas privadas, atendimento especializado e diferenciado para PVHA (pessoas vivendo com HIV/Aids) na clínica SAME, vigilância especializada para gestantes HIV, e distribuição de insumos de prevenção para população vulnerável (profissionais do sexo).

A presidente do Gepaso, Maria Lucilla Magno, disse que a ONG deverá promover maior divulgação sobre o tema em campanha prevista para o Carnaval de 2017. "Temos a academia para atendimento dos doentes que é mantida por meio de convênio com a União e recebemos preservativos que distribuímos como forma de prevenir. Vamos, no ano que vem, mesmo enfrentando a resistência da onda conservadora que existe no Município, trabalhar a conscientização e reforçar o alerta de que a prevenção ainda é a única alternativa para não adquirir a doença".


Portadores de HIV lamentam descuido com prevenção

Sob a condição de permanecerem no anonimato e não terem as imagens divulgadas, dois jovens, de 19 e 21 anos, que contraíram o vírus HIV, concordaram em falar à reportagem do Cruzeiro do Sul. Os relatos confirmaram a tendência de concentração dos casos da doença junto a essa faixa etária na cidade.

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Os entrevistados foram contaminados porque não usaram preservativos nas relações sexuais que mantiveram. Disseram que assumiram o risco por entenderem que hoje o tratamento da síndrome é mais eficaz e os efeitos crônicos do contágio seriam menos piores. "A gente não mede consequência na hora. Como se fala bastante dos bons resultados do coquetel e de outras drogas, pensei que não teria perigo", afirmou um deles.

O outro se mostrou arrependido. "Se pudesse, voltaria atrás. Não é certo passar por esse problema. Eu fui, sim, irresponsável e agora vou fazer o tratamento para não ficar pior. Agi por impulso, sabia que a camisinha precisa ser usada, mas na hora não agi como deveria. Só espero que outras pessoas não repitam o meu exemplo. Posso garantir que não é nada bom".

Os consultados também não dispunham de referências sobre os efeitos da Aids. "Eu até cheguei a ver fotos de gente famosa, que emagreceu e apresentava uma aparência assustadora. Mas isso foi há tanto tempo, antes de eu nascer, e hoje já não é mais assim. Pena que só agora a ficha caiu", acrescentou o jovem.

"Eu ouvi, e infelizmente acreditei, conhecidos falarem que Aids não é mais uma sentença de morte, que não faz sentido usar preservativo e não aproveitar. Faltou pouco para eu recusar o conselho, se posso chamar de conselho, mas fui fraco. Se o perigo existe, hoje eu sei, o certo é correr dele, é evitar".

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Os personagens desta matéria reforçaram o apelo àqueles que têm suas idades para que tomem cuidado. "Não sejam loucos de sair por aí sem fazer a prevenção. A Aids mata, sim. Pode até demorar, pode até não gerar tanto sofrimento como já aconteceu, mas não vale a pena, é loucura, correr o risco. Que todos possam entender isso".

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